Fala, galerinha! Que tal darmos uma paradinha em nosso corrido dia-a-dia e experimentarmos uma breve viagem no tempo? (Soa irônico, não?! Hahaha). Fácil, fácil, basta levantar a cabeça em direção ao céu e observar a lua, os planetas ou mesmo uma diminuta estrela. Fim.

Até a próxima, isso é tudo pessoal!

Hã? Como assim?

Ops, ainda não entendeu? Ok, vamos com calma!!!

Bom, toda vez que fitamos o céu e observamos o cintilar de uma estrela, por exemplo, estamos enxergamos como era tal ponto há milhares de anos.

Espera! Continuo sem entender uma vírgula disso tudo…

“Vamos por partes…”

Imagine a seguinte situação:

Você está numa noite de tempestade, com nuvens carregadas e céu completamente fechado. De repente, toda a sua sala de estar é completamente iluminada pela luz de um relâmpago, inevitavelmente seguido por um forte estrondo. Já reparou na diferença de tempo que existe entre um relâmpago e seu estrondo? Caso ainda não tenha notado, saiba que ambos ocorrem exatamente no mesmo instante, mas chegam a você em momentos diferentes.

Agora que você comentou… realmente, por que isso acontece?

Primeiro, vamos analisar os seguintes dados:

  • O som, que é uma onda mecânica, viaja a uma velocidade aproximada de 1234,8 Km/h;
  • A luz, por sua vez, uma onda eletromagnética, viaja próximo de 1 079 252 848,8 Km/h;

Fica evidente, portanto, o motivo de existir um intervalo de tempo na percepção desses fenômenos.

Certo, até aqui eu entendi, mas o que essa analogia tem a ver com viagem no tempo?

Calma, vamos chegar lá.

Continuando nosso exercício imaginativo, agora você está em um quarto absolutamente escuro. Há apenas uma lanterna apagada em suas mãos. No mesmo instante em que você liga-la, o clarão da sua lanterna será quase instantâneo.

Ok, nada de novo.

Acontece que isso só ocorre instantaneamente porque a distância entre a fonte luminosa (lanterna) e o seus olhos é muito pequena. Como a luz possui uma velocidade extremamente alta, a percepção que você tem é a de que a luz se acende instantaneamente.

No universo, por sua vez, as distâncias entre corpos celestes (planetas, galáxias, estrelas, etc) são tão GRANDES a ponto de a luz ter o “mesmo comportamento do som de um relâmpago”. Ou seja, existirá um certo tempo para chegar do ponto de emissão até o receptor.

Imagine, agora, que alguém esteja na superfície do Sol com uma lanterna gigantesca:

Assim que essa pessoa ligasse a lanterna, somente poderíamos avistar a luz emitida cerca de 499 segundos depois (aproximadamente 8 minutos e 19 segundos), já que existe uma tremenda distância entre a superfície do Sol e a superfície da Terra. Se, magicamente, o Sol apagasse do nada, nós aqui na Terra apenas notaríamos (entraríamos numa completa escuridão) após esses 8 minutos e 19 segundos.

Explicada essa pequena curiosidade, voltemos ao detalhe da viagem no tempo.

Se você atentou bem à explicação acima, notou que toda luz do Sol que está nos iluminando nesse exato momento partiu de nossa estrela há 499 segundos. Ou seja, se você olhar para o Sol agora, estará na verdade, vendo como ele era há 8 minutos e 19 segundos.

Mas como eu posso enxergar o Sol há 8 minutos se estou apenas vendo a luz que sai dele?

Só enxergamos tudo o que nós enxergamos, seja uma bola de futebol ou uma árvore, porque esses objetos refletem parte da luz que os atinge.

Imagine, então, que você possui uma bola de futebol da cor azul. Estamos, ainda, no mesmo quarto escuro que alguém havia ligado uma lanterna alguns instantes atrás. Neste momento, a lanterna foi mais uma vez desligada. O quarto está na mais completa escuridão novamente. Você está tentando enxergar a bola em suas mãos, porém nada consegue enxergar além de um indistinto borrão escuro. Se acender a lanterna uma vez mais e apontá-la para a bola, enxergará toda a circunferência azulada desse objeto.

