O ser humano sempre buscou formas de vencer a gravidade e se movimentar pelos ares. E quanto mais a fundo se aventurou, mais precisou conhecer sobre esse novo ambiente: a atmosfera. Dependendo das condições de tempo e da altitude, a nossa camada de ar planetária pode ser um ambiente bem hostil à vida. Assim, é fundamental o conhecimento teórico e prático das variáveis meteorológicas.

Os primeiros aviões dispunham de motores fracos, necessitam de mais de um plano de asas para gerar a força necessária para vencer a gravidade e sair do chão. Ainda nos dias atuais, o avião precisa percorrer uma extensão de pista para ganhar a velocidade necessária para obter essa força, chamada de sustentação. No entanto, em dias quentes ou lugares com grande altitude, o ar fica mais rarefeito, e o avião precisa de uma pista maior para decolar. Se o aeroporto não tem uma pista suficiente, o voo pode ser atrasado ou cancelado – até que o tempo fique mais frio ou que algumas pessoas/cargas saiam do avião.

E falando em ar rarefeito, devido ao fato das moléculas estarem mais distantes entre si, o avião enfrenta menos resistência ao avanço navegando em ar rarefeito. Sendo mais fácil de se locomover em um ambiente com menos obstáculos (sim, vááárias moléculas de ar formam um obstáculo), o avião voa mais rápido e gasta menos combustível. Como o ar fica cada vez mais rarefeito quanto maior a altitude, basta voar mais alto para aproveitar esses benefícios.

No entanto, voar mais alto implica em desenvolver equipamentos para funcionarem também nessa nova situação. Além disso, o piloto deveria voar com uma máscara para ter o suprimento de ar necessário, e todos os passageiros também. Uma alternativa é fazer o avião todo ficar com a mesma quantidade de ar que teria em uma altitude compatível com a respiração e funcionamento normal do organismo humano. Esse avião é conhecido como “avião de cabine pressurizada”.

Além do ar rarefeito, outra situação inóspita é o frio, que pode atingir dezenas de graus abaixo de zero. De modo geral, a temperatura diminui conforme aumenta a altitude – note que cidades de montanha são mais frias que as cidade litorâneas. Assim, esse é outro obstáculo a ser enfrentado em altitude.

Avião em procedimento de pouso sobre Florianópolis, saindo de um ambiente de ar rarefeito e frio para pressão atmosférica ao nível do mar (foto do autor)

Outra vantagem de voar em níveis mais altos é escapar de boa parte da turbulência, que é a movimentação aleatória de porções de ar que fazem o avião chacoalhar enquanto voa. Apesar de desagradável, o avião e sua tripulação estão preparados para enfrentar situações de turbulência, sendo seguro voar mesmo nessas condições. A turbulência pode surgir de várias formas, dentre elas o aquecimento diferencial da superfície terrestre e relevo acidentado.

Já aconteceram acidentes aéreos que, dentre uma de suas causas, estavam fenômenos meteorológicos. Fadiga de metal em ambiente com baixa pressão do ar, baixa temperatura, formação de gelo, granizo, nevoeiro, chuva forte e cinzas vulcânicas até hoje dão muita dor de cabeça a todos os envolvidos em promover um voo seguro – tripulantes, pessoal de solo, passageiros…

Após a investigação desses e outros acidentes, foi possível realizar correções nos métodos e tecnologias aeronáuticas para assim evitar novos acidentes. Dessa forma, a aviação vai ficando cada vez mais segura.