Inicio aqui, uma série de textos (de partes variáveis) com as reflexões minhas e de colegas sobre a docência. O episódio de hoje é sobre a formação do docente. Senta que lá vem história!

Quando alguém decide ser professor? O que faz de um profissional um professor? Em tempos de crise no sistema educacional, precisamos refletir sobre a docência, sobretudo, é preciso refletir sobre a qualidade da formação desse profissional.

Sobre mim: Sou Geógrafa, sempre fiz estágio e trabalhei em funções técnicas. Decidi me aventurar na docência e tenho cada vez mais me apaixonado pela profissão de professora.

Sim, é uma profissão. Não é um dom. Não é um presente divino. Não é feito por amor. Não é um ato de caridade. É uma profissão, e, como todas as outras, existe uma técnica por trás disso, um modo de fazer que é ensinado durante a faculdade. Ou pelo menos deveria ser.

Isso significa que, durante minha formação, eu só tive professores ruins, incompetentes e por aí vai? Não! Pelo contrário, em sua maioria, foram ótimos. Tão bons que me ensinaram a pensar criticamente sobre esse processo também.

Feita a introdução, seguimos. Estou finalizando a licenciatura em Geografia. Se eu me sinto preparada para enfrentar a sala de aula? Em partes. É assim que um profissional deveria se sentir? Não. Porém, esse sentimento de incapacidade é comum entre os recém formados de qualquer área.

Puxando a sardinha para o meu lado, pensem na responsabilidade que um professor tem, enquanto profissional. É um trabalho que desempenha uma função muito importante dentro da sociedade atual. Portanto, vejo que essa insegurança para os recém formados deveria ser bem menor. Vamos destrinchar esse sentimento melhor: Por que estamos inseguros?

No meu ponto de vista, a principal causa da insegurança é a falta de prática. Ou seja, de estágios docentes. Ainda que, no meu curso, sejam necessárias 305 horas de prática pedagógica. A verdade é que muitas dessas horas, são horas inúteis. São horas registradas de estágio, mas, não necessariamente, os alunos desenvolvem atividades docentes.

O estágio de um professor funciona assim: como todo estágio, é preciso um orientador (no caso o professor de ensino básico), que, durante tal tempo, irá te orientar na prática. Certo? Mais ou menos. Em alguns casos, o tal orientador, sim, ajuda muito o aluno. Disponibiliza aulas para o aluno praticar, permite que os alunos façam planos de aula, elaborem provas, sequências didáticas e por aí vai. Existem os casos em que o aluno é só sombra do professor e pode fazer pequenas intervenções, muito bem controladas pelo orientador. Pior ainda, são os professores que não gostam dos estagiários.

Outro ponto importante do (des)preparo de um professor recém formado são os alunos que têm alguma deficiência física ou mental. Existem algumas políticas de inclusão que dizem que os alunos com deficiências devem estudar junto com os alunos que não têm deficiência. (O que eu acho disso? Não sei opinar. Fico devendo estudar e escrever um texto sobre isso).

Fato é, o professor tem que saber lidar com esse público também, oras! Também serão meus alunos! Preciso saber lidar com eles. Se sei Libras? Não sei. Tive uma matéria online de libras muito da mixuruca. Se sei lidar com alunos autistas? Nem um pouco. Como desenvolver e trabalhar um conteúdo nesse caso? Não sei. Deveria ter aprendido um mínimo sobre isso na Faculdade de Educação, para que ao menos eu soubesse por onde pesquisar? Com certeza! Mas isso não aconteceu.

Essas são, brevemente, algumas das questões que me circundam. Principalmente quando penso no dever e na responsabilidade que terei para com meus alunos. Sei que eu não sou a única nessa posição. Esse texto tem mesmo a intenção de nos unir, para que possamos expor nossas lutas e nossas glórias. Seguimos juntos, professoras e professores!


Gabriela Avelino, vice trem do subtroço. PhD em papo de boteco e em ouvir os “caso dozoto”