A perda do pai já é conhecida por prejudicar o desempenho funcional físico e psicológico da criança, e a conexão entre a ausência paterna e os problemas de saúde das crianças está bem documentada.

Porém, pesquisas revelam que a perda da figura paterna, seja por morte, divórcio ou prisão está associada ao encurtamento dos telômeros – estruturas de proteção localizadas nas extremidades dos cromossomos – nos filhos, de acordo com um estudo que aponta para uma possível explicação biológica para os problemas de saúde frequentemente enfrentados pelas crianças cujo pai está ausente.

Esquema simplificado do telômero, explicando que idade e estresse levam a encurtamento destes, que pode levar ao cancer e outras doenças crônicas

Esquema simplificado do telômero. Fonte

Os telômeros são complexos DNA-proteína encontrados nas extremidades dos cromossomos, que os protegem de qualquer degradação, estabilizando-os. Estas estruturas diminuem com a idade, e também se acredita que se degradem por estresse extremo. Quando os telômeros ficam muito curtos, o crescimento das células para, razão pela qual o tamanho deles é considerado um indicador potencial de envelhecimento celular e da saúde em geral.

Pesquisas anteriores associaram telômeros mais curtos ao aumento do risco de vários problemas crônicos de saúde em adultos, como as doenças cardíacas e o câncer.

Segundo pesquisadores, em estudo publicado no periódico Pediatrics, aos nove anos de idade as crianças que perderam o pai tinham telômeros 14% mais curtos do que as crianças cujo pai era presente. A associação foi mais forte para os meninos do que para as meninas, e a morte foi o evento de maior impacto.

É plausível considerar que as crianças com encurtamento dos telômeros induzido pelo estresse possam estar em risco de problemas de saúde futuros, mas vários outros fatores desempenham um papel na saúde futura, e não se pode delegar somente a este estresse como preditor.

Como foi feita a pesquisa e quais resultados foram encontrados?

Foram examinados dados sobre a estrutura familiar e os testes de comprimento do telômero em amostras de saliva de 2.420 crianças em 20 grandes cidades norte-americanas.

Em caso de morte paterna, as crianças tiveram telômeros 16% mais curtos do que as crianças cujo pai é presente. Perder o pai por prisão foi associado a telômeros 10% mais curtos, enquanto a ausência do pai por separação ou divórcio foi relacionada com telômeros 6% mais curtos. Este impacto não difere por etnia.

O que pode ser feito?

No caso da morte, em particular, o aconselhamento tanto das mães quanto das crianças pode ajudar a evitar que a perda do pai comprometa a saúde das crianças, acrescentou o Dr. Brent. Pesquisas anteriores mostraram que apenas uma dúzia de sessões concentradas nas competências parentais e nas formas de enfrentamentos das crianças podem encorajar melhores práticas de disciplina e a expressão aberta do luto.

Fortalecimento das famílias pode abrandar os efeitos da morte de um dos pais. Fonte

Referências e links sugeridos:

Pediatrics

Medscape