Uma das coisas que mais me intrigam, e suponho que muitos compartilham desse mesmo sentimento, é o fato de as coisas serem como são. Desde pequeno, sempre tive a curiosidade de entender como as coisas funcionam, como o mundo foi criado, por que o céu é azul, como as aves voam e os peixes conseguem respirar embaixo da água, como os serem humanos são essa máquina perfeita, em que tudo funciona na menor escala microscópica possível, ou como diriam os Spinners, em escala subatômica.

Muitos filósofos e cientistas buscaram respostas para muitas destas questões, especialmente na época em que ainda não havia Netflix. Uma parte delas foi respondida e outra, ainda maior, segue sem resposta. Uma das teorias que, sem dúvida, explicou muitas dessas nossas dúvidas foi a Teoria da Evolução. Mas afinal, o que é essa tal teoria. Neste momento, vou me dar o direito de invocar alguns cientistas para me ajudar no contexto:

Jean Baptiste Lamarck (1744 – 1829), botânico reconhecido e colaborador do Museu de História Natural de Paris, foi o naturista pioneiro em elaborar leis e fundamentos para evolução das espécies. Lamarck defendia que os seres vivos se modificavam, ao longo do tempo, de acordo com as pressões exercidas pelo ambiente e que estas modificações passavam para as gerações seguintes, seguindo a lei do uso e desuso e a lei dos caracteres adquiridos, ou seja, as condições do ambiente fazem com que as espécies se adaptem e passem certas características para as gerações posteriores.

Charles Darwin (1809 – 1882), biólogo inglês que tinha um enorme interesse pela natureza, viajou por 5 anos em um navio cartógrafo, numa expedição ao redor do mundo. Nesta viagem, coletou muitas informações, desde material até observações, que foram decisivas na elaboração de suas ideias sobre o mecanismo da evolução das espécies. Segundo Darwin, a evolução das espécies se dá pela seleção natural, em que os organismos têm uma grande capacidade de reprodução com tendência a crescer exponencialmente, porém, a quantidade de alimento é limitada e, quando o meio não suporta uma população tão grande, há uma luta pela sobrevivência entre os membros dessa população. Outro fator importante é que os indivíduos que possuem variações que garantem uma vantagem competitiva são os que conseguirão chegar à idade reprodutiva e passarão essas características para seus descendentes.

Essas teorias ajudam a explicar muito os seres humanos que somos hoje, mas também é importante considerar que o avanço da tecnologia teve uma contribuição fundamental para esta evolução. A descoberta da penicilina, a evolução dos medicamentos e vacinas, melhores condições de saneamento básico e alimentação deram início a uma revolução na medicina e nos tratamentos de doenças que, na história, eliminaram milhões de pessoas, como a peste-negra, a varíola, a gripe espanhola, etc. Estes tratamentos e controles de doenças proporcionaram um aumento da expectativa de vida da população que, na idade média, era de 30 anos e, segundo o relatório da OMS, em 2015 a expectativa de vida passou para 69,1 na média global.

Desde o ENIAC, o primeiro computador pessoal, a tecnologia vem avançando e, de acordo com a Lei Moore, estamos dobrando a capacidade computacional disponível a cada 18 meses. Essa evolução permite que consigamos processar, em um aparelho celular, o que o ENIAC não conseguia processar em 1953.

Esse avanço também proporcionou a miniaturização dos dispositivos, possibilitando a implementação de coletores de informações em qualquer tipo de objeto ou ser vivo, gerando PetaBytes de informações coletadas que precisam, de alguma forma, ser processadas e analisadas.

Assim como a capacidade de processamento, os computadores pessoais evoluíram, nos últimos 10 anos, de uma maneira exponencial permitindo ter, ao alcance dos dedos, toda a nossa vida encapsulada em um dispositivo móvel. Melhorias na comunicação, aumento de banda de internet e processadores trabalhando com computação óptica garantem que podemos ter tudo o que precisamos estando em qualquer lugar e a qualquer momento.

Mas, o que isso tem a ver com a Evolução? Em minha opinião, tudo!

Grande parte dos vegetais que comemos são modificados geneticamente para poder se adaptar melhor às condições do ambiente e aumentar a produtividade. Uma vez que a combinação genética, que traz a planta mais resistente, é encontrada, essas características são transmitidas para seus descendentes.

Criações de bovinos, suínos, aves e outros animais, sendo acompanhadas por médicos veterinários com o objetivo de fornecer a melhor alimentação possível garantem que as melhores espécies sobrevivam.

Mapeamento genético, técnicas de manipulação genética como a CRISPR, tratamentos com células-tronco, impressão de pele e órgãos com impressoras 3D, exoesqueletos sendo criados para corrigir uma deficiência ou aumentar a capacidade de força humana, próteses de membros que funcionam melhor que os membros originais, alteração das características do feto, como cor dos olhos e dos eliminação de doenças, escolha do sexo, etc., são apenas alguns exemplos de como o ser humano está interferindo na evolução.

Se extrapolarmos os conceitos de Lamarck e de Darwin podemos chegar à conclusão de que nós, seres humanos, estamos sendo um elemento fundamental na Evolução das Espécies, como se estivéssemos brincando de Mãe Natureza. A busca pela erradicação de doenças, por alimentos melhores e mais saudáveis, por formas mais sustentáveis de cuidar do planeta, pelo aumento da expectativa de vida do ser humano demonstra que estamos simplesmente nos adaptando ao ambiente em que vivemos, lutando pela sobrevivência. Estamos desenvolvendo, cada vez mais, vantagens competitivas para nossos corpos e essas vantagens estão sendo transmitidas, mesmo que de maneira não natural, para as gerações seguintes.

Será que no futuro veremos essa linha da evolução humana?


Marcel Vitorino Profissional de tecnologia, vendas e marketing e empreendedor. Careca por falta de opção, pai, estudante, esportista, curioso, músico, pensador, nerd e diz que faz algumas coisas gostosas quando se aventura na cozinha.