YOUTUBE, FAKE NEWS E SAÚDE

A pandemia da Covid-19 ficou conhecida em todo mundo em dezembro de 2019 quando uma nova pneumonia causada por um novo tipo de coronavírus, que começou a se espalhar infectando humanos em Wuhan na China, causou preocupação à Organização Mundial da Saúde e às autoridades sanitárias chinesas. Assim, a infecção se disseminou pela China e logo afetou outros países. Em 30 de janeiro de 2020, a COVID-19 já estava declarada como emergência de saúde pública de importância internacional (SOUZA; MELCHIOR, GORDIM; SILVA; CARVALHO FILHA; MORAES FILHO, 2020).

É preciso lembrar que, no período inicial da pandemia, a humanidade como um todo estava imersa em gigantescas dúvidas, pelo fato de que as informações eram sempre em caráter ambíguo e sua disseminação carecia de comprovação cientifica. Isso se deu por conta de que tudo o que era noticiado passava por inúmeros questionamentos, que demoraram um certo tempo para serem sanados.

Assim, o mundo logo compadeceu diante da pandemia do novo coronavírus, a qual exigiu atitudes mais radicais para o seu combate, para que fosse possível a diminuição da propagação do vírus. Grande parte da população se viu diante de uma realidade, até então, nunca experimentada nos tempos contemporâneos. A gravidade alcançada no ano de 2020 pela atual pandemia tornou-se uma ameaça à saúde pública, justificando restrições a determinados direitos como a liberdade de ir e vir, de reunião, entre outros. Essas restrições foram impostas pela limitação à livre circulação das pessoas, principalmente em ambientes de grandes aglomerações (STURZA e TONEL, 2020).

Nesse sentido, as estratégias veemente adotadas por diferentes líderes políticos, traduzidas enquanto medidas de segurança, como quarentena, isolamento, distanciamento social, vigilância constante, limitação da liberdade, sob o argumento de prevenção a novos contágios, em alguns casos, acabam favorecendo a imposição de um estado de exceção – em outras situações, ainda mais graves, ditam quem deve continuar vivendo e quem deve morrer. Diante desse caótico cenário, é imprescindível afirmar, ainda, que tais medidas de segurança, impostas para prevenir a contaminação em massa da COVID-19, trouxeram várias consequências para a vida diária das pessoas, não só na perspectiva profissional, econômica e social, mas, também, sobretudo, para a saúde mental dos indivíduos. (STURZA  e TONEL, 2020, p. 04).

Ainda, a pandemia vem demonstrando aumentos absurdos no compartilhamento de informações falsas, o que revela que, mesmo quando não existiam mídias informacionais, nunca antes se consumiu tantas desinformações – que vem sendo estudadas e conhecidas mais popularmente como Fake News. Isso fez com que inúmeros veículos de comunicação, tais como imprensa, blogs pessoais, jornais, televisão e etc., começassem a criar formas de controle, avaliação e checagem sobre as fontes de informação, principalmente quando os dados eram relativos à COVID-19. (NASCIMENTO JUNIOR; REGINATO; MELIANI; MENEGON; RIBEIRO, 2020).

Esse tipo de checagem, é extremamente importante, pois, em casos de informações erradas sobre a pandemia e também sobre a doença, as pessoas que falsamente se orientarem por dados enganosos podem sofrer graves consequências a sua segurança e a segurança dos seus próximos. Por consequência, a desinformação precisa ser combatida de maneira energética, visto que o compartilhamento pelas redes sociais é muito rápido e quase sem qualquer tipo de restrição.

Além disso, a pandemia atual permitiu também a abertura de discursos contrários aos preceitos e princípios do conhecimento científico, principalmente pelos tempos informacionais e de baixa valorização relativa das instituições de pesquisa, que vem ocorrendo nos últimos anos. Inicialmente a contestação do conhecimento se deu a partir da necessidade da produção rápida de uma vacina contra a Covid-19, aliada a questões que já estavam sendo questionadas como a forma do planeta terra e a origem do universo. A partir de então se disseminou uma perspectiva negacionista dos acontecimentos, pois de certa forma os autores de tais discursos passam a se aproveitar do momento e utilizam-se de determinados fenômenos, para que possam reconstruir suas narrativas e manipular os resultados, espalhando um discurso considerado como pós-verdade.

