Esta pessoa que vos escreve decidiu iniciar uma pequena série de textos para que possamos esclarecer um pouco mais sobre esse aspecto da natureza constantemente presente na nossa vida, mas que ao mesmo tempo acaba sendo obscuro para a maioria de nós: a luz.

Devido a amplitude do tema, dividimos o texto em quatro partes, sendo essa a primeira. As demais se chamarão “A luz é uma partícula? ”, “A luz é uma onda? ”e por fim “Afinal, o que é a luz? ”.

Você já está pronto para iniciar essa jornada? Então, vamos lá!

Que haja luz!

“Então Deus disse: – Que haja luz! E a luz começou a existir.” – Gênesis 1:3 (NTLH)

Não é difícil pensar na importância da luz sobre a nossa percepção do universo. Se você ainda não se convenceu sobre isso, basta fechar os olhos. A ansiedade causada pela ausência da luz é natural para quem tem, ou já teve por algum momento da vida, a dádiva de presenciar a sua aconchegante beleza.

A luz sempre me intrigou e cativou desde a infância. Não me faltam memórias de como ela me encantava nas mais singelas brincadeiras; os efeitos que ela produzia ao passar entre os cílios semiabertos, enquanto mantinha os olhos serrados frente ao sol; o arco-íris formado pela água durante o banho de mangueira; os reflexos que irradiavam da água a ondular em um rio qualquer; a projeção das sombras que ela produzia sobre as folhas da árvore que me permitia fugir do seu calor; o brilho da lua que nunca deixava de me seguir; o cintilar das incontáveis estrelas que ladrilham um quadro tão belo no céu, e, claro, não poderia deixar de lembrar das caçadas aos vaga-lumes no sítio dos meus avós.

Ao amadurecer, achamos que já conhecemos bem o mundo ao nosso redor. Nossas experiências de vida nos dão confiança sobre as suas características básicas da natureza com a qual interagimos diariamente.

Agora, imagine que você está em um parque com a sua família, e uma criança chegue correndo ao seu lado, puxe a barra da sua calça e lhe pergunte: – “Hey! O que é a luz? ” Provavelmente uma resposta bem simplificada seria dirigida a ela. Sem toda pressão envolvida na situação, com tempo suficiente para refletir sobre o assunto, você saberia responder satisfatoriamente essa pergunta para si?

A gênese

“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade.” – G. K. Chesterton

A luz é constantemente representada em diversas culturas, seja através de imagens, músicas ou literatura. A religião, seja através do Gênesis da cultura judaico-cristã, ou através de outras concepções quanto à criação do universo, também trata da origem desse elemento.

A filosofia e a ciência dedicaram muito esforço sobre o tema. Muitas foram as formas com as quais a humanidade tentou interpretar a sua natureza. A importância da luz, por sua vez, se estende além da nossa limitada percepção do universo.

A filosofia da natureza

“O seu foco é a sua realidade. ” – Yoda

A forma como interpretamos as diferentes respostas que a ciência nos traz mudou e se aprimorou muito com o passar do tempo. Desde as primeiras explicações filosóficas para a natureza da luz, seguimos progredindo para a visão mais fiel da realidade. E, se me permitem um spoiler, nem de longe chegamos em uma explicação final para essa questão.

As primeiras tentativas de explicar a natureza da luz, fundamentadas sobre a observação de alguns fenômenos, nos permitiu formular explicações. Inicialmente concebemos que a luz deveria ser constituída de matéria, que ela deveria ter um corpo, uma mínima parte que chamamos de partícula. Essas explicações começaram a criar o caminho em busca da verdade sobre este elemento.

Adiante exploraremos a trilha criada para essa explicação, assim como disse Isaac Newton (1643-1727), “olhando sobre os ombros de gigantes”.

Créditos da pintura usada como capa:

Semblance de Samantha Keely Smith (2011).