Tem dias que acordamos pela manhã, normalmente às segundas-feiras ou após um feriado prolongado, com aquela vontade de ficar na cama, dormir mais um pouco, ficar de pijama o dia todo e não fazer nada. Especialmente em início de um novo ano, as coisas parecem caminhar de uma maneira mais lenta e voltar à vida normal depois de um período de festas é sempre bastante complicado.

Mas, por que nos sentimos assim?

Antes de falarmos o que provavelmente provoca estas sensações, vamos entender algumas teorias sobre motivação que foram desenvolvidas e amplamente discutidas ao longo das últimas décadas. Três dessas teorias são bastante interessantes e muito conhecidas.

1. A Hierarquia de Necessidades de Maslow. Também conhecida como Pirâmide de Maslow que classifica as necessidades do ser humano em 5 categorias:

  1. Fisiologia;
  2. Segurança;
  3. Amor ou Relacionamento;
  4. Estima;
  5. Realização pessoal.

Segundo essa teoria, as necessidades de nível mais baixo, ou que estão mais próximas à base da pirâmide, (fisiologia e segurança) devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto, ou que estão mais distantes do topo da pirâmide, (amor/relacionamento, estima e realização pessoal), ou seja, não adianta querer realização pessoal se as questões mais básicas como moradia, alimentação e segurança ainda não estão resolvidas.

Pirâmide de Maslow

2. A Teoria dos Dois Fatores de Herzberg. Aborda a situação de motivação das pessoas como dois fatores:

  1. Fatores motivacionais ou intrínsecos, que estão sob controle do indivíduo:
    1. Crescimento;
    2. Desenvolvimento;
    3. Responsabilidade;
    4. Reconhecimento;
    5. Realização.
  2. Fatores higiênicos ou extrínsecos, que não estão sob controle do indivíduo:
    1. Política;
    2. Ambiente;
    3. Segurança;
    4. Salário.

Segundo esta teoria os fatores intrínsecos são responsáveis por nossa satisfação e os extrínsecos são responsáveis por nossa insatisfação.

Os dois fatores de Herzberg

3. A Teoria da Expectativa de Vroom. Esta teoria baseia-se na premissa que a motivação de um indivíduo apoia-se na antecipação que ele faz dos eventos futuros, ou seja, enquanto os objetivos que estão sendo exigidos do indivíduo estão alinhados com os objetivos pessoais deste indivíduo e ele consegue visualizar sua realização, este indivíduo se mantém motivado.

Toda relação estabelecida e que envolve, ao menos, um ser humano de um dos lados, só permanece ativa enquanto existe uma troca de experiências positivas e afinidades entre os lados. Quando não existe mais o que trocar ou quando um dos lados já não consegue tirar nenhum proveito dessa relação, é bastante comum que ela acabe por falta de fatores motivacionais.

A teoria da expectativa de Vroom

Acordar pela manhã e se preparar para enfrentar o dia é muito desmotivador quando não recebemos um sorriso de bom dia, quando não temos uma família; seja ela pai, mãe, filhos, esposo ou esposa; quando não temos vontade de realizar as atividades pelas quais somos responsáveis, quando o ambiente de trabalho não é amigável, quando o salário que recebemos não está alinhado com as nossas expectativas ou as expectativas de mercado, quando o trânsito que vamos enfrentar naquele dia está um caos, quando não somos reconhecidos por nossos acertos e ainda somos duramente cobrados pelos nossos erros, etc.

É bastante comum sermos motivados por dinheiro ou coisas materiais, pois vivemos a cultura do hedonismo, em que as aparências são mais importantes: a quantidade de amigos e de “curtidas” no facebook, a quantidade de seguidores no instagram, um bom carro, roupas de marca, gadgets de última geração, etc. Ao mesmo tempo que nos sentimos bem com tudo isso, nos sentimos vazios, pois os estímulos para uma motivação verdadeira são muito mais simples.

Se meus joelhos não doessem mais
Diante de um bom motivo
Que me traga fé, que me traga fé

Se por alguns segundos eu observar
E só observar
A isca e o anzol, a isca e o anzol
A isca e o anzol, a isca e o anzol
Ainda assim estarei pronto pra comemorar
Se eu me tornar menos faminto
Que curioso, curioso
O mar escuro, é, trará o medo lado a lado
Com os corais mais coloridos

Pescador de Ilusões – O Rappa

E é por esse motivo que nos sentimos tão bem nos fins de semana ou durante um feriado prolongado, que é quando temos disponibilidade para entrarmos em contato com essas coisas mais simples: um futebol com os amigos, visitar a casa dos pais ou avós, um bom almoço em família, um passeio no parque, etc. E quando nosso corpo percebe que isso está acabando, nos sentimos desmotivados e não temos vontade de sair da cama ou tirar o pijama.

Outro fator bastante importante para a nossa motivação, é termos um propósito de vida, independente de qual seja. Um ser humano com propósito é um ser humano que está sempre em movimento para fazer as coisas acontecerem. Aqui no Portal Deviante, por exemplo, temos um propósito de levar a ciência para um maior número de pessoas possível, sempre de uma forma divertida. E é isso que faz com que todos estejam sempre motivados a fazer o melhor para manter a chama sempre acesa.

Descobrir qual o seu propósito de vida não é algo tão simples e sempre tive a convicção de que estar motivado depende de duas coisas: vontade e necessidade. Porém, outro dia eu li uma frase que dizia: “as pessoas mais felizes não têm o melhor de tudo, elas apenas fazem o melhor com tudo o que tem“. Diante de tudo isso, chego a conclusão de que, para encontrarmos o nosso propósito e nos mantermos motivados, precisamos aproveitar cada momento e nos conectarmos com as coisas que verdadeiramente nos fazem felizes.