Ainda, diante deste quadro atual de perspectivas negacionistas, ocorre uma relativização da importância da ciência, enquanto tipo de conhecimento que tem um benefício social alcançável a toda população. Essa relativização é importante para o sucesso de teorias conspiratórias e mentiras nas redes, pois apenas é possível que elas prosperem com a negação da ciência e seus preceitos mais básicos.

 É interessante destacar que a ciência é o único dos saberes que se coloca aberto para o diálogo, crítica, argumentação, lógica, método e avaliação. Em outras palavras, ela é o único dos mais variados conhecimentos que se desenvolve a partir da conflitualidade de debates e do confronto de ideias. Por isso, é necessário considerar que, na ciência, assume-se como postura central, o estabelecimento de uma boa pergunta, criativa e que coloque os fatos sempre em questão (NASCIMENTO JUNIOR; REGINATO; MELIANI; MENEGON; RIBEIRO, 2020, p. 177).

Dessa forma, o conhecimento científico fomenta um campo de grande potencial para elaborar respostas, ajudando a construir o próprio conhecimento, gerando com suas perguntas, cada vez mais soluções e de forma mais célere, para os próprios questionamentos. O que também contribui como análise de definição dos movimentos anticientíficos e de teorias conspiratórias, as quais normalmente são narrativas de fácil atração para a população, mas que basta uma análise mais avançada para que se demonstrem erradas e completamente falsas.

Com isso, além dos movimentos anticientíficos fomentarem extremismos exacerbados e pessoais, acabam criando os fundamentalismos, os ceticismos e desarticulam os princípios lógicos e metodológicos, e acabam levando ao estabelecimento de críticas inconsistentes a teorias e construções científicas já consolidadas.

Contudo, o conhecimento cientifico está aberto a constante questionamentos, pois alguns conceitos já existentes há alguns anos precisam ser reavaliados para que permaneçam verificados como assertivas e que possam ser comprovados como método científico, e assim a população possa ter consciência de que não são baseados em mero idealismo, refutando mentiras ou alucinações.

A propagação e o consumo de informações desprovidas destes cuidados é o resultado da popularização de um conjunto de simpatizantes negacionistas e promotores de discursos de pós-verdade, empenhados em desprezar as evidências factuais usadas na argumentação científica, e valorizar a lógica de assimilação simples (por vezes utilizando analogias e mitos) em discursos rasos e altamente perigosos (NASCIMENTO JUNIOR; REGINATO; MELIANI; MENEGON; RIBEIRO, 2020, p. 177).

Com isso, e durante a pandemia de covid 19, os meios de comunicação foram inundados por narrativas delirantes com diversas teorias conspiratórias sobre o vírus, sendo que algumas delas chegavam a questionar até a existência da doença. Como anteriormente relatado, o compartilhamento de dados atuais é praticamente imediato, fazendo com que essas notícias e informações corressem o mundo, gerando graves problemas, motivando inclusive, a morte de negacionistas seduzidos pela desinformação perpetrada pelas mídias alternativas.

Um dos maiores lugares de reprodução de conteúdo que temos disponíveis atualmente é o site YouTube, que foi fundado por dois ex-funcionários do site de comércio online PayPal. Em junho de 2005, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim foram os responsáveis pela fundação, que na época não gerou um grande alarde nas mídias. Assim a inovação tecnológica era original e não exclusiva. “O YouTube era um entre os vários serviços concorrentes que tentavam eliminar as barreiras técnicas para maior compartilhamento de vídeos na internet.” (BURGESS; GREEN, 2009 p. 17)

 Dessa forma, o site disponibilizava uma interface acessível ao usuário, de forma bastante simples e integrada, em que era permitido fazer o upload, publicar e assistir vídeos em streaming, entre outras ações, sem que houvesse a necessidade de altos níveis de conhecimento técnico sobre as publicações e dentro das restrições tecnológicas dos programas utilizados normalmente para produção de vídeos e acessível também a quem não tinha uma internet de banda larga a sua disposição(BURGESS; GREEN, 2009).