Sim, isso eu sei!

Essa bola só ficou visível para você porque a luz emitida pela lanterna atingiu a superfície desse objeto, essa superfície absorveu parte dessa luz que o atingiu e refletiu outra parte dessa luminosidade até seus olhos. Ou seja, nós só conseguimos observar o mundo ao nosso redor por conta da luz que é refletida pela superfície das ‘coisas’.

Certo, agora está fazendo algum sentido…

Já que entendemos esses conceitos, vamos olhar alguns outros corpos celestes que não o nosso Sol. Dentre os inumeráveis lugares no universo para onde podemos fazer uma viagem no tempo poderíamos citar:

A estrela mais próxima da Terra, excluindo o nosso Sol, uma estrela chamada Próxima Centauri. Está a incríveis 39 924 283 879 444,5 km (ou 4,22 anos-luz) da Terra. A luz demora, aproximadamente, 4,22 anos para chegar até nós. Ou seja, estamos vendo, essa estrela há 4,22 anos.

Vamos olhar para outro corpo celeste. Que tal a galáxia de Andrômeda?

Trata-se de uma galáxia espiral similar a nossa. Andrômeda está, por sua vez, a uma distância de 2,54 MILHÕES de anos-luz*. Isso significa que demoram 2,54 milhões de anos para que a luz dessa galáxia atinja os nossos olhos e estamos, portanto, observando como ela era há 2,54 milhões de anos.

E se nós quisermos saber como ela é hoje?

Infelizmente, para saber como a galáxia de Andrômeda é hoje, ainda teremos de esperar todo esse tempo (2,54 milhões de anos) para vê-la. Triste, não?

Vamos, agora, viajar um pouco mais distante no universo. Que tal a galáxia espiral conhecida como NGC 6384?

Essa galáxia está a uma distância de 80 MILHÕES de anos-luz. Isso significa que a luz proveniente dessa galáxia demora longos 80 milhões de anos pra atingir os nossos olhos.  O mais curioso nisso tudo é que hoje estamos vendo como estava essa galáxia há 80 milhões de anos, estamos observando como ela era no tempo em que os dinossauros reinavam sobre a Terra!

Agora vamos pensar do ponto de vista de um observador dentro dessa galáxia:

Imagine que você viva em algum planeta dentro da NGC 6384. Suponhamos que tenha em mãos um telescópio suficientemente poderoso para enxergar o planeta Terra. No instante em que você apontasse seu telescópio para nosso planeta você estaria observando os próprios dinossauros caminhando imponentes sobre o nosso planeta.

Como isso é possível?

Essa é fácil!

A distância entre observador e emissor não mudou! O que mudou foi apenas o sentido de observação, ou seja, permaneceram os 80 milhões de anos-luz, o que significa que a luz que saiu da Terra no tempo em que os dinossauros ainda reinavam só está chegando agora naquela galáxia.

Um último exemplo não menos curioso, o principal cartão postal de nosso Sistema Solar: O planeta Saturno, com seus majestosos anéis.

Saturno dista, em média, 1 280 400 000 Km do nosso planeta. A luz leva quase 1h e 11min para viajar desse gigante gasoso até nós. Então, se um meteoro gigante se chocasse com Saturno, por exemplo, nós só veríamos o que aconteceu com o planeta pouco mais de 1h depois do ocorrido. Bastante curioso não?

Espero que tenham gostado de nossa viagem!

Logo abaixo, disponibilizo alguns links aos curiosos e desbravadores de plantão. Muito obrigado a todos que chegaram até o final dessa leitura! Espero encontrá-los em breve. Qualquer dúvida, ou sugestão sinta-se livre para escrever abaixo, terei o maior prazer em respondê-los.

*Essa distância em km equivale a um número de 20 dígitos (2,4038×10ˆ19).

Revisão e Apoio: Thiago Torres

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Péricles Terto Engenheiro Civil. Programador. Modelador 3D. Amante de astronomia. Não desgrudo de um bom livro. E infelizmente não sei onde está o Thiaguinho.