Egito antigo, o marco do progresso no horizonte da humanidade e responsável por nos proporcionar grandes invenções que são usadas até hoje, não foi capaz de nos proporcionar um bom filme dessa vez.

Deuses do Egito me levantou a questão: quão ruim um filme precisa ser para que possa ser considerado “bom”? Há uma variedade de produções que são tecnicamente ruins, seja isso proposital ou não, mas que resultam por transcender os nossos conceitos de bom ou ruim. Esses, chamados filmes Trash, acabam por nos agradar apesar de toda sua ruindade.

No filme, já de cara nos é apresentado o antagonismo clássico entre irmãos. Osíris (Bryan Brown) é o deus sábio e misericordioso que traz fertilidade ao Egito e de quem todos gostam. Set (Gerard Butler), cheio de ciúmes, acredita que os mortais são dispensáveis e muito inferiores aos deuses.

Será que ele está tentando compensar alguma coisa?

Olha o tamanho disso, será que ele está tentando compensar alguma coisa?

Em uma tentativa de salvar o Egito das mãos de Set, é formada uma aliança improvável entre o mortal Bek (Brenton Thwaites) e o deus Hórus (Nikolaj Coster-Waldau). Bek é um ladrão que perdeu a fé nos deuses, motivado apenas pelo seu amor à Zaya (Courtney Eaton). Já Hórus, é um deus que nasceu em berço de ouro e possui um ego inflado, mas acaba falhando em proteger o Egito e agora busca redenção.

O filme é incontestavelmente ruim. O roteiro não inova em nada, está cheio de clichês, utiliza muitas soluções extremamente convenientes e é demasiado expositivo em alguns momentos. Os efeitos especiais são extremamente mal feitos, mesmo uma pessoa leiga verá que eles não são convincentes. As atuações também estão bem fracas, nem mesmo o Gerard Butler se salva.

Mas, apesar disso tudo, eu não consigo dizer que não gostei do filme. É tudo tão absurdo que eu não conseguia parar de rir no cinema.

Quem aqui gosta de Cavaleiros do Zodíaco?

Quem aqui gosta de Cavaleiros do Zodíaco?

E como não rir?! As cores em geral são extremamente exageradas e brilhantes, mas com destaque especial para o dourado, que compõe quase que a totalidade do cenário (inclusive o sangue dos deuses). Algumas cenas de luta combinam slowmotion e 360° em volta dos combatentes. E o diretor, Alex Proyas (Cidade Das Sombras), não teve medo de representar os elementos da mitologia egípcia de forma fantástica, ele definitivamente não se preocupa que esse universo pareça crível.

E foi isso que fez com que eu gostasse dele, não dá para levar a sério um filme com esses elementos. No cinema eu não estava dando a mínima para a história, eu só esperava a próxima tosquice a ser mostrada. O roteiro é apenas uma desculpa para vermos deuses e criaturas brigando.

Será que essa produção poderia então entrar para a categoria de filmes Trash? Vejamos: CGI equivalente ao de um videogame ruim (check); Chroma Key malfeito (check); atores amadores ou canastrões (check); roteiro surreal cheio de clichês (check); frases de efeito e/ou engraçadinhas (check); personagens estereotipados (check); mulheres sensuais com roupas minúsculas (check); recursos ilimitados de posse do vilão com brechas encontradas pelos protagonistas com relativa facilidade (check); enfim, não dá para listar todos os elementos Trash desse filme.

Resumindo, não vá ao cinema esperando ver uma grande obra da dramaturgia contemporânea. Veja de forma descontraída, vá com um grupo de amigos que depois vocês terão muito o que falar (mal) do filme, ou quem sabe até falar bem, se esse filme existe, tudo é possível.

Nota: eu sou incapaz de conceber nota para essa coisa, só posso te dizer: veja com os seus próprios olhos!