Assim, o YouTube é agora um grande protagonista no cenário midiático e pode ser considerado uma força na cultura popular contemporânea. Apesar de não ser exclusivo no âmbito de sites de compartilhamento da internet, a rápida ascensão do YouTube, bem como a sua ampla variedade de conteúdo e sua projeção pública em todo o mundo, fazem com que o Youtube seja uma peça chave na compreensão das relações ainda em evolução entre as novas tecnologias de mídia, as indústrias criativas e as políticas da cultura popular, através dos tempos.

Essa rapidez, que é bastante responsável pelo sucesso da plataforma, impede que seja feito qualquer tipo de curadoria nos vídeos que, ao serem compartilhados, já estão disponíveis para a audiência mundial. Com isso, encontramos qualquer tipo de discurso nessa plataforma, de pessoas que muitas vezes não estão qualificadas para emitir opinião ou mesmo dados sobre alguns assuntos, o que ocorreu de maneira intensa na pandemia.

Em uma pesquisa recente, realizada em 2020, através de pesquisas no YouTube, observou-se que, quando pesquisadas as palavras-chaves“movimento antivacina” foram  encontrados  165 vídeos e com “antivacinação” foram encontrados 319. Assim somou-se 484 vídeos sobre o tema para a realização de uma avaliação, destes 59 foram considerados passíveis de avaliação, porque os vídeos descartados eram relativos a vacinas especificas, febre amarela, HPV, etc., não sendo puramente sobre o movimento. Após a categorização observou-se que a maioria dos vídeos, 62%, era do grupo que se apresenta contra o movimento, vídeos esses que também continham maior índice de likes e visualizações por dia ..

Quando foram avaliadas as áreas de atuação profissional dos responsáveis pelas postagens dos vídeos, dentro dos grupos […], foi possível observar que, dos 11 vídeos analisados no grupo a favor do movimento antivacina, um era de profissional da saúde, sendo um médico que se apresentava como inserido na medicina tradicional e alternativa, enquanto que os outros 10 vídeos eram de canais em que não havia especificação da formação ou área de atuação. Também não houve relato de opinião de outros profissionais da área da saúde em nenhum destes 10 vídeos. (COSTA; VIEGAS; MOREIRA; ABREU, 2020, p. 226).

Ainda, em vídeos postados contra o movimento antivacina, foram postados 37 vídeos, sendo que desses, 10 eram de autoria dos profissionais da saúde, com a maioria sendo de médicos, e 11 vídeos de pessoas sem especificação da área de atuação e outras 16 eram de áreas diversas de atuação.

A grande maioria dos vídeos compartilhados pelos profissionais de saúde foi feita devido a grande preocupação com a disseminação de notícias falsas sobre vacina, principalmente pelo fato de que doenças controladas e erradicadas do Brasil passaram a apresentar novos casos devido ao movimento antivacina, que estimula aos pais não vacinar seus filhos. (COSTA; VIEGAS; MOREIRA; ABREU, 2020).

Tendo em vista o grande número de videos postados na plataforma, é interessante também conhecer aqueles que permanecem como mais relevantes ao longo do tempo, que possuem potencial de influenciar mais pessoas. Neste sentido, foi possível identificar que 7 vídeos contra o movimento antivacinação, que apareceram na primeira etapa da pesquisa, continuaram entre os mais relevantes, mostrando que eles ainda têm forte influência nesta plataforma. (COSTA; VIEGAS; MOREIRA; ABREU, 2020, p. 227).

Com isso, os vídeos pelos quais os profissionais da saúde e demais pessoas engajadas com o rompimento do movimento antivacina buscam informar a população do que é uma vacina e qual a sua importância, principalmente quando falamos em tempos pandêmicos, em que a vacina é a principal solução encontrada pela ciência e pela tecnologia para diminuir a gravidade do vírus e controlar a sua disseminação, sempre visando a contemplar a relevância de políticas públicas de incentivo e financiamento a estudos relacionados a produção de vacinas e a sua utilização em prol da saúde pública.

