Atualmente nas escolas falamos muito sobre o protagonismo juvenil, e que os educadores precisam estimular o protagonismo dos alunos. Em contraponto vivemos em uma geração em que tudo está a menos de um clique de distância. Então como conseguir desenvolver essa habilidade nos estudantes?

Uma das formas  para desenvolver o tão desejado protagonismo juvenil é o incentivo à pesquisa. O ensino por meio de projetos tem sido colocado como uma das mais atuais ferramentas da educação, mas vamos analisar o que está por trás. Como se desenvolve um projeto? Como o aluno vai saber o que fazer? 

Essas perguntas são respondidas por meio do uso de outra metodologia de ensino muito mais antiga, pelo menos muitos educadores assim acham. A pesquisa, quem nunca fez uma pesquisa, mesmo que pequena na época do colégio? Mas não estou falando do famoso control+C control+V de paginas do google. Estou falando das pesquisas em que lemos alguns textos pra tentar entender, analisar e buscar uma resposta para uma problemática que o professor nos apresentou. Para isso, a iniciação científica é uma ferramenta assertiva.

Figura 1: Tirinha de Nelson Martins de 2010 com título “Copiar e colar”. No primeiro quadro, um aluno diz a outro “Descobri este livro na biblioteca, basta copiar o 3º capítulo e tenho o trabalho de história feito”. No segundo quadro, o aluno que recebeu a informação repassa a um terceiro aluno: “Descobri que o tal livro está online. É só copiar e colar e está o trabalho feito.” E o terceiro menino pensa: “Copiar e colar? Que trabalheira…”. No terceiro quadro, este último menino entrega o trabalho para a professora e diz: “Stóra, pode ler o meu trabalho nesse endereço.” Um zoom na folha que o aluno entrega contém escrito, em uma linha: “http://www.sa…”.

 

Ao estimular um olhar diferenciado para a pesquisa, o professor proporciona ao aluno uma aproximação dos conceitos científicos e das práticas. Alguns pensadores da educação afirmam que não existe ensino sem pesquisa e, da mesma, forma pesquisa sem ensino. Eu particularmente concordo com esta afirmação, pois, ao olhar cuidadosamente para o mundo ao seu redor, é inevitável a associação ou a curiosidade para associar os conceitos aprendidos em sala de aula com o que se vê.

Figura 2: Tirinha escrita por Nelson Martins em 2010 com título “Sentido critico”. Na tirinha, a professora, em sala de aula, se dirige a um aluno: “Xico, podes vir ao quadro ler a tua pesquisa?”. No segundo quadro, Xico lê sua pesquisa: “Gil Vicente foi um dos grandes surfistas da sua geração.” “O que muita gente desconhece é que…”. A leitura continua no terceiro quadro: “…Gil Vicente foi também um excelente alpinista, tendo sido o primeiro europeu a trepar o monte Evereste…”. A professora interrompe: “Ô Xico, mas onde é que foste buscar isso?…”, No quarto quadrinho, Xico caminha de volta ao seu lugar com cara envergonhada enquanto os colegas riem dele e a professora diz: “E o que foi que eu disse no outro dia sobre usarmos o nosso sentido crítico para julgarmos a veracidade da informação?!” E Xico pensa: “Pensava que, se estava no google, era verdade…”.

 

Ao se estimular ainda mais esta forma de pensar, o estudante vai apurando o seu pensamento crítico, sendo difícil de aceitar qualquer coisa como verdade, antes de passar pelo método científico. Mesmo que este método esteja a priori em seus pensamentos.  

Observar, investigar, gerar hipóteses, experimentar, analisar os dados e chegar a uma conclusão vai muito mais além do meio acadêmico.

Trabalhar este método desde muito cedo traz ao aluno um desenvolvimento diferenciado não apenas em suas relações políticas, sociais, mas também no meio acadêmico. O ato de ele buscar o conhecimento por si e não aceitar o que seu professor falou como verdade faz com que mais ligações neurais sejam formadas, pois há o trabalho de mais de uma área na região cerebral.

Quando o aluno aceita o que seu professor disse como verdade ele está estimulando certas regiões cerebrais. Ele não precisa procurar em seus ‘arquivos’ e comparar as hipóteses. O aluno assume que é verdade e parte para a próxima matéria. Mas quando o ato de pesquisar, analisar, formular hipóteses e testar e só então obter uma resposta faz com que ele trabalhe simultaneamente mais áreas em seu cérebro, resultando um maior contato e intimidade com os conceitos que envolvem a problemática.

Figura 3: Tirinha de Gazo de título “Fake news…” Um homem de camisa amarela com um celular na mão, babando de raiva ouve duas crianças conversando. Na conversa, um menino fala a uma menina: “Ontem foi 1º de abril, mas o papai nem percebeu, porque ele se informa apenas pelas redes sociais… ou seja, a vida dele é um eterno 1º de abril”.

Figura 4: Tirinha de Gazo de título “Tiozão do zap…”. Nela, um homem com aparência de uns 60 anos olhando para um celular e com uma representação gráfica de um Corona Vírus em seu ombro diz: “Recebi uma notícia terrível sobre as vacinas. Não chequei a fonte e nem busquei confirmações para saber se é verdade.” O vírus responde: “Por dúvidas ´acho melhor compartilhar!”.

 

Desta forma, o aluno não só consegue se apropriar do conhecimento como também consegue compreender que a ciência não é estática e pronta, mas que o conhecimento é construído ao longo dos tempos. Hoje, o que temos como verdade pode ser derrubado ou refutado no futuro caso alguém consiga comprovar algo diferente. Ou que o que temos hoje como verdade pode não estar completo e precisar de um tempo maior para o desenvolvimento tecnológico para que possamos compreender melhor. Assim, desenvolve-se neste indivíduo um olhar no todo, e não apenas em um único ponto por vezes frágil.

Precisamos de pessoas assim, pessoas com este tipo de olhar e discernimento para que o nosso futuro tenha muitas possibilidades. Agora fica uma pergunta eterna e gritante nas mentes e nos corações dos educadores. Qual sistema de governo gostaria de ter em sua sociedade cidadãos com um poder tão grande, o poder de pensar? 

 

REFERENCIAS

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Vista do A Iniciação Científica no Brasil e sua propagação no Ensino Médio (cruzeirodosul.edu.br)

SciELO – Brasil – Concepções da iniciação científica no ensino médio: uma proposta de pesquisa Concepções da iniciação científica no ensino médio: uma proposta de pesquisa

Iniciação científica no ensino médio: um modelo de aproximação da escola com a universidade por meio do método científico | Revista Brasileira de Pós-Graduação (capes.gov.br)

É possível uma iniciação científica no ensino médio como projeto para divulgação da física moderna e comtemporânea? | Marques | Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas (ufpa.br)

Copiar e Colar – Direitos de Autor na Internet (weebly.com)