Uma das coisas mais importantes que o método científico nos ensina é a repensarmos constantemente nossas práticas. Com o Portal Deviante não podia ser diferente. O Portal cresceu e, com o crescimento, vieram algumas reflexões sobre representatividade e respeito às diferenças. Visando à promoção do Portal como ambiente mais inclusivo, diversificado e seguro para todas as pessoas, eu produzi uma carta de valores (aprovada e lida por todos que hoje participam do projeto, incluída no recém produzido regimento interno, que em breve estará disponível a todas as pessoas) que trago aqui para vocês no dia fora do tempo, ou no primeiro dia do ano de 2021.

Respeito às áreas do conhecimento

A equipe do Portal Deviante se propõe a equilibrar as grande áreas de produções científicas de forma a dar visibilidade e reforçar a importância de todas as áreas do conhecimento para o desenvolvimento da sociedade sempre que possível. Dessa forma, as pessoas da equipe responsáveis pela seleção de novos membros e o Comitê de Ética e Diversidade se comprometem a fazer processos de seleção específicos de forma a buscar esse equilíbrio. 

É importante enfatizar que respeitar não significa concordar com todas as pesquisas de todas as áreas. A ciência se faz por meio de questionamentos. No entanto, existe na sociedade a construção de que áreas Sociais e de Humanidades são menos válidas, ou menos importantes do que as áreas de Ciências Biológicas e da Saúde e de Ciências Exatas e de Tecnologia. Construções sociais se dão através de discursos e, portanto, mudanças sociais também são feitas através do discurso (Fairclough 2008). Enquanto a área de Humanas não for valorizada e promovida como ciência em pé de igualdade com as outras áreas, não haverá mudança. É também nesse sentido que a equipe do Portal Deviante busca, sempre que possível, trabalhar com interdisciplinaridade, enfatizando a complementaridade das áreas para a compreensão do mundo.

Kagan (2009:245) faz uma interessante comparação do status das disciplinas com o sistema solar, em que a força gravitacional de cada planeta é proporcional à sua distância do sol. Nesse exemplo, a Física é o sol e a Matemática o seu núcleo, Biologia e Química são os planetas mais próximos, seguidos de Economia, Linguística, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Ciências Políticas e, lá, bem longe Artes e Literatura (Kagan 2009:245-246). A História teria uma gravitação um pouco diferente, já que, para o autor, ela é celebrada quando fala  de elementos quantificáveis, como economia ou que contribuam para a economia (Kagan 2009:245), consequentemente, menos celebrada quando aborda questões mais próximas das Humanidades. Ou seja, quanto mais próximo das estruturas de pesquisa de ciências naturais, mais validada e valorizada é a pesquisa, não só entre leigos, mas no meio acadêmico como um todo.

Uma das evidências de como essa construção ainda é uma realidade é a diferença de investimento em bolsa e fomento à pesquisa, como pode-se observar na tabela abaixo com dados do CNPq de 2001 a 2015 (Brasil 2015). 

CNPq – investimentos realizados em bolsas e no fomento à pesquisa segundo grandes áreas do conhecimento 2001 – 2015

Como é possível ver na tabela, a área de Humanidades recebeu 50% menos fomento em 15 anos quando comparada à área de Ciências da Natureza (Exatas e Biológicas) e Ciências da Vida (Agrárias, Biológicas e da Saúde). Enquanto as áreas de Ciências Sociais e Humanidades têm uma grande influência nas dimensões ética e histórica, as Ciências Naturais têm maior influência na economia (Kagan 2009: 4-5), o que (infelizmente) é argumento comum para  justificar essa diferença. 

