Em “Alice Através do espelho”, de Lewis Carroll, a Rainha Vermelha explica para a Alice como funciona uma corrida no País das Maravilhas. “Agora, tudo o que você deve fazer é correr, para se manter no mesmo lugar.” Esta declaração pode ser observada na natureza, espécies competitivas estão sob constante pressão evolutiva, para desarmar a concorrência, sendo chamada de Teoria da Rainha Vermelha. O coelho precisa correr mais que a raposa para evitar ser morto, ao passo que a raposa precisa pegar o coelho para evitar a fome. A modelagem estatística também sugere o inverso, desde 2003: Teoria do Rei Vermelho. Duas espécies mutualistas – os organismos envolvidos na interação são beneficiados, podendo resultar em mútua dependência- devem evoluir numa taxa mais lenta, de forma a manter a parceria. Mas estudos indicam que o inverso também é possível.

Inicialmente, esperava-se descobrir uma base genética para o comportamento mutualístico nas formigas, segundo o Dr. Benjamin Rubin, PhD pela Universidade de Chicago e The Field Museum e pesquisador, do pós doutorado, na Universidade de Princeton. Para isso sequenciaram os genomas de três espécies mutualistas de plantas-formigas e quatro de seus parentes estreitamente relacionadas, não mutualistas. E com surpresa viu-se que as espécies mutualistas tiveram maior taxa de evolução do que as generalistas.

Os genes que estão sob pressão significativa são aqueles atribuídos à atividade de neurogênese e muscular – exatamente o que poderia ser esperado ver. Os genes neurogênicos estão ligados ao comportamento, enquanto genes de ativação muscular são provavelmente para ajudar as formigas a proteger suas plantas hospedeiras através do aumento da atividade e velocidade.

O estudo mostra um contraste com a Teoria do Rei Vermelho, que tem sido apoiado pela comunidade cientifica ao longo da última década. Mas, desde 2003 os avanços da tecnologia científica permitiram melhoria no sequenciamento do genoma, melhorando o processamento e análise mais rápido. Isto, possibilitou o reexame de teorias a partir do fornecimento de novas evidências que suportam ou contradizem as conclusões originais.

Com isso a pergunta sobre o porquê de mutualistas terem maior taxa evolução do que seus homólogos generalistas, tem uma explicação inicial, ainda precisando de mais estudos. Todos os organismos mutualistas têm de se adaptar constantemente aos seus ambientes, para garantir a sobrevivência, com a tarefa adicional de acompanhar a evolução do outro. Muitas vezes o parasitismo vira mutualismo ao longo do tempo. Ou o mutualismo deixa de ser vantajoso e deixa de ser selecionado pela evolução. Tudo isso acelera o ritmo da evolução entre as espécies.

No entanto, ainda existem perguntas sobre evolução do DNA e de genomas. Quais os fatores que contribuem para o aumento da taxa de evolução entre os mutualistas? Qual o significado da adaptação genética sobre as outras relações simbióticas? Questões ainda sem respostas.

A única coisa certa é que o estudo declarou Checkmate à Teoria do Rei Vermelho.

Fonte: Science Daily

Imagem: The Field Museum