Em viagem de férias, tive o privilégio de conhecer um pedaço do paraíso na Terra. A Chapada Diamantina. Esse tipo de região, com tantos dos chamados atrativos turísticos, lugares de contemplação, de beleza impressionante, é um prato cheio para o turismo. Adianto que não sou turismóloga. Sou geógrafa, e a análise que segue é realizada a partir da minha vivência como turista (ecoturista?) não só na Chapada Diamantina, mas também em outras viagens com o mesmo perfil.

Para início de conversa, turismo sustentável é aquele que procura minimizar os impactos negativos e potencializar os benefícios que a atividade turística pode causar a um determinado espaço. Na prática, isso é possível?

A prática do turismo, a viagem por lazer, implica um personagem peculiar: o turista (claro). É o turista, o forasteiro, que viaja atrás de peculiaridades: Paisagens, museus, teatros, atividades esportivas… por aí vai. Coisas que, para os residentes (nativos ou não), são  cotidianas. O potencial turístico de algum lugar é o quanto esse lugar oferece de possibilidade de atrair o tal turista.

O ponto de reflexão que eu desejo apontar é: É mais difícil encontrar beleza ou oportunidade – ou valorizar simplesmente – o que nos é cotidiano. Portanto, a visualização do potencial turístico e os investimentos necessários para a exploração turística de algum lugar quase sempre são atitudes do forasteiro.

As regiões de turismo consolidado, por exemplo, Campos do Jordão (SP) e Tiradentes (MG), fazem desse tipo de prestação de serviço a principal fonte de renda da população. A atividade gera empregos para a população e impostos para o município. Porém, como já disse, a valorização do turismo local, em geral, é uma atividade realizada por pessoas não nativas, o que não geraria renda para essa população. É claro, nessas localidades a maior parte das pessoas vive do turismo. Trabalham em pousadas, são guias, servem ou cozinham em restaurantes, mas, em geral, os donos desses empreendimentos são forasteiros.

Como, então, gerar renda para essa população local? Como fomentar o empreendedorismo voltado à prática do turismo em suas regiões? Sinceramente, não sei. Na cidade de Ibicorara (BA), observei alguma movimentação a esse respeito. Para a visitação à Cachoeira do Buracão (ponto obrigatório em visitas à Chapada Diamantina!!) é obrigatória a presença de um guia. Esse serviço, em geral, é feito pelos nativos. Além disso, existe, por parte do pessoal da Associação de Guias Bicho do Mato, o incentivo do trabalho pelos nativos.

Não obstante, o turismo sustentável não diz respeito apenas a geração de renda. É necessário refletir também sobre quem são os turistas e qual turismo fazem (ou turistas fantásticos e os lugares que visitam). Existem tipos e tipos de viagens, lugares, pessoas, atrativos a serem conhecidos. A sustentabilidade está em estar a par com o lugar que você visita.

Nisso, titia deixa o recado: Respeite o lugar que você está visitando, mas, além disso, respeite as pessoas que chamam esse lugar de lar. É importante respeitar os costumes do lugar, se adequar a eles, e fazer com que sua viagem só gere os impactos positivos para todos os envolvidos.

 


Gabriela Avelino, vice trem do subtroço. PhD em papo de boteco e em ouvir os “caso dozoto”