As dimensões éticas e históricas parecem também estar mais próximas da realidade das pessoas, ao mesmo tempo em que parece existir uma distância maior da sociedade com as áreas de Exatas e Biológicas. Portanto, deve haver um exercício por parte da equipe do Portal Deviante para aproximar as áreas de Exatas e Biológicas da realidade do público que consome nosso conteúdo e para conscientizar o público da importância do papel das áreas Sociais e de Humanidades como ciência. Só com a consciência da importância e do papel de todas as áreas do conhecimento em nossas vidas é que a ciência poderá ter maior apoio social.

A diferença entre as áreas se reflete também na forma como os pesquisadores enxergam o mundo. 

“Cientistas da Natureza dão ênfase nos processos materiais, minimizam a influência de contextos históricos e culturais e os valores éticos que vêm associados, e se preocupam predominantemente com as relações entre um conceito e um conjunto de observações. Cientistas Sociais e de Humanas evitam dar à biologia muito peso, se baseiam fortemente em redes semânticas e, por isso, estão frequentemente tão preocupados com a relação entre um conjunto de termos semânticos quanto com a relação entre um conceito e evidência, e procuraram respostas para confirmar ou refutar um ideal ético implícito” (Kagan 2009: 3-5, tradução nossa)

As diferenças na forma como vemos o mundo gera discussões que podem ser muito enriquecedoras, mas também podem resultar em ambientes insalubres se não houver o mínimo de empatia de se colocar no lugar do outro. Daí a importância de a equipe do Portal Deviante assegurar um ambiente sadio de debate e discussões. 

Respeito a todas as pessoas 

O Portal Deviante almeja ser um ambiente plural que tenha como fio condutor a divulgação da ciência de forma divertida. Isso significa que pessoas de todas as etnias, identidades de gênero, classes sociais, enfim, qualquer pessoa que queira contribuir para o Portal Deviante deve se sentir segura e acolhida para expressar seu conhecimento. Para isso, é essencial que haja respeito e empatia entre as pessoas que integram a equipe.

Tanto respeito quanto empatia são desenvolvidos a partir de conhecimento. Então aqui vai um pouco de teoria de forma divertida, como a ciência deve ser.

Tem algumas coisas que a gente é ensinado explicitamente, como adição e subtração, alfabeto, características estéticas do impressionismo… Outras a gente aprende pela convivência social, conscientemente, mas menos explicitamente, como  usar talheres para comer ou que as roupas para um casamento são diferentes das roupas de ir à praia. Outras coisas, no entanto, são aprendidas inconscientemente, através do que é “normal” no dia a dia. Essa ‘normalidade’ torna mais difícil a percepção de que alguns comportamentos e crenças são construídos social, histórica e culturalmente.

Foucault (1999), que foi um dos caras mais importantes que questionou tudo isso, diz que a gente não produz discursos do zero, a gente entra em discursos que já existem e usamos eles, sem perceber…Tenta entrar na minha viagem agora.

Vou te dar uns óculos como aqueles que ladrões usam em filmes para ver os lasers na hora de roubar banco ou museu. Você pode ver agora vários fios de energia fluindo. Na minha cabeça eles são coloridos, mas fica a vontade para pensar que são da forma, cor ou textura que você quiser. Esses  fios de energia constantes vêm de todas as direções e de várias origens no tempo e espaço.

A gente está aí, vivendo, sem consciência desses fios todos que nos perpassam todo dia, o dia todo. Às vezes se juntam, às vezes se misturam, e, cada vez que a gente fala, cada vez que a gente escolhe uma roupa ou um corte de cabelo… esses fios estão guiando nossas escolhas.  Eles saem pela nossa boca, filtram o que a gente escuta, empurram nossos braços e pernas.

