Qual área do conhecimento sempre tem um quadro em qualquer telejornal? A resposta para essa pergunta é bem imediata: a Meteorologia. Todos se ligam na previsão do tempo, para programar qual tipo de roupa usarão no dia seguinte, para saber se um guarda-chuva será necessário ou para saber se será possível fazer uma atividade ao ar livre no fim de semana. E eu sei também que muitos assistem a previsão do tempo só para reclamar e dizer que os meteorologistas sempre erram. Não tem problema ser do contra, porque até isso gera conversas interessantes.

Seja qual for o motivo, todo mundo se interessa em previsão do tempo. Até mesmo ao compartilhar um elevador naqueles segundos intermináveis de silêncio com os vizinhos do condomínio, o assunto é a Meteorologia. Há os que reclamam do frio, há aqueles que agradecem pela chuva, alguns idosos comentam que antigamente não fazia tanto calor assim, outros reclamam da piora da artrite quando faz frio, etc. Todo mundo fala das condições meteorológicas!

Convivo com uma situação desde a graduação em Meteorologia, no começo dos anos 2000. Sempre que conto para alguém sobre minha formação, ouço desde expressões de surpresa como “nossa, que diferente!” ou ouço perguntas do tipo “nossa, vai chover?” ou “que legal, onde tem esse curso?” ou “o que vocês estudam na graduação?”.

A partir dessas impressões ou perguntas iniciais, tenho ótimas conversas. Falo sobre a Meteorologia de modo geral, conto curiosidades sobre minha formação, explico como a previsão do tempo é feita, explico que o jornalista que apresenta a previsão do tempo normalmente não é formado em Meteorologia, etc. Normalmente gosto bastante de conversar e falar da minha área de formação, mas nem sempre foi assim.

Nas primeiras vezes que ouvi essas perguntas, eu ficava incomodada e tinha um pouco de preguiça ou insegurança em explicar. Eu era uma jovenzinha bem desinteressante que preferia conversar com minha bolha. Quando terminei minha graduação e me envolvi em alguns projetos de difusão, fui aprendendo a sair da bolha e compreendi que o interesse das pessoas em Meteorologia é natural, talvez como o interesse em Astronomia.

As condições meteorológicas nos cercam, interferem na nossa vida, nas nossas atividades, nos nossos planejamentos, na nossa saúde, etc. Todos querem saber mais, entender mais e muitos se interessam pela ferramenta fantástica que é a previsão do tempo. Essa percepção me fez querer escrever e foi assim que nasceu minha vontade de me comunicar cada vez mais. Criei o Meteorópole, comecei a escrever sobre minha profissão, muita gente leu. Comecei a escrever no Twitter, comecei a escrever de outras coisas, participei de podcasts, dei entrevistas e um um dia o Fencas me encontrou e me chamou para fazer parte dessa equipe linda daqui do Portal Deviante. Eu seria uma pessoa completamente diferente se não tivesse me formado em Meteorologia: eu aprendi a me comunicar.

Portanto, se você por acaso chegou até esse post aqui do Portal Deviante e já pensou em cursar Meteorologia, você precisa saber de pelo menos uma coisa inicial: a divulgação científica vai fazer parte de sua vida até nas conversas com os crushes.

Imagem de capa: biruta, instrumento usado para estimar a intensidade e a direção do vento. Normalmente usado em pequenos aeródromos e helipontos. Cortesia de Unsplash.