O telescópio foi o grande divisor das águas na história da astronomia. Por isso podemos falar de uma astronomia aTAntes do Telescópio – e uma dTDepois do Telescópio. Você pode pensar que não se faz astronomia sem instrumento óptico mas havia MUITA astronomia antes do telescópio.

Os povos antigos (sobretudo sumérios, egípcios, babilônios e gregos) acompanhavam os fenômenos astronômicos com muito cuidado. Anotações dos movimentos planetários eram feitos em escrita cuneiformes em tabletes de barros. Alguns destes registros permitiam até prever o movimento destes astros em períodos curtos e alguns fenômenos. Ver Blog Mundo da Lua.

Registros planetários muito anteriores ao telescópio

Registros planetários muito anteriores ao telescópio

Kudurru

Kudurru: Reprodução de uma Estela Babilônica com inscrições astronômicas (Museu do Universo, Rio, RJ)

Relógios solares permitiram acompanhar o movimento aparente do Sol ao longo do dia e do ano com precisão permitindo escrever calendários sobre as estações do ano tornando possível planejar plantio e colheita, viabilizando a agricultura. Ver texto PDF sobre o assunto neste link.

relógio solar

Usando a sombra como ponteiro sem lentes e sem motores. Os relógios solares eram verdadeira máquinas de calcular (Planetário do Rio)

Os chineses registravam tudo que se podia ver a olho nu no céu. Vários registros de supernovas devemos aos chineses.

Hiparco (190-120 a.C.) usando uma régua graduada mediu diâmetros angulares da Lua e do Sol. Usando um eclipse conseguiu estimar a distância da Terra a Lua. Ao catalogar as posições precisas da estrelas pode descobrir, comparando anotações mais antigas, que as estrelas (todas elas) haviam mudado de posição em relação ao equador celeste. Descobriu assim a precessão do equinócios, um movimento cônico que o eixo da Terra realiza num período de 26000 anos aproximadamente. É atribuído a Hiparco também a invenção do Astrolábio. Ver Astronomia no Zênite.

Hiparco

Medindo ângulos com uma régua graduada (Museu do Universo, Rio, RJ)

Astrolábio, medindo a posição do astros. (Museu do Universo, Rio, RJ)

Astrolábio, medindo a posição do astros. (Museu do Universo, Rio, RJ)

Aristarco de Samos (310-230 a.C.) conseguiu estimar as distâncias entre a Terra, Lua e o Sol usando a geometria dos fases lunares. Ver mais detalhes em http://www.somatematica.com.br/biograf/aristarco.php .

Geometria da fase crescente lunar que permitiu Aristarco estimar o quão longe o Sol está distante de nós em relação a Lua.

Um dos prodígios do raciocínio grego sem óptica: a medida do raio da Terra por Eratóstenes de Cirene (276-194 aC). Usando a sombra de um obelisco e um poço como balizas Eratostenes mediu o a diferença de latitude entre duas cidades egípcias Alexandria e Siena. Sabendo a distância entre as cidades e os ângulos entre elas bastou usar geometria de triângulos. Curiosamente esta geometria se aprende hoje no nível fundamental. Assim ele resolveu o raio do círculo cujo centro corresponderia o centro da Terra. Veja o blog do Silvestre onde ele explica o simples diagrama que abaixo reproduzo:

Geometria envolvida no cálculo do tamanho da Terra a partir da luz solar produzindo sombras (extraído do site http://www.silvestre.eng.br/astronomia/)

Geometria envolvida no cálculo do tamanho da Terra a partir da luz solar produzindo sombras (extraído do site http://www.silvestre.eng.br/astronomia/)

Abaixo um link pra um episódio inesquecível do Cosmos de Carl Sagan onde ele explica o cálculo do Eratóstenes.

Um do últimos triunfos da Astronomia Pré-telescópica foram as Três Leis desenvolvidas por Joahnnes Kepler (1571-1630). Kepler chegou as leis matemáticas do movimento planetário a partir dos dados astrométricos feitos por Tycho Brahe (1546-1601) usando quadrantes que não passavam de transferidores gigantes. Sem auxílio de dispositivo ópticos.

Tycho Brahe

Representação artística dos instrumentos de Tycho Brahe, incluindo o quadrante mural em primeiro plano.