Agora que vocês já estão doidos no meu nível, vamos discutir esses fios, ou ‘construções sociais’. A gente constrói o mundo ao mesmo tempo que somos construídas/os por ele. Isso significa que, a partir do momento que enxergamos essas linhas que influenciam nossos pensamentos, comportamentos, movimentos e fala, podemos escolher “desviar” do fio. O que também significa que, se não enxergarmos, se não tivermos consciência de que ele está ali, não poderemos fazer nada. A maioria de vocês, que tem mais de 30 anos, deve se lembrar o quão normal era ouvirmos termos como “débil mental”, “debilóide”, “mongol”, etc. quando crianças. Hoje são termos que ninguém mais usa, são termos que causam desconforto, inclusive. Por que isso? Porque identificamos que um daqueles fios era a percepção pejorativa de pessoas com déficits cognitivos e houve todo um movimento para que mudássemos a forma como nos referimos a essas pessoas. O resultado: um maior respeito e compreensão sobre questões cognitivas nas gerações seguintes. 

Essas mudanças são lentas e dolorosas. Às vezes precisamos de estratégias conscientes para conseguir desviar do tal fio de energia. Para tomar atitudes consciente, precisamos compreender quais são nossos lugares na sociedade e que papéis temos, ou queremos ter, em mudanças sociais que busquem uma maior democratização de espaços e conhecimentos.

Reflexão sobre desigualdade

O mundo é desigual. Ponto. Os fios que nos fazem reforçar a desigualdade existem independentemente de conseguirmos enxergá-los ou não. O ponto de partida para a construção da empatia e, consequentemente, de respeito às diferenças é identificar nosso lugar de privilégio. De acordo com os dados dos respondentes do nosso censo em novembro de 2020,

  • 60,4% da equipe do Portal Deviante têm renda de 06 ou mais salários mínimos. A média de rendimento mensal da população brasileira em 2019 era de aproximadamente 2,2 salários mínimos (Brasil 2019). 
  • 66% da equipe do Portal Deviante se identifica como homem. Dados de 2016, mulheres recebiam 76% menos rendimento. Em 2017, ocupavam 10,5% dos assentos da câmara dos deputados (mais de 50% menos do que a média mundial) (Brasil 2018b)
  • 71,8% da equipe do Portal Deviante se classificam como de cor branca, 16,5%, como parda. O percentual de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos” (Moura 2017)
  • 93,1% da equipe do Portal Deviante têm pelo menos ensino superior completo.  Apenas 14% da população brasileira têm ensino superior completo (Brasil 2020). 
  • 99% da equipe do Portal Deviante têm a mesma identidade de gênero que lhes foi atribuída ao nascer. Entre outubro de 2017 e novembro de 2018, o Brasil for responsável por 167 dos 369 casos no mundo de assasinato de pessoas trans ou de gênero diverso (TvT 2018)

Guardadas as devidas especificidades, como equipe fazemos parte de uma elite privilegiada que teve uma boa educação, que é menos ameaçada por sua identidade de gênero e cor da pele, que tem condições de viver em uma boa casa e ter uma boa alimentação. Muito poucas pessoas compartilham a nossa realidade. Tendo, então, consciência dos nossos privilégios, fica mais claro o significado dessa tirinha (que já rodou tanto a internet, que não consegui achar o autor ou autora).

Ter acesso a uma mesma base (caixa de madeira em que três figuras estão em pé no primeiro quadrinho) não significa ter oportunidades iguais (de ver o jogo por trás da cerca). A noção de que alturas diferentes precisam de caixas de alturas diferentes para que todos tenham a mesma oportunidade é a noção de que é preciso fazer mais por alguns e que outros precisam abrir mão de alguns privilégios.  Autor desconhecido (imagem retirada (02/12/2020) de Feminismo, uma questão de igualdade ou de equidade?)

Um erro comum é achar que, ao apontarmos os privilégios, estamos fazendo uma crítica ao indivíduo, já que, por ter tido a sorte de nascer onde nasceu, com a cor que nasceu, etc, ele passa a ter menos “mérito” nos seus sucessos.  O objetivo de apontar os privilégios não é descartar os esforços de ninguém, mas conscientizar que seu caminho para chegar onde chegou foi (muito) menos difícil do que para outros grupos. Uma analogia excelente que vi no Twitter outro dia foi duas pessoas subindo escadas no mesmo ritmo. Só que uma era escada rolante e a outra não. Quem vai cansar primeiro? Quem vai subir mais longe? 