PERSPECTIVAS FUTURAS

A democratização da internet e seu uso, que já é considerado em alguns países como direito fundamental, é importante para que a sociedade como um todo possa evoluir de maneira mais rápida e democrática, pois agora um maior número de pessoas tem acesso a informações que antes eram privilégio de pessoas que poderiam pagar por elas. Ocorre que como toda grande mudança nas relações sociais advindas da tecnologia, em conjunto dos benefícios se integram também algumas contingencias relacionadas ao assunto.

Na questão do Youtube, o que se pode vislumbrar, é a existência de algoritmos que alimentam cada vez mais as pesquisas das pessoas, com coisas bastante semelhantes do que elas pesquisaram anteriormente. Por isso, pessoas que entram em canais de conspiração, o seu viés de confirmação é sempre reiterado, com conteúdos semelhantes e que confirmam o que a pessoa já acredita, sem contraponto lógico.

Na pesquisa sobre Paramídia também se constata a ideia da “leituracentrífuga”, um conceito da pesquisadora Elen McCracken sobre eBooks no Kindle. Enquanto a leitura centrípeta estimula a absorção (como um livro, um artigo longo), a pesquisa sobre paramídia notou que o YouTube e estimula a leitura centrífuga, baseada em tags e no que o usuário já assistiu. Ou seja, um mecanismo de reafirmação, reafirmando a mesma “veritas” adinfinitum, sem necessariamente exigir contraponto ou verificação. Em outras palavras, o YouTube e outras redes que constroem inadvertidamente essas “bolhas” acabam por criar um efeito de fascismo na sua leitura: o controle, ao invés de vir de um agente autoritário, vem do protocolo da rede, do algoritmo e, em última análise, da lógica de mercado que gravita em torno do que o consumidor quer. O que entende-se é que informação e cultura, até o estado atual das coisas, não foram balanceadas propriamente (LUTAV, 2018, p. 18).

Aliado a isso, ainda existem técnicas diferenciadas para que além de o conteúdo se apresentar disponível na plataforma, ele seja compartilhado de forma eficiente para encontrar o maior número de pessoas possíveis, gerando engajamento, fama e muitas vezes retorno financeiro a pessoa que publicou o vídeo com informações falsas. Dito isso, se demonstra que esse não é um movimento desorganizado e que não tem outros meios para a sua divulgação entre diversas redes sociais e fóruns de compartilhamento

Com isso, a moderação das plataformas apresentam ao menos alguma eficácia em mitigar desinformação sobre saúde pública, mas as plataformas ainda não têm recursos para avaliar todos os conteúdos (SANTOS, 2021). Isso se dá, porque o compartilhamento de conteúdos ocorre de maneira ininterrupta em qualquer hora e local, fazendo com que seja impossível existir uma curadoria que possa avaliar todos os conteúdos, fazendo com que a desinformação e as noticias falsas sejam amplamente divulgadas.

Assim, as estratégias de multiplataformas demonstram grande fragilidades e desafios da moderação de conteúdo ao que diz respeito a Covid-19, particularmente sobre os tratamentos e a vacina contra a doença, demandando uma atuação conjunta de diversas empresas e da sociedade. Essa dificuldade se apresenta em elevado grau exatamente no que tange a questão de que o conteúdo, mesmo que seja gerado primariamente no Youtube, é compartilhando em centenas de outras plataformas, que muitas vezes não conseguem controlar os conteúdos, devido a questões de privacidade e criptografia

Com isso, a maior parte da visibilidade de vídeos é derivada da captura de usuários por links chamativos, que na maioria das vezes são plantados em grupos do Facebook. Isso demonstra que a narrativa se retro alimenta e cada vez mais produz conteúdos que dentro de suas bolhas, fazem gerar mais engajamento e visualizações entre os perpetradores de mentiras nas redes sociais.

Mesmo que a plataforma Google, a qual atualmente representa o Youtube, age filtrado os websites como conteúdo sensível, de forma a resguardar os endereços nos resultados de pesquisa, os seus próprios mecanismos de anúncio acabam sendo utilizados para capturar uma receita publicitária pela geração de tráfego. Isso gera um grande aumento na produção de conteúdo anticientífico o que pode ocasionar em ainda mais danos para as pessoas que estão sendo prejudicadas pela produção de noticias falsas e enganosas.

