Prólogo

Havia uma cidade portuária ao sul do Reino de Dreen chamada de Porto Azul pela cor de suas águas calmas e frias. Era a menor cidade e a mais charmosa, assim pensavam seus moradores. Aquelas águas calmas iriam contrastar com uma grande discussão que estava prestes a acontecer bem longe da região portuária.

Em uma taverna chamada “Sereia de Safira” próxima ao centro daquela bela cidade, uma fervorosa discussão acontecia. Andrew, um bárbaro do leste, dizia que tinha fugido de cinco ladrões elfos no deserto sombrio ao sul das terras dos bárbaros há quase três anos. O jovem elfo Calen se sentia ofendido, dizia que os cavalos encantados dos elfos nunca se cansavam e enfurecia Andrew, já que seu comentário fazia a história dele soar como uma mentira  arrancando pequenos risos dos poucos ali presentes. Quando o bárbaro se levantou para dar um ou dois socos, o jovem elfo foi salvo pelo comentário de um anão.

– Aqueles pôneis só servem para não machucar os traseiros magros dos elfos – debochou um anão de pele morena e longa barba acinzentada.

O comentário acalmou Andrew que fez um gesto concordando com o anão do outro lado.

– Meu cavalo manco ganha dos dois tranquilamente – disse uma outra pessoa que ficou interessada naquela discussão.

Reginaldo, um fidalgo da região, ficou de pé e disse que estava invicto há seis meses, e sua amazona estava pronta para provar a qualquer um ali.

– Ha! Essa sua liga com esses cavalos criados por riquinhos não é motivo para se gabar. Lá fora, eu tenho uma raça criada pelos anões, o pata de trovão, um dos orgulhos do meu povo. Estou pronto para mostrar a você, sei do que estou falando – disse o anão encarando o fidalgo e batendo contra o peito.

– Eu! Eu também vou! – interrompeu um jovem barbudo de trajes finos, claramente rico e embriagado por algumas cervejas.

– Eu me chamo Alessandro… Tenho um cavalo… Quase pronto para participar, posso desbancar o cavalo do Reginaldo aqui… E agora… – completou o jovem rapaz que se meteu na discussão, mas não conseguia ficar de pé. 

– Com licença, senhores. Sou Hyun das ilhas de Jade, sou um comerciante, mas se estão propondo uma corrida gostaria de participar com meu filho Kyung, tenho um animal exótico que gostaria de mostrar o potencial dele – sugeriu um senhor de olhos puxados e cabelos escuros que falava calmamente.

– Sim! Uma corrida seria perfeita! Vou mostrar a esse elfo que não sou mentiroso! – disse o bárbaro batendo o copo no balcão encarando Calen que sentiu-se intimidado.

– Para ficar mais interessante, a entrada será de duas peças de ouro, metade fica com o vencedor e 5% para cidade, o resto é dividido igualmente para o segundo e o terceiro – sugeriu o fidalgo segurando o fino bigode negro.

Todos concordaram, a quantia seria trazida por cada participante, uma hora antes do horário combinado no porto da cidade.

(continua)