(este post não tem spoilers do filme, só talvez nostalgia excessiva)

Antes de mais nada, há de ser dito: sou da geração Harry Potter. Aquela geração, nascida no fim dos anos 80/início dos 90 que acabou por crescer junto com os protagonistas da série de maior sucesso literário da contemporaneidade. Não digo que aprendi a gostar de ler por conta da Rowling, pois isso é mais mérito de Pedro Bandeira, Marcos Rey (e outros autores fabulosos da “Série Vaga-lume”) ou mesmo Maurício de Sousa. Ainda assim, sou da geração Harry Potter e, caramba, não troco isso por nada.

Li a heptologia mais de uma vez. Oras, mais de dez vezes (sem exagero). Reli pela última vez neste ano mesmo, em preparação ao lançamento do script da peça “Harry Potter and Cursed Child” (resumo: tentem vê-la, falaram que está bem bonita, mas não leiam o script somente; é uma pequena decepção) e, claro, do lançamento deste novo filme.

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Veja. A. Peça.

Animais Fantásticos e Onde Habitam. Um livretinho de 50 páginas, uma pequena enciclopédia de animais mágicos, que é utilizada repetidamente na série de livros principais. Lembro que, quando o li (e também “Quadribol Através dos Séculos”, que o acompanha), foi uma excepcional forma de volta àquele mundo. Mais do que isso: de conhecer mais daquele mundo. Pois por mais que alguns livros da Rowling tenham uma boa história, algumas surpresas e sejam uma leitura divertida, estou dentre aqueles (que, arrisco, são a maioria – mas é apenas um palpite) que virou fã da série não pelo enredo ou personagens (que também são muito bons!), mas pelo mundo em si. Pela… magia desse mundo. No sentido mais amplo da palavra.

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Nostalgia. \o/

Estou floreando tanto este início de resenha para enfatizar como o contato com o mundo mágico que a Rowling desenvolve é, para mim, o ápice. Pois a despeito de bons atores, um enredo interessante e efeitos especiais maravilhosos, do início ao fim da sessão eu estava simplesmente… deslumbrado. Pois eu estava de volta. Não à Inglaterra, Hogwarts ou mesmo a história d’O-Menino-Que-Sobreviveu; mas mesmo se passando nos EUA, mesmo tendo novos personagens – era O mundo. O mundo da magia. Onde o nome “Alvo Dumbledore” ou o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia têm todo um sentido implícito.

Analisando mais friamente – se é que isto é possível após esta declaração tão explícita de deslumbre -, o filme é bom. Não é excepcional, tem uma história relativamente simples e atores talvez sub-aproveitados. Um problema que aparece desde o início do filme, e que vai ficando cada vez mais acentuado, no nível de irritar mesmo, são as conversas longas e pausadas. Não sei se foi o corte errado, não sei se o bom diretor David Yates quis expressar algo que me escapou, mas é simplesmente… constrangedor, por vezes, o longo silêncio entre os diálogos. O que, ao mesmo tempo, torna o filme um pouco mais lento (e longo) do que precisaria ser. Há uma cena em especial, que encerra o primeiro ato do filme, que é simplesmente desnecessária e irritamente longa. Mesmo curtindo o longa até ali, eu só olhava pra tela, constrangido, me perguntando “Por que esta cena não acaba? Por favor, faça ela acabar… Finito Incantatem!”

Mas o filme tem coisas boas, claro, além do próprio retorno ao mundo mágico. O primeiro é o visual – tanto fotografia quanto efeitos especiais. Você se sente realmente em Nova York dos anos 1920. A ambientação está no ponto – mesmo do “mundo mágico”. As criaturas fantásticas, que dão o nome ao longa, estão simplesmente magníficas. Todas elas. Carismáticas, vivas, divertidas; do sapeca Pelúcio ao majestoso Occamy. Sério, você vai querer estar lá, ser amigo daquelas criaturas, ser abraçado por um Seminviso, alimentar um Bezerro Apaixonado e ser amigo de um Groot Tronquilho. Todas as cenas com as criaturas são maravilhosas. Sem exceção.

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“I am… Tronquilho.”

E o segundo ponto alto é o arco que começou a ser plantado. Eu já iria ver o filme (bem empolgado) se fosse um longa fechado em si, mas depois, quando soubemos que seriam cinco partes e com o arco da ascensão de Grindewald como pano de fundo, ganhou-se toda uma nova conotação. E este primeiro introduz bem este ponto. A ver (ansioso!) as sequências.

Se você não viveu neste mundo com Harry, Rony e Hermione antes, se não mergulhou na história a este ponto, é possível que o filme seja, bem, somente mais um filme de magia bem produzido. Mas assista, é um bom filme! Agora, se até hoje você espera sua coruja de Hogwarts, tenha você de 8 a 80 anos… bem, seja bem vindo de volta!

Nox