Alerin não conseguia mais ver a cidade, tinha se distanciado bastante ao lado de Daniel e os guerreiros contratados. Eram sujeitos mal encarados, mas eram necessário para ajudá-los a caçar aqueles assassinos. Criaturas acabaram com a última caravana que vinha pela estrada sul, mataram boa parte dos comerciantes e levaram todas as mercadorias. Os poucos sobreviventes não foram poupados pelos goblins, foram espertos, pois fugiram mata a dentro para escapar do ataque enquanto as criaturas estavam ocupadas com os membros azarados daquela caravana. Esses sobreviventes relataram que as criaturas estavam em fúria com olhos amaldiçoados. Certos ataques aconteciam nos últimos anos, mas esse foi muito próximo a cidade. Os goblins ainda poderiam caçar todas as vitimas, mas perderiam precioso tempo para fugir com suas aquisições correndo o risco de serem pegos…

Alerin estava incomodado, os guerreiros vinham logo atrás dele cochichando algo, seguido de algumas gargalhadas. Acreditava que a conversa seria sobre ele, então decidiu confrontar os dois:

– O que é isso? O que é tão engraçado? Os dois estão cochichando sobre o quê? – exigiu o anão com voz irritada.

– Não é nada, jovem anão, cuide dos seus negócios… – disse o guerreiro barbudo.

– Não, senhor. Sou seu contratante, você trabalha para mim, exijo saber o que acham de tão engraçado em mim – insistiu o anão.

– Fizemos uma aposta – respondeu o guerreiro que tinha uma grande cicatriz no rosto.

– Sim, fizemos, apostamos quanto tempo duraria contra um goblin. – respondeu com um sorriso no canto da boca o cara barbudo.

– Apostei dez peças de prata que o goblin vai te matar num só golpe – respondeu o de cicatriz.

– Tolo! Os anões são mais resistência, já falei para você… Serão dois golpes! Ha! E as trinta peças de pratas serão minhas! – riu o barbudo.

– Trinta peças!? Daniel também apostou? – indagou o surpreso anão.

– Sim – responderam sorrindo.

– Maldito seja aquele mago! Daniel! Como aceitou participar de uma bobagem dessas? – perguntava o anão irritado.

– Não vejo problema em participar do jogo deles, é bom ganhar a simpatia dos companheiros – respondeu tranquilamente o mago vermelho.

– Não deverias incentivar esse tipo de coisa, pode trazer má sorte durante as lutas – explicava irritado o anão.

– Lá vem você com suas superstições, esqueça isso! – falava o mago.

– Ha! Ha! Ha! – riam os guerreiros enquanto acompanhavam a discussão.

– O que foi agora? – perguntava o anão.

– Ainda apostamos outra coisa… A forma que você morreria – respondeu o barbudo ainda rindo da situação.

– Acredito que o segundo golpe será fatal, uma punhalada mortal na barriga, esse aqui acha que você morre com um golpe certeiro no coração – continuava o guerreiro.

– E o seu “amigo”, apostou que você morre chorando sangue com um golpe fatal no pescoço – ria o guerreiro.

– Rapunzel! Ao inferno com tuas tolices maldito! Você continuou com essa palhaçada e ainda apostou como iria morrer? – berrava o anão

– Chega! Sabe que não gosto desse apelido infantil! Veja! Chegamos no local da emboscada – falava o mago apontando para um local sujo de sangue com carroças quebradas, corpos dos comerciantes, cavalos mortos.

O local era um pequeno declive numa estrada de terra e fedia bastante, dois cavalos mortos, seis comerciantes com suas carroças destruídas, alguns desmembrados, seus rostos registraram os últimos momentos de dor e agonia. Em breve, as autoridades da cidade chegariam para levar seus corpos, deixar aquelas pessoas ali poderia amaldiçoar a estrada fazendo com seus espíritos ficassem eternamente presos para atormentar os viajantes.

Daniel perguntou se algum dos guerreiros conseguiria rastrear os goblins, era uma tarefa simples para um rastreador experiente, pois as criaturas eram bagunceiras e descuidadas, não costumavam esconder seus rastros deixando essa tarefa para a floresta, as chuvas na região e nas mãos da sorte…

– Aqueles comerciantes ficaram muito impressionados com o ataque, não há nada no ar que indique o uso de magia sobre as criaturas… Olhos amaldiçoados, sede de sangue… Bah! – desdenhava o mago do relato que ouviu dos sobreviventes…

– Covardes, isso sim! Deixaram os amigos para morrer e fugiram! Não tem honra! – o guerreiro soltou uma cusparada…

– Interessante… Os goblins atacaram para matar, mas as perfurações e cortes foram feitos para garantir e prolongar o sofrimento das vitimas, queriam que os alvos sofressem, goblins tem esse tipo de conhecimento? – o mago parecia intrigado com a situação.

– Ou são goblins com experiência em combates… Por aqui! Achei facilmente o rastro, são bem descuidados, será fácil segui-los e o tempo não deve atrapalhar – o guerreiro começava a entrar na floresta.

O guerreiro apontou para o sudeste, as pegadas eram profundas. Os goblins carregavam as mercadorias com muita pressa, talvez com medo de serem perseguidos. O guerreiro sorriu, pois imaginava uma situação favorável no futuro. Rapidamente seguiram o rastro para alcançar aqueles asquerosos covardes ladrões malditos….