O Prêmio Nobel é um conjunto de seis prêmios internacionais concedidos anualmente a pessoas ou instituições que realizam descobertas e contribuições notáveis em áreas fundamentais para a humanidade. Essa premiação foi criada a partir do testamento de Alfred Nobel, químico, engenheiro e inventor sueco conhecido principalmente por ter inventado a dinamite.

Ao pesquisar no Google sobre a forma correta de pronunciar a palavra “Nobel”, encontrei uma resposta que pode ajudar vocês também: A forma correta é com a sílaba tônica em “bel”. A pronúncia segue a mesma regra de palavras terminadas em “el”, como “papel” e “anel”.

Dito isso, gostaria de refletir sobre três pontos interessantes acerca desse prêmio. Primeiro, o desejo de Alfred Nobel em reparar, de certa forma, o impacto negativo de sua criação, que acabou sendo usada para o mal (imagine aqui uma risada maléfica ao fundo). Segundo, sua determinação explícita de que a nacionalidade não fosse um fator na escolha dos premiados. Terceiro, o fato de que, às vezes, o prêmio não é concedido individualmente, mas sim a grupos ou instituições, reforçando a importância da colaboração no progresso científico.

Vale lembrar que Alfred não criou a dinamite do zero, ele trabalhou sobre a descoberta de outro cientista, o médico e químico italiano Ascanio Sobrero, que em 1847 inventou a nitroglicerina (C₃H₅N₃O₉).

Sobrero chegou à substância ao misturar glicerina com uma combinação altamente corrosiva de ácido nítrico (HNO₃) e ácido sulfúrico (H₂SO₄). Seu objetivo, no entanto, não era desenvolver um explosivo de uso militar, mas sim estudar as propriedades químicas dos compostos nitrados, novidade no campo da química orgânica na época. Ao perceber a extrema instabilidade da substância, nunca tentou comercializá-la. Ainda assim, sua descoberta abriu caminho para transformações profundas na engenharia, na mineração e também nas guerras.

Nitroglicerina: o que é, para que serve, riscos - Mundo Educação

Foi somente em 1867 que Alfred Nobel, buscando um explosivo mais controlável após presenciar diversos acidentes fatais (incluindo um que vitimou seu irmão Emil em 1864), conseguiu estabilizar a nitroglicerina. Ele fez isso ao absorvê-la em uma substância porosa chamada kieselguhr (terra diatomácea), criando um material mais seguro para transporte e armazenamento: a dinamite.

A terra diatomácea é um material natural altamente poroso, formado por restos fossilizados de diatomáceas, algas unicelulares com carapaça de sílica (SiO₂). Na época, já era utilizada principalmente como filtrante (em bebidas como cerveja e vinho) e como isolante térmico em indústrias. Contudo, seu uso como absorvente para estabilizar explosivos foi uma inovação de Nobel.

Essa invenção surgiu com objetivos pacíficos, voltados à engenharia civil e mineração. No entanto, como sabemos, acabou sendo usada também para fins bélicos. A situação lembra, de certa forma, o que ocorreu em 1945 (quem não entendeu, dê uma pesquisada para descobrir do que estou falando – vamos treinar digitação de prompts no ChatGPT?)

Outro ponto importante é que, apesar da recomendação para não favorecer nacionalidades, os prêmios sempre refletiram desigualdades históricas. Durante décadas, a maioria dos laureados foram homens europeus, ligados a grandes instituições, enquanto mulheres, cientistas de países periféricos e minorias permaneciam excluídos. Ainda hoje, observa-se concentração de prêmios no chamado “Norte Global”, o que não se deve apenas a preconceito, mas também a desigualdades estruturais no acesso a financiamento, laboratórios e redes de pesquisa.

Além disso, durante boa parte do século XX, os prêmios foram concedidos quase sempre a uma ou duas pessoas, mesmo quando o trabalho resultava do esforço coletivo de equipes inteiras. Isso se deve ao testamento de Nobel, que limitava a premiação a “no máximo três pessoas” por categoria. Mas, com o avanço da ciência, tornou-se cada vez mais evidente que as descobertas dependiam de colaborações amplas. Isso levou, aos poucos, ao reconhecimento de grupos e instituições.

Por fim, gostaria de destacar especificamente o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2023, concedido a Katalin Karikó e Drew Weissman pelas descobertas que viabilizaram o uso de RNA mensageiro (mRNA) em vacinas contra a covid-19. Na época da pandemia, muito se debateu sobre a rapidez da liberação dessas vacinas. A comparação com o tempo tradicional de 10 a 15 anos para o desenvolvimento de imunizantes gerou desconfiança. A situação foi agravada pela disseminação de fake news, como teorias conspiratórias que diziam que a vacina alteraria o DNA ou que continha microchips. Entretanto, a tecnologia de mRNA já vinha sendo estudada há décadas.

Todas as nossas células (exceto óvulos e espermatozoides) contêm o DNA, material genético que guarda as instruções para as funções vitais. Mas o DNA não atua diretamente: ele envia suas instruções por meio de pequenas cópias chamadas RNA mensageiro (mRNA). Esse mRNA sai do núcleo celular e chega aos ribossomos, que “leem” sua sequência e produzem proteínas correspondentes. Esse mecanismo foi compreendido nos anos 1960 e, desde então, intensamente estudado.

Desde os anos 1990, Karikó e Weissman enfrentaram um dos dois principais obstáculos ao uso terapêutico do mRNA: o fato de causar fortes reações inflamatórias. Em 2005, eles publicaram trabalhos fundamentais mostrando como modificações químicas nas bases nucleotídicas reduziam essa resposta inflamatória, abrindo caminho para seu uso em vacinas.

O outro principal obstáculo era a fragilidade do mRNA, que foi superada graças ao trabalho de vários grupos, como o liderado pelo bioquímico canadense Pieter Cullis, que mostrou que “embrulhar” o mRNA em nanopartículas lipídicas protegia-o da degradação. Embora não tenha sido laureado com o Nobel, Cullis é amplamente reconhecido por sua contribuição.

O futuro da tecnologia de mRNA é promissor. Laboratórios já testam vacinas contra diferentes coronavírus, influenza, zika, chikungunya, dengue, malária e HIV. Além disso, pesquisas exploram vacinas contra câncer e até doenças autoimunes, ampliando as possibilidades terapêuticas. Viva a ciência para o bem da sociedade! Mas fica a reflexão: como em outras descobertas científicas, será que sempre usaremos esse poder apenas para o bem? (Teoria da conspiração, é você?)