A parte legal de ser professor é sempre estar em “modo” aprendizado.  Quando eu era apenas um estudante, a falta de interesse e professores que não conseguiram me transmitir a beleza da Física e da Matemática fizeram com que muitos assuntos importantes acabassem perdidos no ano letivo. Foi só na sala de aula da universidade que terminei revisitando eles. Um dos assuntos que eu adoro abordar em sala é a Óptica e todos os seus componentes curriculares que derivam da matéria. O interessante foi que, depois de alguns anos lecionando, percebi que muitas pessoas também tiveram ou ainda têm essas “defasagens” do aprendizado, apesar de ser um fenômeno que vemos diariamente.

A primeira coisa que falo para os  os meus alunos quando vou abordar essa matéria é a mesma que o Beakman falava em seu programa quando ele explicou sobre Refração da Luz: “Nós não vemos as coisas”. Para uma criança dos anos noventa, talvez pudesse entrar por um lado e sair pelo outro, mas algumas coisas que faziam eu gostar de ciência eram esses tipos de programas (e posso afirmar que Paul Zaloom foi um desses responsáveis).

Saber que não só os alunos, mas que muitas pessoas também não entendem que não enxergamos nada, me motivou a escrever esse texto. Quando afirmo que não enxergamos as coisas é porque de fato isso não acontece. O fenômeno que faz com que possamos ter essa capacidade é a luz. Você já experimentou entrar em uma sala escura? Quando digo escura, não é aquela que por algum motivo alguma fresta de luminosidade entra e conseguimos ver vultos ou contornos de objeto, e sim escuridão total. O resultado é simples, não temos a capacidade de enxergar nada. Os gregos achavam que a luz saía dos olhos e ao atingir o objeto ele se “iluminava” o que é bem engraçado se pensarmos nesse modelo nos dias de hoje.

Você já imaginou como seria se o nosso Sol de repente sumisse e não iluminasse mais nada no nosso sistema solar (claro que isso implicaria da nossa extinção e vários outros casos que podemos abordar em futuros textos)? Será que seria possível ver a lua? E Mercúrio, Vênus, Marte, Saturno e Júpiter? A resposta é não. E por que não poderíamos ver mais esses planetas e nosso querido satélite? A resposta meus caros é que eles são apenas fontes de luz secundárias, eles não têm capacidade de emitir luz, apenas refletem a luz do sol. Imagine então essa noite caótica no céu do nosso querido planeta. Se um sobrevivente improvável olhasse para cima, ele veria as estrelas e as galáxias distantes.

Interessante também é saber o que é a luz. Já parou para se perguntar? Ela nada mais é do que uma onda eletromagnética que está no meio de algumas conhecidas pelo homem que vou apresentar: A primeira é a onda de rádio, que está presente em qualquer antena de transmissão. A segunda é a micro-onda descoberta por Percy Spencer na década de 1940. A terceira é a infravermelha que podemos achar nos controles sem fio. A quarta é a nossa ilustríssima e querida Luz. Se pegássemos uma barra de ferro e esquentássemos ela, o que aconteceria? Ela ficaria incandescente, certo? E se hipoteticamente continuássemos a aquecer essa barra (eu sei que derreteria, mas), o que aconteceria? Ela emitiria luz própria. Se continuássemos fazendo o nosso experimento hipotético, ele passaria para o próximo estágio, no caso, a nossa quinta onda, a ultravioleta. Depois chegaríamos aos raios X e subsequentemente aos raios gama. Dessa escalada luminosa podemos perceber que quando mais energética é a onda, maior será a sua frequência.

Mas, voltando para a nossa querida Luz, não posso deixar passar um dos meus episódios favoritos do mundo de Beakman que é quando aparece o Vlavaav, um hippie muito louco. Ele me fez decorar as cores do arco íris de uma maneira muito mais didática. Espero que você tenha pegado a referência, se não pegou, olhe o nome do nosso personagem e veja a ordem de cores do nosso arco-íris: Vermelho, Laranja (alguns podem argumentar Alaranjado, mas não muda em nada a didática), Amarelo, Verde, Azul, Anil e Violeta.

Como já abordei no texto o que aconteceria com o céu se o Sol sumisse, eu queria fazer mais algumas reflexões. O que tem no céu quando você olha para cima durante dia? Pasmem, mas está cheio de estrelas lá também. “Mas como, não vejo nada?” O Sol também é o responsável por isso, ele é a nossa estrela e ele está tão perto que seus raios acabam iluminando tudo ao nosso redor fazendo com que não enxerguemos nada. Se fossemos para uma cidade de interior, talvez teríamos dificuldades de enxergar as estrelas, por causa da poluição luminosa. Neste caso precisaríamos nos deslocar para um lugar afastado de qualquer fonte de luz para podermos apreciar toda a beleza do céu.

Acho importante entendermos que as fontes de luz podem ser: incandescente (alta temperatura) ou luminescente (baixa temperatura). Dentro da luminescência podemos ter alguns subgrupos.

Fosforescência: Absorvem a radiação e carregam enquanto existe uma fonte luminosa. Quem nunca teve uma figurinha ou uma camiseta que “brilha” no escuro. E se minha fonte de luz acabar? O que aconteceria se pegássemos uma figurinha e deixássemos em um lugar escuro por muito tempo? Ela se apagaria conforme o passar do tempo, mas nesse caso só precisaríamos colocar ela perto de uma fonte de luz para ela se recarregar.

Fluorescência: Uma lâmpada, nesse caso ela depende de um estímulo que na maioria dos casos é elétrico.

Bioluminescência: É a nossa luz proveniente de organismos vivos.

Quimioluminescência: Pelo nome já da para matar né? É a luz proveniente a uma reação química.

Agora o assunto que eu gostaria de abordar são as cores. Sabendo que a luz faz com que possamos ver o objeto, e as cores, o que são? As cores nos corpos são a luz refletida por ele. A luz branca é o conjunto de todas as cores visíveis e não-visíveis. Quando ela chega no objeto ele absorve toda a luz e reflete apenas a cor que chega aos nossos olhos. Não entendeu? Pense no seu celular ou computador o qualquer outro dispositivo que você está utilizando para ler esse texto. Vamos supor que ele seja cinza, a luz que está chegando nele vem carregado de todas as cores, bate no seu dispositivo e só a cor cinza chega aos seus olhos.

O que aconteceria se entrássemos em uma sala com uma luz monocromática? Vamos imaginar a cor azul, um lâmpada emitindo a luz azul, o que aconteceria se eu entrasse com uma camiseta branca? Neste caso ela absorveria todas as cores e refletiria apenas o azul da lâmpada, pois o branco absorve todas as cores. E se a camiseta for amarela? Nesse caso o observador verá aquela camiseta na cor preta, pois a mesma só possui a capacidade de refletir apenas o amarelo. E se o objeto for preto? Daí já podemos supor que ele vai continuar preto. Voltando ao exemplo da camiseta, em um dia ensolarado quem está de roupas escuras tendem a absorver mais calor.

Sei que o assunto Óptica é um pouco mais denso do que tentei passar para vocês. Eu poderia falar sobre Reflexão, Refração, tipos de espelho (plano, côncavo e convexo) fibra óptica e etc. Mas acho que esse texto é um bom introdutório desses assuntos que está no nosso dia a dia e acabam passando despercebido por vários motivos ou porque simplesmente esquecemos.


Tiago de Lima Dias. Professor, pai, apaixonado por ciência, quadrinhos e esportes americanos. Torcedor do Green Bay Packers (os verdadeiros Reis do norte) e torcendo para que o planeta não vire Krypton.