A série Black Mirror acertou na mosca, ou melhor, na abelha. Explorando uma tecnologia avançada, porém completamente plausível, levantando o debate sobre um dos maiores desafios ambientais atuais.

As abelhas desempenham um papel extremamente importante no nosso ecossistema. Além da polinização do meio ‘natural’, são responsáveis pela polinização de até um terço de toda a comida que consumimos. Mas há algum tempo já estamos alarmados com a diminuição das populações de abelhas, muitas vezes desencadeada por atos humanos irresponsáveis, e como isso prejudica o ambiente e produção de alimentos.

Apenas no mês passado, 7 novas espécies de abelha foram adicionadas à lista de espécies ameaçadas de extinção nos Estados Unidos.

Preocupadas principalmente com o impacto nas lavouras e produção de alimentos, as agências governamentais responsáveis já criaram alguns incentivos e planos para tentar aumentar a população de polinizadores. Eles incluem medidas como proteção e aprimoramento de terras para polinizadores, criação de colônias sustentáveis, etc.

Porém, alguns cientistas resolveram ir por outro caminho para lidar com essa crise. Utilizaram a tecnologia moderna para criar abelhas robóticas que poderiam substituir as naturais. As primeiras foram apresentadas pela Universidade de Harvard em 2013. Na época, a equipe do professor Robert Wood desenvolveu robôs do tamanho de abelhas, capazes de alçar vôo e pairar no ar, quando conectados a uma fonte de energia.

Abelha robótica desenvolvida na Universidade de Harvard

Abelha robótica desenvolvida na Universidade de Harvard

O grande desafio para esse tipo de robô foi colocar todas as partes necessárias para fazer o robô voar em uma estrutura tão pequena quanto uma abelha, e ainda ser leve o suficiente para ficar no ar. E agora ele já consegue carregar mais peso.

Os pesquisadores acreditam que dentro de uma década, as RoboBees já poderão ser usadas para polinizar lavouras.

Ainda falta bastante desenvolvimento para que as abelhas robóticas consigam realmente fazer o trabalho de polinização, afinal, elas ainda precisam ser autônomas o suficiente para encontrar as flores e comunicar-se entre si.

Muitos produtores empregam técnicas de polinização artificial, mas elas são menos efetivas do que as abelhas e demandam muita mão de obra. Chega a ser necessário o agricultor ir manualmente de flor em flor fazendo a polinização.

Polinização artificial feita manualmente com pincel. Outras técnicas utilizam luvas, pinças ou outros equipamentos.

Polinização artificial feita manualmente com pincel. Outras técnicas utilizam luvas, pinças ou outros equipamentos.

Então, abelhas robóticas incapazes de funcionar sozinhas não seriam de muita ajuda. Elas serão úteis quando puderem ser empregadas aos milhares, como enxames de indivíduos funcionando coordenadamente, sem depender de um líder único. Assim, como na natureza, uma ‘colmeia’ seria capaz de polinizar uma área com sucesso, mesmo que algumas abelhas falhem.

Embora o colapso das abelhas tenha sido um dos incentivos para a produção da abelha robótica, a equipe diz que não pretendem substituir os polinizadores naturais. O foco ainda deve ser em como salvar a recuperar as populações naturais dessas criaturas tão essenciais. As RoboBees seriam apenas uma solução paliativa até que consigam implementar soluções para o DCC (Distúrbio de Colapso de Colônias).

beehive

Em uma versão bem melhor que um filme na Sessão da Tarde chamado “O Ataque das Abelhas Robôs Assassinas”, Black Mirror explorou o tema de sua forma tipicamente ‘desvirtuada’, no episódio “Hated in the Nation”.