Você já reparou que a maioria das caixas de ovos deixou de ser dúzia para dezena? Você já foi ao mercado e teve a sensação de que uma embalagem estava menor ou mais leve, mas não mais barata? Essas são práticas comuns no setor de alimentos e são conhecidas como reduflação.

 

Mas porque essa prática existe?

É muito normal observarmos essa prática em produtos embalados e quando há aumento nos custos de produção. Os fabricantes querem repassar seus custos, mas ficam com medo de aumentar os preços e perderem clientes. Ao reduzir as embalagens, a empresa consegue controlar seus custos, manter os lucros e passar o custo para o consumidor final.

Na verdade, existe um fundamento bem lógico nisso: os consumidores são mais sensíveis a mudanças nos números relacionados a preços do que aqueles nas embalagens. Se as cores, formas e design forem mantidos, nosso cérebro deixa passar outros pequenos detalhes — como o tamanho.

É importante destacar que não é ilegal reduzir o tamanho das embalagens ou seu conteúdo. Mas as empresas precisam seguir o Código de Defesa do Consumidor e deixar a mudança bem clara. Ainda assim passa desapercebido para muita gente.

E pode ser ainda pior. Se a empresa lançar uma nova embalagem menor e não tirar a anterior do mercado, ela nem precisa sinalizar a mudança. Algumas vezes o que acontece é que duas embalagens coexistem nas prateleiras por um tempo, mas a maior vai lentamente desaparecendo. Não deixa de ser uma maneira de driblar a lei, mas funciona (para eles).

Descrição da imagem: dois pacotes do mesmo biscoito sabor limão, sendo o segundo menor mas do mesmo preço.

 

E como isso impacta na nossa vida?

A reduflação é uma forma de inflação, isto é, de aumento de preços. Podemos estar pagando o mesmo no caixa, mas por menos quantidade. Isso é uma perda no seu poder de compra. É aquela sensação de que não se enche mais o carrinho (ou nem a cestinha) pelo mesmo valor de antes.

Além disso, o que nós compramos e levamos para casa acaba antes e temos que voltar ao mercado, o que nos faz gastar mais. Sem falar nos custos ambientais, já que produtos menores gastam mais embalagem e transporte.

 

E tem solução?

Infelizmente tem pouco que possamos fazer contra a reduflação em si, mas podemos ajustar algumas coisas no nosso cotidiano para aliviar seus efeitos.

Minha primeira sugestão é observar melhor seu consumo. Ao organizarmos melhor os gastos, enxergamos essas mudanças mais rápido e podemos nos adaptar melhor — fazendo ajustes e trocas conforme necessário.

E se você se sentir lesado por uma embalagem reduzida, você pode acionar o Procon. Atualmente a lei determina que as mudanças precisam ser visíveis e mantidas na embalagem por 3 meses. Mas há uma proposta de alteração nessa lei para que a mudança fique por 6 meses na embalagem — na esperança que mais gente perceba.

Infelizmente a reduflação é mais uma face do aumento de preços, o problema é que ela é mais difícil de observar do que o aumento direto de preços. Pelo menos quando vemos na etiqueta que o valor subiu, conseguimos ter clareza e tomarmos decisões mais assertivas. Mas, infelizmente, parece que a reduflação veio para ficar, então é melhor nos adaptarmos.