Privilégios nos cegam e é por isso que precisamos tomar consciência deles. A vida apresenta muitas vezes discriminação disfarçada e de isenção. Uma mesma tarefa que seja aplicada a todos, pode passar a ideia de que todos estão tendo as mesmas oportunidades. Adoro o exemplo da charge abaixo.

Um macaco, um pinguim, um elefante, um peixe em um aquário, uma foca e um cachorro estão de frente para uma mesa onde um (provável) professor diz: “Para uma seleção justa, todo mundo deve fazer o mesmo teste: por favor, subam naquela árvore” Autor desconhecido (Imagem retirada (02/12/2020) daqui)

As pessoas que colaboram com o Portal Deviante são predominantemente as pessoas Fencas, ops.., as pessoas altas da tirinha, que conseguem ver por cima da cerca e o macaco que subiria facilmente na árvore. Não abrirmos mão da nossa caixa para que outro possa ver o jogo também ou não questionarmos o processo de exame que claramente nos beneficia faz com que sejamos coniventes com a desigualdade e agentes da sua perpetuação.

Nesse sentido, o Portal Deviante defende que as pessoas que colaboram com o site façam reflexões constantes sobre como suas atitudes, seja em gravações, seja nos grupos sociais do Portal, reforçam essas perspectivas de privilégio e, consequentemente, diminuem a importância e o espaço de quem já tem menos. É essencial que todas as pessoas queiram colaborar com o Portal Deviante se comprometam a entender que TODOS temos um lugar de fala (todos falamos a partir da nossa posição na sociedade, que nos favorece ou não); que pessoas em lugares de privilégio devem aprender a ouvir, respeitar e contribuir com a abertura de espaço e promoção das vozes que são constantemente silenciadas pela sociedade. 

Esses valores se estendem tanto para as relações dentro da equipe, como para com as relações com o público que consome nosso conteúdo.

Entendendo alguns conceitos

Lugar de fala 

Termo cunhado pela filósofa brasileira Djamila Ribeiro (2017), “lugar de fala” tem a ver com a consciência de que não existem discursos isentos. Cada grupo social fala a partir de seus privilégios ou ausência deles. Quando uma pessoa branca diz que não tem “lugar de fala” para falar sobre racismo, por exemplo, ela está dizendo, na verdade, que as suas experiências de vida são muito diferentes, mas isso não quer dizer que ela não possa falar ou refletir sobre racismo, pelo contrário. É necessário entendermos de onde falamos para (re)conhecer os privilégios dos nossos lugares de fala. Com isso, é possível repensarmos nossos comportamentos e contribuir para que todas as pessoas tenham acesso igual aos mesmos direitos que, por motivos de opressão histórica, são hoje privilégios de apenas alguns. Um exemplo é as pessoas brancas que se colocaram entre a polícia e as pessoas negras em manifestação nos Estados Unidos (Canal GNT 2020). Entendendo seu lugar de privilégio de não ser “descartável”, facilmente “matável” pela polícia, as pessoas brancas contribuíram em um protesto contra o racismo.  

Mansplaining:

Mansplaining ocorre quando alguém explica alguma coisa para outra pessoa, de forma condescendente e pressupondo ignorância por parte do outro, quando, na verdade, a pessoa sabe mais do que quem está explicando. Seria possível darmos a essa atitude o nome de “pedância”? Seria, mas é importante ressaltar que, mais do que explicar o que a outra já sabe, o problema aqui está em supor de antemão que a outra pessoa não sabe. Em um mundo predominantemente machista, este é uma atitude comum e que, muitas vezes, passa despercebida pelos homens. (Para saber mais sobre o assunto veja Goodwin 2018 nas referências)

Estou fazendo mansplaining?

