A formação das estrelas pode-se dizer é um processo relativamente bem conhecido pelos astrônomos, pelo menos teoricamente falando.

A observação do ato da formação de uma estrela é algo que só se tornou possível recentemente com o auxílio, principalmente das antenas do ALMA do ESO no Chile.

O comprimento de onda investigado pelo ALMA permite os astrônomos espiarem o que acontece praticamente dentro dos discos empoeirados que dão origem às estrelas.

Se observar o processo de formação de uma única estrela não é algo tão fácil assim, o que dirá observar o processo de formação de um sistema múltiplo de estrelas.

Novamente, na teoria é algo que os astrônomos podem dizer até que conhecem bem, mas ver, observar, isso nunca havia acontecido, pelo menos até agora.

O ALMA e o VLA, outro conjunto de antenas deram aos astrônomos o presente que eles queriam, observar um disco de poeira dando origem à múltiplas estrelas.

As estrelas se formam a partir de nuvens gigantescas de poeira e gás que entram em colapso devido à gravidade, formando um núcleo cada vez mais denso, o material ao redor continua caindo em direção a esse núcleo formando um disco de rotação ao redor da jovem estrela, quando a massa atinge um limite em que a temperatura e a pressão são suficientes para dar início ao processo de fusão nuclear, se tem então o nascimento de uma estrela.

Muitos discos protoestelares já foram observados, suportando e validando a teoria da formação de estrelas.

Mas e no caso de sistemas de múltiplas estrelas, o que acontece?

De acordo com a teoria, no caso de sistemas múltiplos, os astrônomos tinham como teoria que durante a formação do disco ao redor do núcleo que daria origem à estrela aconteceria uma fragmentação e essa fragmentação poderia então dar origem a outra ou outras estrelas próximas.

Porém até hoje, esse processo de fragmentação do disco protoestelar nunca tinha sido observado diretamente.

O ALMA e o VLA então encerraram esse jejum. As antenas observaram o sistema estelar triplo jovem, conhecido como L1448 IRS3B, localizado numa nuvem de gás na constelação de PErseus a cerca de 750 anos-luz de distância da Terra.

Ao observar esse sistema os astrônomos identificaram dois processos acontecendo no disco de poeira, a fragmentação do disco circunstelar e a fragmentação da nuvem de poeira e gás que forma as estrelas.

Essas instabilidades observadas mostram evidências observacionais claras de que o sistema está produzindo um sistema estelar triplo.

Nesse sistema a estrela mais central está separada das outras duas de uma distância equivalente a 61 e 183 vezes a distância entre a Terra e o Sol, além disso, os astrônomos determinaram que esse sistema tem menos de 150 mil anos de vida e que as 3 protoestrelas podem ter se formado entre 10 mil e 20 mil anos atrás.

Isso é realmente impressionante, os astrônomos estão conseguindo observar literalmente o momento da concepção de um sistema estelar, algo impensável até pouco tempo atrás.

Os astrônomos disseram que agora eles precisam observar mais sistemas como esse para que possam refinar o entendimento sobre o processo e aprenderem cada vez mais sobre o processo de formação de múltiplas estrelas no universo.

Fonte:

http://www.almaobservatory.org/en/press-room/press-releases/1064-young-stellar-system-caught-in-act-of-forming-close-multiples

Artigo:

http://www.almaobservatory.org/images/newsreleases/161026_0.pdf