Essa resenha é uma parceria do Portal Deviante com a Cia da Letras, que disponibiliza livros do seu catálogo para os nossos redatores escreverem as resenhas. Livro de hoje: “O Clube dos Anjos”.

Se vocês ainda precisam de um motivo para ler O Clube dos Anjos, a resposta é simples: Luis Fernando Verissimo. Como é brilhante!

O livro é pequenininho, 141 páginas. É daquele tipo feroz e voraz, sabe? Daqueles que quando começamos a ler pode acabar o mundo, pode tudo, estamos tão inertes e presos no universo e só o que queremos cada vez mais é ler. É como a gula. Elemento, ou pecado, chave da história do livro.

O texto conta a história de um clube de amigos, que tem início institucional na juventude deles. Tal clube é um pretexto dos integrantes, é um espaço de segurança pra eles, de permissividade, onde podem ser de tudo, inclusive eles mesmos.

Luis Fernando Verissimo vem jogar na nossa cara com esse livro que o peixe morre mesmo é pela boca e morre melhor se ele escolher morrer. Afinal de contas, como disseram por aí, o peixe é um animal inteligente e consegue se desviar de certos percalços durante a vida, inclusive petróleo.

Bom, mas voltando ao livro. O narrador do texto sempre nos lembra de sua humanidade, seu caráter falho e porque não, a canalhice. Dele e de seus amigos. Mostra a importância do grupo para serem quem eles são. E é isto que é delicioso nos textos do Verissimo, existe um quê de cinismo, é quase como se zombasse de nós, e por que não faria né? É interessante ler um personagem cínico, desiludido da vida, canalha e fracassado que aponta para nós o dedo. É como se dissesse “eu sei que você também é assim”. E em alguns momentos ele te diz mesmo, o narrador faz pontuações e conversa com o leitor.

Para mim, a leitura do livro não foi de uma pessoa a parte da história, espectadora. Eu estava lá. Estava lá nos pensamentos do Daniel, o narrador, quando ele questiona seus relacionamentos com as namoradas, ou quando começa a falar dos seus amigos que integram do Clube do Picadinho. É quase como se ele, ao escrever a história, estivesse contando para mim tudo. Como se estivéssemos sentados à mesa, esperando o jantar de Lucídio.

A leitura é leve, dinâmica e imersiva. É um deleite um texto assim, cruel, verdadeiro, engraçado e ainda assim nos deixa com um gostinho de quero mais. Leiam!

Ah, sobre a imagem da capa do texto, o peixe é um Fugu. Entendedores entenderão!