Onde você costuma comprar suas frutas, verduras e legumes? No mercado? Se sim, por quê? Será que existe alguma outra opção que possa ser benéfica não só para você, mas também para os produtores que moram perto da sua casa? Pois saiba que existe, sim, e se você não conhece as CSAs, vem comigo que eu tenho uma dica ótima para te dar.

CSA é a sigla de Comunidades que Sustentam a Agricultura (Community Supported Agriculture, em inglês). De uma maneira bem simples, uma CSA é um grupo de pessoas, que inclui produtores rurais e demais pessoas da sociedade (chamados de agricultores e coagricultores), que trabalham juntas para produzir alimentos saudáveis. Os agricultores, obviamente, são aqueles quem cultivam os alimentos, e os coagricultores são os responsáveis por custear o cultivo desses alimentos, além de auxiliar na organização da CSA, se assim se dispuserem a fazer.

A contribuição dos coagricultores costuma ser uma cota mensal fixa por um determinado período de tempo (um ano, por exemplo) a ser depositada diretamente na conta do agricultor. Em troca, semanalmente os agricultores fornecem seus alimentos orgânicos fresquinhos. É só se dirigir ao centro de distribuição e buscar. O valor da cota e quantidade de alimentos a que ela corresponde são estabelecidos por cada CSA, mas, fazendo as contas de quanto custam vegetais orgânicos no mercado, eu afirmo que vale a pena, viu? Além do mais, o dinheiro vai integralmente para quem produziu a comida, sem passar por nenhum intermediador pelo caminho, e que, ainda por cima, é um produtor local, ou seja, está pertinho de você.

Exemplos de cotas fornecidas pelos agricultores de Jundiaí. É possível notar que alguns produtores fornecem alimentos de origem animal também, como ovos e mel (Fonte)

O que o coagricultor vai receber toda semana dependerá do que está sendo colhido no momento. Sabe aquela coisa de “é época de tal fruta”? Pois é, ao longo do ano, os agricultores variam suas produções de acordo com o que cresce em determinada estação do ano. Então, não tem como escolher o que você vai levar. No início você, com certeza, vai se surpreender descobrindo a época de determinados vegetais que estão o ano todo no mercado (mas você já deve ter reparado que às vezes ele está mais caro ou “feio”, não?), então, com o tempo, a compreensão da sazonalidade dos alimentos vem e, junto com ela, a percepção de como o seu cardápio está mais variado, já que você não compra sempre a mesma cenoura e abobrinha quase toda semana.

Figura: Calendário de sazonalidade de frutas, verduras e hortaliças (Fonte)

A ideia de uma comunidade se ajudando e dando suporte ao agricultor para que ele possa focar única e exclusivamente no cultivo de alimentos, sem se preocupar se vai conseguir vendê-los depois, veio de fora do país, trazida para o Brasil por um alemão chamado Hermann Pohlmann, que se mudou para cá em 2010. Em 2011, então, o projeto começou em Botucatu, cidade onde Hermann mora, e se espalhou por todo o país na última década. No exterior, o projeto é bastante significativo em muitos países, tal como Estados Unidos, Japão, Canadá, diversos países da Europa, Marrocos, China, Cuba, dentre outros. Você pode conhecer um pouquinho mais dessas iniciativas ao redor do globo nesse link aqui.

A importância da conexão direta entre produtor e consumidor vai muito além dos benefícios para o meio ambiente e suporte à comunidade local. As CSAs possibilitam uma mudança na relação dos consumidores com os alimentos, permitindo uma reaproximação dos coagricultores com a prática do plantio não apenas pelo entendimento de onde vem os alimentos, mas também pela participação em tomadas de decisões ou providências emergenciais a serem adotadas (quando o cultivo sofre algum dano causado por um evento climático, por exemplo), visitas a propriedades produtoras e o vínculo formado com a comunidade como um todo. Se quiser uma discussão mais aprofundada sobre os impactos sociais, econômicos e culturais da implantação de uma CSA, recomendo esse artigo aqui.

Bom, voltando às informações dadas no início e juntando com a ideia de sazonalidade e alimentação de uma comunidade inteira com os mesmos alimentos cultivados por um, ou alguns, produtores locais, isso significa que pode acontecer de eu receber, em alguma semana, uma comida que eu não goste ou até não conheça? Com certeza, e isso é muito legal! As CSAs são unidas, receitas são compartilhadas, dicas de preparo também. Já pensou quanta coisa nova você pode aprender? Quantos sabores novos pode descobrir?

E essa é só a pontinha do iceberg, as CSAs são comunidades ativas, diversos membros contribuem com a organização, divulgação, preparo do centro de distribuição, entre outras tarefas. Por isso, para quem se apaixonar pelo trabalho da CSA a qual é membro, tem como fazer muito mais por ela. Toda ajuda é bem-vinda.

Se você gostou da minha pequena introdução sobre esse projeto maravilhoso, visite o site da CSA Brasil. Tem muito mais informação lá, além de um mapa com todas as CSAs espalhadas pelo país para você descobrir se existe uma perto de você. Se não tiver, considere formar uma! Você estará apoiando a agricultura familiar, promovendo a diversidade de cultivo e, ainda, permitindo que os agricultores tenham uma renda equilibrada enquanto produzem de maneira mais ecológica.