Hey, Judes!

Você sabe o que é, exatamente, a EAD ou Educação a Distância? E metodologias ativas? O que você sabe sobre esse processo que vem se tornando frequente nos debates sobre educação? Nesse texto, vamos entender que tipo de relação se dá entre esses dois elementos que têm se feito presentes em muitas pautas de debate sobre a educação de hoje e do futuro, além de, em tempos de distanciamento, estarem ainda mais em questão.

Para isso, vamos ver, em primeiro lugar, o que é a educação a distância. O MEC a define como uma modalidade de ensino em que se utiliza instrumentos tecnológicos de informação e comunicação como alternativa à distância espacial ou temporal entre professores e estudantes respeitando uma regulamentação específica para que possa atender o ensino básico nos níveis de EJA e ensino médio profissionalizante, assim como o ensino superior.

Agora, entendamos o que são, basicamente, as chamadas metodologias ativas. Essas práticas pedagógicas não possuem uma definição fechada, quadradinha, mas dizem respeito ao envolvimento direto do aluno em seu aprendizado. Até porque, é consenso de que falar em metodologias ativas é, primeiramente, não falar de uma receita pronta para o sucesso. E essa inexistência de script é também a razão pela qual sempre nos referimos às metodologias no plural: metodologiaS ativaS. Mas, por que essas metodologias despontam para as pautas de debate?

Sobretudo porque os estudos sobre o tema se desenvolveram a partir da década de 1980, um período de transformações profundas na política, na economia e nas sociedades tanto no cenário internacional quanto no nacional. Por aqui, passávamos pela transição do período ditatorial para a redemocratização além de ganhar mais retumbo a voz e o trabalho de Paulo Freire, o nosso principal nome nesse emergente campo de autonomia daquele que aprende. Dessa forma, a ideia de metodologias ativas vai ao encontro da crítica que faz à realidade nossa – e geral – e que denomina educação bancária, na qual o aprendiz é um mero receptáculo de conteúdos emitidos pelo professor. Esse, por sua vez, age apenas como um reprodutor de saberes cumprindo um papel repetitivo sem qualquer dinamismo.

Sendo assim, descritos os elementos em suas esferas individuais, cabe retornarmos à questão: de que maneira eles se relacionam? Uma resposta possível surge quase automaticamente e passa exatamente pelo distanciamento entre quem media o ensino e quem aprende. Dessa forma, chega a ser quase natural pensarmos na essencialidade de que o aprendiz tenha sua autonomia valorizada. O que em partes é, visto que a inexistência pontual do mediador demanda a habilidade do educando em absorver o conteúdo disponibilizado seja por texto, vídeo ou imagens. Para tentar mitigar a inviabilidade de interação entre o produtor do conteúdo e aquele que o acessa, é comum a ocorrência de fóruns de debate, o que figura como uma tática que parece, mas não necessariamente é, uma metodologia ativa.

A sensação de que os autores que escrevem materiais utilizados na EAD sempre estabelecem uma relação de necessidade entre esse campo e as metodologias ativas também se explica por isso. Porque o aluno cumpre, também em partes, a posição de protagonista. Por outro lado, não podemos entender como protagonismo o acesso a determinado conteúdo e agir com ele por conta própria. Isso significa muito mais um “se vira aí” do que uma ocorrência de protagonismo.

Sendo assim, a relação que existe entre EAD e metodologias ativas, de forma necessária, é uma relação de escolha. É uma escolha de quem escreve o material que, normalmente em cursos EAD, são os próprios profissionais da instituição. Assim, pela transitividade, é uma escolha da própria instituição. Apesar dessa escolha – e provavelmente pela ainda frágil realidade tecnológica do país – tanto a educação à distância quanto as metodologias ativas, o que passa necessariamente pela formação dos profissionais da educação, carecem de uma apreensão mais profunda e profícua.

De outra forma, ficamos com as opções de que já dispomos: de um lado, a manutenção de um ensino conteudista, repetitivo e focado na memorização sem promover um aprendizado efetivo; do outro, tentativas limitadas ou razoavelmente desinteressadas de estabelecer a autonomia e o protagonismo do aprendiz com inúmeras restrições. Seja na compreensão e na prática das metodologias ativas, seja pelo interesse de mercado na captação frequente de novos alunos.

Esse texto é fruto da #desafioredatoresdeviante. Compartilhe e estimule essa hashtag.

 

REFERÊNCIAS:

ARAÚJO, J. C. S. Fundamentos da Metodologia de Ensino Ativa (1890-1931). 37ª Reunião Nacional da ANPEd, UFSC – Florianópolis, 04 a 08 de outubro de 2015

BECK, C. Metodologias Ativas: conceito e aplicação. Disponível aqui.

MEC. O Que É Educação À Distância?. Disponível aqui

MOTA, A.; WERNER DA ROSA, C. Ensaio sobre metodologias ativas: reflexões e propostas. Revista Espaço Pedagógico, v. 25, n. 2, p. 261-276, 28 maio 2018.