Dois conceitos que muitas pessoas pensam ser a mesma coisa e que são muito diferentes na Meteorologia: o tempo e o clima. Inclusive algumas discussões sobre questões de mudanças climáticas de não-especialistas acabando demonstrando a falta desse tipo de conhecimento.

Tempo

No inglês, até existe uma palavra para o tempo meteorológico (“weather”) e para o tempo cronológico (“time”). Em Meteorologia, tempo é o conjunto das condições atmosféricas em um local e instante. E quais são as condições da atmosfera que podemos usar para caracterizá-la? Veja as principais:

  • Temperatura do ar
  • Umidade
  • Pressão
  • Vento
  • Cobertura de nuvens
  • Radiação solar
  • Precipitação

Assim, quando falamos em mudança de tempo, estamos falando de alterações dessas variáveis na atmosfera em um período de horas ou dias. Por exemplo: amanhã de manhã o tempo estará aberto, mas as nuvens chegam durante a tarde e a noite o tempo estará nublado e com chuvas.

De modo geral, quando anunciada a temperatura mínima na previsão de tempo, ela costuma acontecer próxima do horário do nascer do sol. Quanto à temperatura máxima, essa geralmente ocorre por volta das duas horas da tarde. Como o máximo de radiação solar é por volta do meio dia, até a superfície terrestre (aquecido pela radiação solar) aquecer a atmosfera (por convecção), existe esse atraso na maior temperatura do dia.

Note que esse ciclo de variação ao longo do dia é natural e esperado. Quanto mais seco, maior tende a ser a amplitude térmica, ou seja, a diferença entre as temperaturas mínimas e máximas. Por exemplo, o deserto, por ser muito seco, é bem quente de dia e muito frio a noite.

Alagamento do rio Ipiranga (em São Paulo) em 24/02/2017: chuvas intensas e de curta duração são esperadas para essa época do ano, e regiões de várzea de rios costumam alagar enquanto a vazão e porosidade do solo não são suficientes para deixar o rio voltar ao seu nível médio (foto do autor)

Clima

Observando-se a atmosfera ao longo de um ano, é possível notar diferenças no tempo que se repetem em ciclos. Por exemplo: em São Paulo, costuma ser seco durante o inverno, o que implica em grande amplitude térmica (inclusive com temperaturas bem baixas) e poucas chuvas; já no verão, costuma ser quente e acontecerem tempestades no fim das tardes.

Essas condições meteorológicas médias da atmosfera, observadas por anos, são a definição de clima.

Note que, ao falar de mudanças no clima, isso implicaria em dizer, segundo nosso exemplo, que São Paulo tenderia a ter mais (ou menos) tempestades no verão, em média. E como um valor médio só pode ser bem avaliado perante um grande número de amostras, deve-se observar o tempo durante vários anos (pelo menos 30 anos) para descrever o clima de uma região assertivamente.

Ao falar sobre aquecimento global, isso quer dizer que ao longo das últimas décadas a temperatura média do planeta inteiro mudou. Isso tem centenas de implicações em várias partes do mundo e de diferentes maneiras. Não acontece somente de tudo ficar mais quente e pronto. Ao contrário: existem lugares que, devido a mudanças no sentido de correntes marítimas e fluxos de massas de ar, a temperatura média deve diminuir.

De modo geral, o que se observa em vários pontos do planeta é o aumento de eventos extremos, sejam secas mais prolongadas que o esperado do clima naquela região, sejam nevascas mais intensas do que o registrado em média no local. Mas mudanças climáticas é um tema muito amplo e que será mais debatido em outros posts futuros.