Não é de hoje que temos diversas discussões acerca da inteligência artificial e seu avanço no mundo profissional. Trabalhadores de diferentes ramos – inclusive acadêmicos – temem perder postos de trabalho devido à eficiência da máquina em realizar processos melhores e em menor tempo que um colaborar convencional.

No campo da ciência e tecnologia de alimentos não poderia ser diferente. Cientistas estão receosos com o avizinhamento de inteligências artificiais capazes de escrever textos autônomos com enorme profusão de detalhes, como iniciou o já famoso ChatGPT. Mas será que essa possibilidade é real? Isso iremos discutir no texto de hoje!

A ciência de alimentos é uma área interdisciplinar que estuda os aspectos físicos, químicos e biológicos dos alimentos, bem como as técnicas utilizadas para processá-los, armazená-los, preservá-los e distribuí-los. É um campo que abrange desde a produção de alimentos até a sua utilização pelo consumidor final.

Os profissionais da ciência de alimentos trabalham em uma variedade de áreas, incluindo pesquisa e desenvolvimento de produtos alimentícios, segurança alimentar, regulamentação de alimentos e marketing de alimentos. Eles usam conhecimentos em química, biologia, microbiologia, engenharia, nutrição e outras áreas para estudar e melhorar a produção e a qualidade dos alimentos.

 

Imagem: Rede de IA ALPHAFOLD 2, desenvolvida pelo Google, prediz o comportamento e configuração de proteínas. O feito é revolucionário e promete remodelar também a maneira como cientistas trabalham com modelagem de moléculas orgânicas [1]. Na imagem, estrutura de proteína predita por IA.

Com medo das novas possibilidades baseadas em redes neurais, computação quântica, machine learning e análise prescritiva de dados, profissionais da área científica de alimentos visam buscar respostas sobre a maneira como a academia lidará com mudanças tão radicais em suas estruturas. Será que esse será o fim do homem com trabalhos científicos?

A IA pode ajudar os cientistas de alimentos em muitas tarefas, desde a análise de grandes conjuntos de dados até o desenvolvimento de modelos preditivos. No entanto, a IA ainda não é capaz de substituir completamente um cientista de alimentos.

Os cientistas de alimentos têm habilidades e conhecimentos especializados que vão além da simples análise de dados. Eles também têm uma compreensão aprofundada de como os alimentos interagem com o corpo humano, como as diferentes técnicas de processamento de alimentos afetam sua segurança e qualidade, e como a tecnologia e a inovação podem ser aplicadas para melhorar a produção de alimentos.

Além disso, os cientistas de alimentos frequentemente trabalham em colaboração com outras áreas, como engenheiros, nutricionistas e especialistas em marketing, para desenvolver novos produtos e melhorar a cadeia de produção de alimentos. Essa interação humana e trabalho em equipe é importante e difícil de ser replicada por IA.

Apesar de ficarmos receosos com tantas mudanças, não há base para acreditarmos que o ser humano será permanentemente excluído de trabalhar com suas potencialidades intelectuais. O mais provável, em vista dessas alterações, é que exista uma ruptura na cultura e comportamento organizacionais dentro das academias e centros de pesquisa. Como esse fenômeno ocorrerá, no entanto, dependerá da forma como interagirmos com essas novas tecnologias a um nível bem pessoal.

Em busca de uma cultura ciborgue!

Pesquisadores acreditam que haverá uma convergência na maneira como grupos de pesquisa se integrarão com os recursos tecnológicos e os dados coletados. Muitos chamam o fenômeno de convergência científica, em que equipes polímatas, que reúnem pesquisadores de diferentes segmentos, colaborarão com agentes artificiais [2]. O fenômeno será um passo para criar equipes mistas humano-máquina.

Como isso afetará a ciência de alimentos? Existem diferentes hipóteses sobre os benefícios desses algoritmos ao campo científico, sobretudo o de alimentos.

O ChatGPT pode ajudar os cientistas de alimentos a analisar grandes conjunto de dados, como resultados de testes sensoriais, dados de produção de alimentos e informações nutricionais. Isso pode ajudar os cientistas de alimentos a identificar tendências, padrões e relações que podem ser difíceis de detectar manualmente.

O Chat também pode afetar o campo de desenvolvimento de novos produtos, além, é claro, da segurança alimentar. O mecanismo promete ajudar a melhorar a segurança, identificando os pontos críticos de controle na cadeia de produção de alimentos e prevendo possíveis riscos de segurança alimentar.

Em resumo, o ChatGPT pode ajudar os cientistas de alimentos a analisar dados, desenvolver novos produtos, melhorar a segurança alimentar e atender às necessidades dos consumidores, entre outras coisas.

A maneira como integrarmos essa ferramenta no portfólio dos cientistas implicará no modo como o Chat estará em uso no trabalho científico. A convergência de equipes ciborgue é uma das possibilidades de maior renome no meio profissional, porém para chegarmos a ela dependerá exclusivamente da vontade humana.

Espero que esse texto tenha sanado dúvidas a respeito do ChatGPT e como lidar com a inteligência artificial. A revolução das máquinas já está começando, mas não precisamos temer nada enquanto tivermos o espírito criativo da humanidade! Obrigado pela leitura e até a próxima redação!

 

Referências                                           
[1]: TAVEIRA, Iasmin. Rede de inteligência artificial desenvolvida pelo Google é apontada como revolucionária para biotecnologia. Portal Ilha do Conhecimento, 04 dez. 2020.
[2]: TECNOLÓGICA, Inovação. Ciência passará a ser feita por equipes ciborgues?. Portal Inovação Tecnológica, 04 ago. 2022.

 


Esse texto faz parte do concurso Chat GPTuring. Sua missão é ler todos os textos da semana do dia 06 a 10 de março e adivinhar quais parágrafos foram produzidos pelo Chat GPT e quais são do ser humano. Para participar, junte todos os textos em um documento no formato PDF e marque em vermelho os parágrafos que foram escritos pelo Chat GPT (deixe sem marcar os dos humanos). Envie esse documento para [email protected] até o dia 19/03. O assunto do e-mail deve ser “Concurso Chat GPTuring”. Ganha quem acertar mais parágrafos. O critério de desempate é quem enviou primeiro.

O prêmio é o livro “Vida 3.0: O ser humano na era da inteligência artificial” do Max Tegmark” na versão digital ou, pra quem mora no Brasil, a versão física, se preferir. Além disso, o vencedor vai poder participar da gravação de um recado do SciCast pra contar sobre como fez pra descobrir os parágrafos, mas pra isso precisa ter um microfone razoável.