Gael tinha acabado de ganhar mais uma luta de MMA, sua primeira no exterior. Estava sentado descansando dentro da sala de recuperação enquanto escutava alguma música do momento, já tinha recebido os parabéns pela vitória da equipe, do treinador e de seu empresário, Xavier.

Hoje, era seu aniversário de 19 anos, estava muito feliz, eufórico e nada cansado, foram apenas dois meses de treinos desde a chegada à nova cidade. Seu empresário estava muito feliz, o garoto parecia ter muito talento, ele o viu lutar ainda no Brasil e fez de tudo para trazê-lo.

Escutou umas batidas, retirou os fones para abrir a porta. Era um entregador que não esperou a porta ser aberta e perguntou se era o senhor Martim, porém, quando viu que era um garoto, entregou o pacote em nome do irmão dele, Isaac, e deu os parabéns pela vitória e pelo aniversário.

Quando Gael tocou na caixa, sentiu uma energia diferente, abriu rapidamente, e viu que tinha um bilhete do irmão e um belo cordão dourado com uma medalha de um fera com detalhes em ouro alaranjado. O bilhete dava os parabéns pela provável vitória e pelo aniversário.

Isaac morava em uma cidade no estado vizinho, era 9 anos mais velho e vivia lá desde que saiu do Brasil. A mensagem ainda dizia que estava ansioso para o encontro deles no final de semana e esperava que gostasse do presente, tinha comprado há quase seis meses na Europa e achado a cara dele.

No momento em que colocou o cordão, sentiu uma energia fluir em forma de calor, a mesma que sempre sentia antes de começar uma luta, dava uma explosão de adrenalina e disposição. Agora, sentia que ainda poderia fazer mais duas lutas e correr até o centro da cidade a tempo de conferir o show da banda de rock que achava incrível.

Rapidamente desistiu da ideia, que achou tola, o estômago lembrou de um hambúrguer caprichado que ficava perto dali. Guardou suas coisas e saiu sentindo o gosto de sua refeição predileta desde que chegou na cidade.

Quando chegou lá, presenciou uma confusão, um homem calvo visivelmente embriagado, acompanhado de outro, gritava com uma mulher que poderia ser esposa ou namorada e reclamava de algo sobre traição. Estava alterado e fedia a alguma bebida que Gael não reconhecia.

O homem alterado bateu na mulher com um tapa. Ao preparar um soco, Gael interferiu e jogou o agressor mais longe do que esperava. Isso fez o outro tirar uma faca bem grande da cintura.

— Vamos ver se teu jiu jitsu vai te salvar agora, moleque — partiu em direção de Gael.

Mostrar aquela faca, fez o restante dos clientes fugir em pânico, enquanto que o gerente do estabelecimento falava com a polícia pelo telefone. Gael sentiu uma explosão de energia, golpeou com um soco o punho do outro homem, talvez quebrando algo, seguindo com uma joelhada que fez aquele homem desmoronar em dor.

Depois de algumas horas conversando e falando tudo à polícia, ele ganhou três hambúrgueres, que comeu saboreando cada pedaço.

Liberado, Gael voltou para casa, um estúdio simples que ficava perto do local de treino, relaxou com um banho e foi se deitar. Ficou pensando sobre o dia que teve, tentou tirar o cordão, mas não conseguiu, porém o sono era forte e não conseguiu pensar a respeito disso. Naquela noite, sonhou com uma cidade num lugar mais alto que as nuvens, onde pessoas bem diferentes viviam por muitos e muitos anos.

O final de semana com o irmão foi incrível, conheceram vários lugares na cidade, falaram sobre a infância deles e sua família, terminaram por combinar uma visita de Gael ao irmão no próximo feriado.

Depois de três semanas, Gael foi liberado para voltar aos treinos. No primeiro dia, tudo ocorreu normalmente. Ele sempre ficava um pouco mais fazendo algum exercício para compensar o hambúrguer que comeria em breve, e fechava o local conforme combinado.

