
Texto de Tatiane Bertella
Esse é o meu primeiro texto para o portal, e fiquei em dúvida em qual tema escolher. Como farmacêutica hospitalar, nos deparamos com algumas situações no dia a dia que nos fazem pensar em como certas informações incompletas, ou até mesmo ausentes, podem afetar o tratamento dos pacientes.
Vamos simular uma situação: seu pai (ou mãe, avô, avó… quem você preferir) precisa ser internado no hospital por pielonefrite (infecção bacteriana nos rins). Não é um problema de saúde tão grave, mas por ser necessário administrar antibiótico endovenoso, é necessária a internação por alguns dias. O farmacêutico, então, vai até o quarto e questiona o seu familiar: “O senhor faz uso, em casa, de algum medicamento? Se sim, como utiliza?” Essas informações são necessárias para conciliação medicamentosa.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), conciliação medicamentosa é o serviço pelo qual o farmacêutico elabora uma lista dos medicamentos (incluindo nome, dose, forma farmacêutica, horários de administração, horário da última dose tomada antes da internação) que o paciente faz uso em casa e concilia com os medicamentos prescritos pelo médico na internação [1]. Essa checagem visa evitar erros relacionados aos medicamentos e garantir que os medicamentos suspensos, ajustados ou substituídos estejam de acordo com o quadro clínico do paciente [2].
Se há alguma divergência que o farmacêutico não entende como intencional, entra-se em contato com o médico para verificar se foi realizada uma alteração ou se o médico não tinha toda a informação. Além disso, o farmacêutico também verifica, na conciliação, se o hospital dispõe de todos os medicamentos, ou se o paciente deverá fazer uso próprio de algum (essa conduta é empregada de acordo com cada instituição).
Voltando ao exemplo, seu familiar então responde: “Sim, uso um branquinho, redondinho de manhã e um maior depois das refeições”. Bom, só com essas informações não podemos fazer muita coisa, afinal, a maior parte dos medicamentos são redondinhos e brancos (hehe).
Por isso, sempre que possível, leve para o hospital a prescrição e até mesmo os medicamentos que utiliza em casa. Isso vai ajudar a garantir a segurança da terapia medicamentosa e diminuir a possibilidade de erros durante a internação hospitalar.
Referências:
[1]: Conselho Federal de Farmácia. Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à comunidade: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: Conselho Federal de Farmácia, 2016
[2]: Dorneles J, et al. Medication reconciliation in admission hospitalization: retrospective study. Rev Bras Farm Hosp Serv Saude. 2020;11(2):0397. DOI: 10.30968/rbfhss.2020.112.0397
Sobre o autor:
Tatiane Bertella: farmacêutica, gaúcha e colorada.