Como um artifício usado na manutenção desses conteúdos, a produção da desinformação pode migrar para plataformas alternativas sendo essa uma tática para escapar da moderação de conteúdo reproduzindo as fakes News em sites próprios e multiplicando-os em massa. Assim, mesmo que os conteúdos sejam retirados do Youtube ou de sites mais formais, eles estarão também na mídia alternativa criada pelos próprios perpetradores de fake news, fazendo com que o problema se agrave cada vez mais.

Assim, a maior parte da circulação e do consumo da desinformação acontecem através de links nas mídias sociais mainstream, e quando se tornam suscetíveis a remoções, são replicadas em outros meios, para que continuem passando sua nefasta mensagem. Baseado nisso, podemos entender o elevado grau de complexidade envolvido na questão, pois a batalha se dá em diversas frentes, plataformas e meios de divulgação de conteúdo. (SANTOS, 2021, p. 156)

Contudo, tal discussão ocorre em meio a outras discussões bastante polêmicas, as quais envolvem a proteção de dados, a questão da privacidade e do direito à livre expressão. Por esse motivo, é necessário que a narrativa de fatos inverídicos seja discutida na sociedade, para que as pessoas possam saber diferenciar as noticias falsas das noticias verdadeiras.

O resultado disso é um dilema entre controle e exposição que repropõe as infraestruturas da web para espalhar conteúdo falso e monetizar a audiência por meio da venda de publicidade digital, mas sem conseguir escapar completamente das plataformas de mídias sociais. É necessária muita nuance e cautela para analisar esses conteúdos, visto que eles precisam das redes sociais para sobreviver, o que pode gerar um aumento no cuidado sobre a curadoria de notícias e informações compartilhadas na rede.

Com isso podemos visualizar que o combate a desinformação, além de ser bastante complexo, precisa ser constantemente aprimorado, pois as pessoas que geram conteúdo falso, tentam a todo tempo se moldar as regras das plataformas para continuar atuando e se beneficiando do compartilhamento do seu conteúdo.

Isso pode ser ilustrado facilmente pelos títulos que propagam curas para a Covid-19 ou a eficácia da cloroquina, remédio que já se demonstrou ineficaz para curar a doença. Da mesma forma, a literatura relacionada vem demonstrando que essas inverdades são apenas parte do problema. Com isso, variedade das mensagens e temas aponta para uma prática integrada de desinformação que mescla gêneros de distorções, sensacionalismo e links chamativos (SANTOS, 2021).

Assim a desinformação pode ser encarada como uma busca afetiva, em que são enceradas com informações úteis para estender um estado emocional de conforto e proteção durante uma severa crise sanitária, é visto como um apelo afetivo, que por vezes é feito da forma mais cruel e explora o otimismo, um desejo coletivo da comunidade.

Esse tipo de narrativa, consegue chegar no mais intimo do ser humano, dando a ele uma sensação de pertencimento bastante agradável, que pode compensar o medo e a insegurança que sente ao se colocar em uma posição desconhecida, como foi a pandemia que surge como algo bastante novo para todas as pessoas. Por isso esse tipo de notícia falsa tem tanto sucesso, visto que existem diversos exemplos onde para sentir um pouco de conforto, a pessoa tende a negar a realidade e se ater a fatos que para ela são mais benéficos. Essa síndrome de Estocolmo é bastante maligna, e gera vítimas da desinformação, que muitas vezes podem até mesmo perder as suas vidas por acreditarem em narrativas negacionistas e mentirosas.

Com políticas públicas direcionadas a informação correta, com uma legislação preventiva, mas também eficaz, fica mais próxima a diminuição do compartilhamento de fake news, para que assim o conhecimento científico e consiga prevalecer entre a sociedade, fazendo com que o Estado se empenhe em promover o bem-estar e o direito à saúde a cada cidadão (BORGES; CERVI; PIAIA 2020)

Baseado no que falamos, conseguimos entender como todas essas narrativas se apresentaram no mundo em tempos de pandemia, e porque o seu compartilhamento não é algo fácil de se combater. Aliado a isso, e também a vontade dos seres humanos em acreditarem em realidades mais benéficas, chegamos ao cerne do perigo, e do poder que narrativas falsas têm de influenciar pessoas e suas decisões mais íntimas.