Então percebeu que era observado por dois homens, um senhor e um mais jovem que pareciam europeus, o garoto falava com sotaque italiano. Disseram que tinha uma coisa especial, algo que pertencia a eles, assim exigiram que entregasse o cordão e iriam embora.

Gael os chamou de ladrões e avisou que não entregaria nada, alertou que se machucariam, caso tentassem algo. O mais jovem ficou ofendido por ser chamado de ladrão e correu numa velocidade incrível, Gael se assustou, mas bloqueou o ataque para espanto do jovem e, com um grande reflexo, conseguiu imobilizar o agressor.

— O que é isso? Você não é normal! — falou Gael surpreso com o rapaz que conseguira se soltar aplicando um chute.

O rapaz pediu o cordão em tom de ameaça, não queria machucar Gael e reclamou que já estava vendo demais.

— Não vou entregar nada, foi um presente do meu irmão — disse Gael encarando o rapaz e procurando por seu celular.

— Entendi, vou ter que arrancar de você — gritou o rapaz partindo numa velocidade ainda maior.

Enquanto isso, o segundo homem observava a luta ainda mais atento e interessado, porém a intuição dele avisou muito tarde que a luta estava indo por um caminho ruim. Gael outra vez se protegeu imobilizando o adversário com uma chave de braço, tal movimento deixou o rapaz muito irritado que fez uma aura de energia aparecer para escapar de Gael.

Nesse momento, aquele rapaz perdeu a cabeça e aplicou um chute que mataria uma pessoa normal, o outro homem tentou avisar, mas era tarde. Partes de proteções de um metal dourado surgiram se prendendo e protegendo Gael (podem imaginar a música e som das partes da armadura se aderindo ao corpo dele como no anime original), isso jogou o jovem rapaz para o outro lado da sala.

Em fúria, o rapaz fez uma posição de combate, algo brilhou no peito dele e uma armadura apareceu o protegendo também. Gael ainda estava atônito olhando para seus braços e para o outro rapaz.

— Você não é digno! Tire já! — exigiu o rapaz completamente alterado.

— O que está acontecendo? O que é isso? — perguntava Gael.

— Seu pior pesadelo! Eu! — disse o rapaz explodindo em velocidade contra Gael.

— Eros, chega! Temos que derrubá-lo juntos! — avisou o homem que foi ignorado.

Enquanto Eros avançava ferozmente, Gael foi guiado pela armadura para atacar instintivamente com uma poderosa e mortal cotovelada. Milissegundos antes de se acertarem, o outro homem se meteu entre os dois defletindo os golpes e acabou os jogando para lados opostos.

— Elio, por quê!? — falou irritado Eros enquanto se levantava.

— Que loucura é essa? Como conseguiu nos derrubar tão rápido? — disse Gael surpreso do outro lado.

— Muito bem, acho que ela já se decidiu, estávamos enganados pelo jeito — disse uma outra pessoa que observava tudo.

Eros e Elio ficaram surpresos com a figuraça que acompanhava tudo, baixaram as cabeças e o escutaram com atenção. Era um senhor de quase 50 anos, cabelos castanhos com fios prateados, pele levemente morena e origem oriental.

— Gael, não é? Gostaria que viesse conosco à Grécia, quero explicar tudo a você com calma, sua vida acaba de mudar para sempre — disse o senhor com um grande sorriso.

 

Espaço do escritor

Essa pequena homenagem veio a minha cabeça há quase um mês, uma história inspirada em cavaleiros do zodíaco. Quando soube que a fraca e apressada série produzida pela Netflix iria continuar em outro streaming. Poxa, será que não é possível fazer algo legal, novo, mais próximo dos dias atuais? Vamos continuar fazendo remakes e recontando as mesmas histórias? O Guaxa fez algo tão legal há alguns anos atrás no RPGuaxa.

Então veio essa história de um jovem que “ganhou” (na realidade foi escolhido) uma armadura dourada, algo que mudaria sua vida para sempre.

 

Essa história é inspirada em Saint Seiya de Masami Kurumada.