Essa semana, recebi um email dos queridos Debbie e Marcel cobrando a entrega do meu texto para o Portal. Só que a falta de criatividade pairava no ar há algumas semanas, fazendo com que, no final do prazo, ainda estivesse em busca de um assunto para destrinchar 😐 No dia seguinte, recebi outro email sobre um artigo que nem lembrava mais ter submetido (meu “sempre orientador” pira quando lê isso rs). Não bastasse, na semana anterior, tinha apresentado outro artigo relacionado à temática desse artigo “esquecido”. Então pensei: “Por que não sair um pouco de conteúdos de TI para falar sobre um domínio de aplicação dela?”. Assim, falaremos hoje sobre Gestão de Emergências 😊

Antes de entrar no assunto especificamente, é bom deixar claro que, neste contexto, diferentes termos são identificados, tais como: crise, emergência e desastre. Uma crise é um evento anormal, com altos riscos e intensas dificuldades, em que as habilidades das pessoas para gerenciarem atividades diminuem drasticamente. Já as emergências surgem da falha ao controlar uma crise, indicando um evento crítico e inesperado que requer atenção imediata para evitar consequências negativas. Por fim, as emergências podem terminar em desastres: um evento que causa disrupção social, excedendo a capacidade de dada comunidade para lidar com ele, além de demandar enorme esforço para restaurar a situação a um estado que pode ser controlado. Independente do termo adotado, chuvas, furacões, terremotos, epidemias etc., são lembranças constantes da natureza destrutiva/imprevisível de tais eventos e da importância de estudar o tema.

Depois do disclaimer de termos, vamos ao que interessa! A gestão de desastres é mais do que apenas uma resposta a um evento perigoso; é um processo sistemático que visa minimizar o impacto negativo e as consequências de eventos (que nem sempre podem ser prevenidos) sobre pessoas ou propriedades. Ela pode ser descrita como um processo cíclico composto por três fases: pré-desastre, que se inicia antes de um desastre; resposta, que começa quando uma situação perigosa surge e exige ação imediata; e pós-desastre, que começa quando o desastre é controlado. Importante ressaltar que uma fase não precisa ser concluída para que a próxima comece; várias fases podem ocorrer simultaneamente.

Ciclo da gestão de desastres

Durante a fase de pré-desastre, são definidas políticas e ações para reduzir a vulnerabilidade de uma população ou minimizar os efeitos adversos de emergências futuras. Para isso, é necessário realizar ações de mitigação e preparação. Na mitigação, a equipe envolvida prospecta ações de longo prazo para prevenir a ocorrência de desastres, incluindo a identificação de potenciais eventos perigosos, aquisição de equipamentos, obtenção de recursos financeiros, análise de vulnerabilidade etc. Já na preparação, a equipe envolvida planeja como dado desastre deve ser tratado, elaborando um plano que descreve normas e procedimentos que, se seguidos, levam o desastre evoluir para uma situação esperada, devolvendo o ambiente afetado a uma condição estável com perdas mínimas; identifica equipamentos, recursos e pessoal treinado que podem ser recrutados; e fornece um entendimento sobre porque os desastres ocorrem, onde têm maior probabilidade de gerarem maior impacto e qual deve ser a resposta adequada. Além disso, a preparação também conta treinamentos, que visam avaliar como os procedimentos, recursos e equipes respondem às situações imaginadas, possibilitando identificar a necessidade de mudanças no plano elaborado.

Durante a fase de resposta, a equipe envolvida realiza ações para reduzir os efeitos negativos causados pelo desastre. Primeiro, inicia-se em uma etapa de alerta, quando são implementadas ações preventivas para evitar que se chegue a algo mais impactante, tais como: coberturas de janelas em furacões, acionamento de sirenes em áreas de risco durante tempestades, interdição de estradas em caso de vendavais etc. A resposta é efetivamente iniciada quando um desastre é identificado, sendo necessário envolver diferentes pessoas e organizações que tomam decisões e executam ações com base no plano elaborado e no que está acontecendo durante a evolução do desastre.

Durante a fase de pós-desastre, a equipe envolvida visa devolver o ambiente afetado às condições que tinha antes do desastre ocorrer, sendo necessário executar ações de recuperação e replanejamento. Na recuperação, a equipe executa ações para reparar e reconstruir o que foi perdido durante o desastre, podendo levar semanas, meses ou até anos para ser concluído. Já no replanejamento, a equipe avalia as ações tomadas durante a fase de resposta, identificando pontos que precisam ser revisados para melhor atuarem em desastres futuros.

Porém, cabe salientar que, apesar da tentativa de sistematização da gestão de desastres, estamos lidando com eventos extremamente voláteis e que demandam constante adaptação das equipes envolvidas para lidarem com situações não planejadas, evoluções não previstas, e decisões e ações que podem não surtir os efeitos esperados. Assim, as TICs servem como aliadas ao apoio das ações, colaboração e decisões nesse contexto em que as pessoas precisam trabalhar em sintonia para lidarem com mudanças frequentes, sobrecarga de informações não confirmadas/incompletas/ imprecisas/conflitantes e resultados inesperados de decisões. Elas melhoram a resiliência das pessoas afetadas; facilitam ações de planejamento, resposta e recuperação; e ajudam a reduzir ou minimizar o impacto de consequências adversas.

E para finalizar, deixo uma pergunta: vocês já usaram alguma TIC voltada para gestão de desastres? Por conta das minhas pesquisas, já vi alguns sistemas que as equipes cariocas usam em suas ações. Mas, como cidadã, também assino o alerta via SMS da Defesa Civil do meu município, além de ser notificada via Twitter pelo Centro de Operações da cidade 😊

 

Para saber mais:

  • Haddow, G.; Bullock, J.; Coppola, D. Introduction to Emergency Management. 7th Edition. Butterworth-Heinemann, 2020.
  • Khan, H.; Vasilescu, L.; Khan, A. Disaster management cycle: A theoretical approach. Management and Marketing Journal, v. 6, n. 1, pp. 43-50, 2008.
  • Disaster Management. Course Manual, 2008. <http://www.col.org/SiteCollectionDocuments/Disaster_Management_version_1.0.pdf>
  • Waugh, W. Living with hazards, dealing with Disasters: An introduction to emergency management. Routledge, 2015.