Sim, caros leitores, estou de volta para mais uma divagação, para seguir com minha jornada de textos sobre a suposta crise existencial que a física teórica passa atualmente. O assunto dessa vez é superinteressante e sujeito a supertrocadilhos de humor duvidoso.

Naturalmente esse texto já seria sobre Supersimetria (SUSY), mesmo vendo que o Thiago Araújo ja pincelou sobre o assunto , porém irei dar minha contribuição , tentando encaixar a SUSY no contexto dessa terapia em forma de texto de divulgação científica.

Diferentemente de um outro texto do Thiago, não vou fazer analogia entre partículas e taxonomia . Para ir direto para polêmica, vou usar a sociologia como analogia. Sim, já que você já chegou até aqui, mergulhe nessa loucura que são meus domingos a tarde.

Imagine a sociedade das partículas elementares: a maior parte da população é constituída de férmions, sujeitos de spin 1/2. Eles têm diferença entre si? Claro, a carga, a massa… mas sem preconceitos entre eles. A outra parte da população, bem menor e menos diversa também, é constituída de bósons, que, mesmo sendo uma parcela menor da população, intermedeiam as relações entre os férmions.

Típico caso em que poucos controlam muitos.

Se olharmos mais de perto a estrutura social dos bósons, vemos que existem relações de poder até mesmo lá e por questões raciais, bosóns de spin 1 também sofrem nas mãos do tirano Higgs de spin 0, que controla até as massas que todas as outras partículas devem ter, tanto bósons quanto férmions.

Porém, em meados da década de 60, o espírito revolucionário trouxe a luz para acabar com esse sistema de castas do mundo das partículas elementares. Com um discurso quase messiânico, a ideologia supersimétrica surge para mostrar que somos todos iguais. Bósons podem ser férmions e, principalmente, férmions podem ser bósons, basta você assumir o seu alter-ego ou seu “parceiro supersimétrico”. O elétron virou o Séletron, o foton virou o fotino, entre outras identidades secretas de nome tão ridículo quanto.

Parece um mundo maravilhoso, não? Sem diferenças, onde todos são iguais e a sociedade funciona perfeitamente, digna da República de Platão.

Mas como toda utopia, isso tudo não passou de um sonho, infelizmente. A busca pelos parceiros supersimétricos se mostrou vã mesmo usando o LHC. Claro que ainda existem fiéis seguidores da ideologia de SUSY, mas para cada vez que o LHC é ligado, e não se encontra nenhum vestígio ou pista dela, o número de fiéis diminui e com eles a esperança de conseguir mudar a estrutura social precária do mundo das partículas elementares.

Agora vocês entendem melhor o momento histórico nebuloso que vivemos?

Você achava que era só na política humana que temos um futuro incerto? Na política da chamada física fundamental, a coisa não anda muito diferente. Ou vivemos em um momento de transição em que a próxima descoberta vai surgir na próxima esquina ou continuaremos a viver nesse limbo obscuro de incertezas.

Melhor acreditar na primeira hipótese e é me baseando nela que vou direcionar meu próximo texto às teorias de dimensões extras.

Então, não se preocupe, se a SUSY não nos dá respostas sobre os grandes questionamentos da natureza, se inspire na ideia dela de não se conformar com um sistema ultrapassado e se rebele.