Quando me pediram para ler e resenhar Guardiões Elementais confesso que fiquei tensa. Eu sabia que um livro escrito pelo Guilherme Vertamatti estaria recheado de lendas e mitos – mas eu sou a maior leiga no assunto e achava que não ia gostar da obra pelo simples fato de perder todas as referências e ficar “boiando” na história. Mas não foi isso que aconteceu. A cada página que eu lia tinha certeza que este não é um livro só para quem gosta de mitologia. É também para os leitores que gostam de aventura e batalha, para quem admira as versões do clássico bem-contra-o-mal, e acima de tudo, para quem aprecia uma boa história.

É muito interessante ver como o autor – Guilherme Vertamatti – consegue entrelaçar uma narrativa cativante com inúmeras referências de lendas e jogos. E mesmo eu, uma pessoa incapaz de manejar um joystick e que nunca se interessou pelas lendas e mitos da antiguidade, sou capaz de apreciar como tudo se encaixa em uma história cativante que me prendeu e me fez querer ler mais.

[contém pequenos spoilers do plot]

Guardiões Elementais conta a saga de Vitor, um homem aparentemente comum apaixonado por sua esposa e filhos, que tem recorrentes sonhos que envolvem magia e sua família. Em uma visita romântica com sua esposa ao Stonehenge, ele descobre ser descendente de um grande guerreiro e que carrega em seu sangue o poder do elemento água. Completando o quarteto de guerreiros elementais estão sua esposa (Diana, ar), sua irmã (Marcela, fogo) e seu cunhado (Gustavo, terra). Vitor e sua família aprendem sobre seus destinos com um ilustre mestre que veio buscá-los para cumprir a missão de salvar o mundo do Rei Sombra.

Deste momento em diante, acompanhamos a saga de nossos herois para aprender e dominar seus poderes e usá-los contra adversários poderosos e controlados pelo pelas sombras do mal. Mais do que batalhas, os guardiões trilham um caminho de autodescoberta que reforça seu amor uns pelos outros e sua vontade de salvar o mundo. Seus adversários não param de surpreender – desde criaturas mitológicas até entidades veneradas como deuses aparecem no caminho e precisam ser vencidas. Para ajudar nessa guerra, os guardiões contam com generais, pessoas próximas que também terão alguns poderes acordados pela magia. E aqui o conhecimento do autor sobre mitologia e história surge com força já que todos os poderes, inimigos e generais que encontramos no livro têm referência em lendas e mitos de diversos povos ao longo da história.

O grande triunfo do autor está em costurar estes tantos mitos e referências e ainda assim manter a história coerente mesmo para os leigos nesse assunto. Certamente um leitor com mais conhecimento sobre mitologia entenderá as referências como mais facilidade e poderá perceber mais rápido o desenvolvimento da história, mas, mesmo se você for completamente leigo, eu prometo que o livro vai te envolver.

Sendo um dos grandes pilares desta história a luta do bem contra o mal, é normal que certas partes sejam previsíveis. Mas Guardiões Elementais te prende não pelo “o que” vai acontecer mas pelo “como” – você quer descobrir quem é a criatura no outro lado da batalha e como ela será derrotada, mesmo que o resultado do embate seja óbvio. O leitor fica engajado em acompanhar o desenvolvimento dos guardiões a cada luta e fica intrigado com as descobertas que vão sendo feitas pelo caminho – e são essas pequenas pedras preciosas durante a narrativa que tornam essa obra tão divertida de ler.

Assim como o valor narrativo, a principal lição do livro não está no já batido “o bem sempre vence no final”, mas sim no seu desenrolar. Os guardiões jamais teriam derrotado o Rei Sombra, se não tivessem seus amigos e aliados a seu lado. Amigos estes que se tornaram seus generais, lutaram batalhas e construíram diversas coisas incríveis que possibilitaram os quatro guardiões elementais chegarem à batalha final. Mas sem os aliados – entidades que foram sendo salvas pelo caminho – eles jamais sequer teriam descoberto onde o Rei estava e como vencê-lo. A importância de fazer o bem e acima de tudo e de lutar por ele, é o que permitiu que nossos modernos Cavaleiros da Távola Redonda trilhassem seu caminho até o final.

Por tudo isso, fica minha recomendação de leitura – independente de idade ou conhecimento prévio de mitologia. Os leitores mais jovens certamente vão se entreter com as batalhas e descobertas surpreendentes, enquanto os mais experientes vão apreciar o desenrolar da narrativa recheada de pequenas descobertas ao longo do caminho. Tudo isso torna esse livro especial – além do fato dele ter sido escrito por uma mente deviante.

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