Ela te pediu explicação? “Sim”, então não está fazendo mansplaining.  Se “não”, você tem relevantemente mais experiência?  “Mais ou menos a mesma, não tenho certeza”, então você provavelmente está fazendo mansplaining.  “Ela tem mais experiência”, então definitivamente você está fazendo mansplaining “Ela tem mais experiência e é uma especialista no assunto”, então só para de falar, vai. “Eu tenho muito mais experiência”. Ok. Nesse caso, seria esperado que homens com a mesma educação e experiência que ela já soubessem isso? “Sim”, então você provavelmente está fazendo mansplaining.  “Não”. Você perguntou, então, se ela precisava de uma explicação? “Perguntei e ela disse que sim”. Ótimo! Então você não está fazendo mansplaining. “Não perguntei”, provavelmente está fazendo mansplaining.  “Perguntei e ela disse que não precisava”, então só para de falar, vai. (Goodwin 2018, tradução adaptada minha)

 

 

Manterrupting

Manterrupting ocorre quando homens interrompem desnecessariamente a fala de mulheres. Yes! It is a thing! Muitos homens pensam que esta é só a forma como a interação acontece: você se empolga e interrompe a colega. Não. Não é só isso. Há pesquisas que mostram que em ambientes empresariais falar mais está relacionado a poder e que esta característica é bem vista para homens mas não para mulheres (Brescall 2012). Atitudes “normais” e “naturais” do nosso dia a dia dizem muito sobre divisão de papéis sociais e quais comportamentos são esperados de nós. Várias outras pesquisas mostram que, no ambiente de trabalho, mulheres falam menos, são mais interrompidas, além de ter suas ideias submetidas a maior escrutínio (Bennet 2015). (Para saber mais sobre o assunto, veja as referências Alice 2014, Brescall 2012, Bennet 2015, Heilman e Okimoto 2007, Mast 2002, Tannen 1993, Srinivas 2015). 

Manspreading

Manspreading é aquele jeito de o homem sentar com as pernas abertas em transportes públicos. (maiores informações neste link da Wikipedia Manspreading (Acessado em 02/12/2020))

Gaslighting

Gaslighting é a manipulação, por estratégias psicológicas, para fazer outra pessoa questionar a própria sanidade mental (Online Oxford dictionary gaslight (Acessado em 02/12/2020)). Você já prestou atenção quão comum é usarmos “você é louca” como ofensa para mulheres? Essa é, talvez, a forma mais explícita de gaslighting, mas outras atitudes mais sutis são ainda mais perigosas. Por exemplo, imagine uma discussão em que uma pessoa percebe que o argumento da outra estava certo, mas não quer dar o braço a torcer (em uma disputa de poder) e começa a mudar o argumento aos poucos até falar exatamente o que a outra estava falando e dizer que ela é que não tinha entendido o argumento. Outro exemplo bem comum é o argumento de falta de objetividade ou raciocínio lógico, para invalidar discussões (a construção do homem-razão x mulher-emoção ainda é muito comum)

Bropropriating: 

Bropropriating é a apropriação da ideia de uma mulher de forma a tomar os louros para si (Bennet 2015). Diferentemente do exemplo na definição anterior, bropropriating não é a mudança gradual do argumento contrário para estar certo, mas a apropriação da ideia, a repetição do que foi dito pela mulher, como se não tivesse sido dito antes. Ao não dar os devidos créditos, estamos silenciando vozes femininas que já são diariamente silenciadas em determinados ambientes.