 

REFERÊNCIAS:

BORGES, Gustavo Silveira; CERVI, Taciana Damo; PIAIA, Thami Covatti. O informacionalismo como uma ameaça ao direito humano à saúde em tempos de pandemia: as aporias da Covid-19 e os desafios da comunicação humana. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, v. 21, n. 1, p. 139-166, 2020. DOI:10.18759/rdgf.v21i1.1817. Disponível em: https://sisbib.emnuvens.com.br/direitosegarantias/article/view/1817. Acesso em: 17 jul. 2021.

BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. YouTube e a Revolução Digital: como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. Textos de Henry Jenkins e John Hartley ; tradução Ricardo Giassetti. – São Paulo : Aleph, 2009.

COSTA, Bianca Barros da; VIEGAS, Daiane de Jesus; MOREIRA, Thamyris Almeida; ABREU, Paula Alvarez. O movimento antivacina no YouTube nos tempos de pós-verdade: educação em saúde ou desinformação?. Revista Mídia e Cotidiano, v. 14, n. 1, p. 220, 19 fev. 2020. Pro Reitoria de Pesquisa, Pos Graduacao e Inovacao – UFF. http://dx.doi.org/10.22409/rmc.v14i1.38210. Disponível em: https://periodicos.uff.br/midiaecotidiano/article/view/38210. Acesso em: 28 out. 2021

LUTAV, Sergio. Paramídia: controles algorítmicos: Os mecanismos que multiplicam fake news, conspirações e bolhas ideológicas. Revista Inteligência Empresarial, v. 40, 17–19. 2018. Disponível em: https://inteligenciaempresarial.emnuvens.com.br/rie/article/view/28. Acesso em: 28 out. 2021.

NASCIMENTO JUNIOR, Lindberg; REGINATO, Vivian; MELIANI, Paulo; MENEGON, Fabrício; RIBEIRO, Eduardo. Popularização das informações a partir do canal do Youtube do projeto CORONAGIS. Metodologias e Aprendizado, v. 3, p. 176-183, 10 ago. 2020. Instituto Federal Catarinense. http://dx.doi.org/10.21166/metapre.v3i0.1360. Disponível em: https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/metapre/article/view/1360. Acesso em: 28 out. 2021.

SANTOS, Marcelo Alves dos. Clones do YouTube: replataformização da irrealidade e infraestruturas de desinformação sobre a covid-19. Fronteiras – Estudos Midiáticos, [S.L.], v. 23, n. 2, p. 140-159, 14 set. 2021. UNISINOS – Universidade do Vale do Rio Dos Sinos. http://dx.doi.org/10.4013/fem.2021.232.10. Disponível em: http://www.revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/22577. Acesso em: 25 out. 2021.

SOUSA, Thais Vilela de; MELCHIOR, Lorena Morena Rosa; GONDIM, Micaelle Costa; SILVA, Ricardo Costa da; CARVALHO FILHA, Francidalma Soares Souza; MORAES FILHO, Iel Marciado de Moraes. COVID-19: A importância da pesquisa científica. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, v. 9, p. 573-575, 2020. DOI:10.36239/revisa.v9.nEsp1.p573a575. Disponpivel em: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/610. Acesso em: 01 jul. 2021.

STURZA, Janaína Machado; TONEL, Rodrigo. Os desafios impostos pela pandemia covid-19: das medidas de proteção do direito à saúde aos impactos na saúde mental. In: R. Opin. Jur., Fortaleza, ano 18, n. 29, p.1-27, set./dez. 2020. DOI: 10.12662/2447-6641oj.v18i29.p1-27.2020. Disponível em: https://periodicos.unichristus.edu.br/opiniaojuridica/article/view/3267. Acesso em: 01 jul. 2021.