O dia estava com um clima estranho, a sensação ruim de Larliel só aumentara. Enquanto a moça se aproximava para conversar com Daniel, o mago observava a postura fechada e irritada do anão. Acordara ainda pior, não falava nada, estava perdido em seus pensamentos. Daniel estava ciente do que a elfa tinha dito: cinco humanos estavam os seguindo através da mata alta que passara a se apresentar a direita desde de quando retornaram a estrada original. Quando Daniel percebeu que Larliel alertara os rapazes, foi o momento certo para fazer os perseguidores aparecerem, porém a aura que emanavam o deixava muito preocupado.

– Alerin preciso de um momento – avisou o mago, nessa hora todo o grupo parou, Alerin notou e parou alguns passos a frente.

– Por que mago? Não temos tempo a perder – falou irritado o anão. Daniel jogou um olhar para a mata fazendo o anão compreender a situação.

– Para darmos nossas saudações as pessoas que estão nos seguindo – disse em voz alta em direção a mata.

– Vamos! Não sejam tímidos – zombou Mitchel.

Da vegetação saíram cinco figuras sombrias, suas auras faziam Larliel sentir calafrios. Vestiam preto com alguns detalhes em escarlate, seus rostos eram sujos, machucados e marcados por lutas, além de serem bem feios. Um deles estava encapuzado, todos usavam proteções feitas de um couro firme e escuro. Daniel não conseguia lembrar de nenhum tipo assim em seus estudos. Um deles carregava uma besta e uma adaga na cintura, as armas eram feitas de ferro vermelho. Elas se destacavam por causa dos trajes dos donos. Mitchel tocou no ombro de Daniel mostrando que o anão estava vermelho, parecia que iria explodir.

– Onde arrumaram essas armas? Exijo saber! – grunhiu o anão apontando para eles.

– Você não exige nada, garoto – disse o primeiro.

– Nossos troféus, nossas armas, rapaz – disse o segundo.

– Você é o herói dos BlackHammers? – perguntou um terceiro

– Você é o matalobo? – perguntou o encapuzado apontando uma espada larga vermelha.

– Você… Você…

– Nós somos a tropa de elite dos senhores da verdade, exigimos saber se este anão é um Blackhammer – disse o encapuzado claramente impaciente.

– Você quer dizer corrompidos – falou o mago.

– Um sábio entre esses tolos – disse o segundo .

– Não muito sábio, pois vai perder esse língua pelo xingamento – disse o primeiro

– Eu, Alerin BlackHammer, vou vingar o meus irmãos. Essas armas voltam para a montanha cinzenta, essa espada volta para a minha família para ser enterrada junto com meu irmão, seus malditos! – gritou Alerin puxando seu martelo.

Junto com ele, os rapazes de Vigília sacaram suas armas. Mitchel pegou suas adagas e Larliel disparava a primeira flecha, enquanto Daniel observava com calma o último bandido, que o encarava constantemente.

A elfa foi muito esperta, mas não conseguiu pegar os inimigos desprevenidos, tinham uma agilidade fantástica. O encapuzado era o alvo que desviou com muita facilidade. Isso era mais um indício de que o grupo inimigo era bem experiente. A luta seria difícil. Larliel tentou acertar aquele que usava uma besta e disparou a segunda flecha numa velocidade incrível.

– Cuidado, Larliel! Ele é um mago! – alertou Daniel, mas era tarde.

Enquanto a moça disparava a segunda flecha, o último inimigo que encarava Daniel pegou de suas costas um “cajado”. Mal tinha meio metro de comprimento, era um artefato feito com um galho retorcido e algumas inscrições que o jovem mago não conseguia ver, quando falou as palavras mágicas, as inscrições brilharam e o jovem reconheceu aquela magia.

Agora a elfa tinha os olhos brilhando em vermelho, fora pega pela ilusão, então a besta disparou. Não fosse a intuição de Daniel de que isso ira acontecer, a moça teria sido acertada na cabeça.

– Mitchel, cuide dele! Vou tratar com esse antigo companheiro de escola – falou olhando para o anão, mas sabia quem seria o alvo dele.

Os três antigos guardas trataram de cercar os outros dois. Sabiam que, apesar da vantagem numérica, os dois seriam letais, qualquer movimento errado e um dos três estaria morto. Mitchel aguardou quando Alerin se posicionou em frente ao encapuzado, então foi na direção do outro inimigo que estranhamente tinha desistido da besta jogando-a fora. Mesmo assim o ladino tomou um assusto. O encapuzado movera-se tão rápido que poderia interceptá-lo no caminho. Quando o inimigo começava a iniciar seu golpe, um grande martelo apareceu entre ele e o ladino. A agilidade do inimigo salvou seu joelho que teria sofrido um golpe fulminante. O grande martelo passou direito e acertou o chão com violência, faíscas saíram do impacto. Mitchel não deixara impune a tentativa do inimigo, lançou uma pequena faca em direção a ele quando desviava do golpe do anão, mas mais uma vez o inimigo fora muito rápido, movera o corpo e usara a espada para defletir a faca que, mesmo assim, fizera um belo corte no seu braço esquerdo. Mitchel caminhou mais alguns metros para alcançar o outro inimigo que sacara um adaga vermelha.

– Demorei, mas estou aqui, Vamos resolver isso rápido – falou o ladino tentando ganhar tempo para recuperar o fôlego.

– Sim, sua recompensa será muito útil – disse o adversário.

– Olha, minha fama já chegou no lado leste? Fico impressionado – perguntou.

– Não, sou um cara informado, ninguém acha que você está nessa região – afirmou o inimigo.

– Será um prazer pessoal matar um antigo membro das serpentes. Vejamos o que pode fazer – então o inimigo foi em direção a Mitchel.

Daniel estudara por um tempo seu adversário. Não conseguira adivinhar o quanto absorvera de conhecimento místico na torre. Seria uma mago completo? Quando som o de aço se encontrando começou a vir dos antigos guardas contra os dois inimigos restantes, os olhos de Daniel começaram a ficar vermelhos.