Racismo estrutural: 

Racismo é sempre estrutural, mas a identificação e classificação do racismo que extrapola a esfera individual foi um grande avanço para os estudos das relações sociais (Almeida 2019). O racismo faz parte da estrutura da sociedade, mesmo que você individualmente não se identifique como racista. Mais uma vez, como dito no tópico anterior, a partir da consciência de como o racismo é concretizado no dia a dia, nas relações pessoais, profissionais, institucionais, é que é possível criar um movimento contrário. “[O] racismo, como processo histórico e político, cria as condições sociais para que, direta ou indiretamente, grupos racialmente identificados sejam discriminados de forma sistemática” (Almeida 2019). Racismo reverso não existe. 

Referências:

Alice, R. 2014. Women get interrupted more – even by other women. The New Republic Disponível (02/12/2020) aqui

Almeida, S. 2019. Racismo Estrutural. In D. Ribeiro (coord) Feminismos Plurais. Pólen Produção editorial. Disponível (09/12/2020) aqui

Brasil, CNPq. 2015.  Investimentos realizados em bolsas e no fomento à pesquisa segundo grandes áreas do conhecimento 2001 – 2015.  Disponível (07/11/2020) aqui

Brasil, Ministério dos Direitos Humanos. 2018a. Código de conduta e de respeito aos Direitos Humanos – para fornecedores de bens e de serviços do Ministério dos Direitos Humanos.  Disponível (13/11/2020) aqui

Brasil, IBGE. 2018b. Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Disponível (17/11/2020) aqui

Brasil, IBGE. 2019. Conheça o Brasil – População: trabalho e rendimento. Disponível (17/11/2020) aqui

Brasil, IBGE. 2020. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua trimestral – Tabela 5919: população por níveis de instrução.  Disponível (17/11/2020) aqui

Brescoll, V. L. 2012. Who takes the floor and why: gender, power and volubility in organizations. Administrative Science Quarterly. Disponível (02/12/2020) aqui

Bennet, J. jan/2015. How not to be ‘manterrupted’ in meetings. Time magazine Disponível (02/12/2020) aqui 

Canal GNT. 2017. Djamila Ribeiro quebra a internet falando sobre lugar de fala. Disponível (25/11/2020) aqui

Canal GNT. 2020. Lugar de fala X lugar de cala: quando o silêncio é respeito ou omissão ao racismo? Disponível (25/11/2020) aqui

Fairclough, N. 2008. Discurso e Mudança Social. Brasília: EdiUnB

Foucault, M. 1999. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 5a edição. São Paulo: Edições Loyola Disponível (08/112020) aqui

Goodwin, K. jul/2018. Mansplaining, explained in one simple chart. BBC. Disponível (02/12/2020) aqui

Heilman, M. E., Okimoto, T. G. 2007. Why are women penalized for success at male tasks?: The implied communality deficit. Journal of Applied Psychology, 92: 81–92. Disponível (02/12/2020) aqui

Kagan, J. 2009. The three Cultures: Natural Sciences, Social Sciences and Humanity in the 21st century. Cambridge: Cambridge University Press.

Krendel, A. 2020. The men and women, guys and girls of the ‘manosphere’: A corpus-assisted discourse approach. Discourse & Society 31(6), 607-630.

Mast, M. 2002. Dominance as expressed and inferred through speaking time: A meta-analysis. Human Communication Research, 28: 420–450. Disponível (01/12/2020) aqui

Moura, R. L. de. jan/2017. Racismo explica 80% das causas de morte de negros no país. Entrevista especial com Rodrigo Leandro de Moura. Portal Geledés Disponível (02/12/2020) aqui

Ribeiro, D. 2017. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento.

Saddy, A. 2017. Código de Conduta e Boas Práticas . RIL Brasília 54 (215), 27-57. Disponível (07/11/2020) aqui

Srinivas, S. 2015. The plague of women at work: ‘manterrupting’. The Guardian Disponível (02/12/2020) aqui

Tannen, D. (ed.) 1993. Gender and Conversational Interaction. New York: Oxford University Press. Disponível (02/12/2020) aqui

TvT Research Project. 2018. TMM update Trans Day of Remembrance 2018 Disponível (02/12/2020) aqui