O que você precisa para construir um acelerador de partículas?

Basicamente você precisa de um fenômeno extremo, onde as partículas nas imediações possam ser aceleradas a velocidades relativísticas e depois possam colidir com outras partículas, gerando assim novas partículas que são estudadas.

Será que no universo podemos encontrar fenômenos extremos assim?

Claro que sim, um desses fenômenos vocês já devem imaginar, que sejam os buracos negros supermassivos emitindo aqueles jatos na sua vizinhança.

Outro fenômeno que certamente pode ajudar nesse contexto é a colisão, ou fusão de aglomerados de galáxias.

E se pudéssemos observar os dois fenômenos de uma só vez, seria algo espetacular.

E foi isso que um grupo de astrônomos conseguiu, usando o Chandra, e mais um grande conjunto de telescópios espalhados pelo mundo.

Eles apontaram os instrumentos para dois aglomerados de galáxias em colisão, o Abell 3411 e o Abell 3412.

E o que eles observaram foi um festival de fenômenos. Primeiro conseguiram observar a erupção proveniente de buracos negros supermassivos, na verdade, erupções provenientes de 3 buracos negros supermassivos puderam ser identificadas.

Além disso, os astrônomos observaram as ondas de choque geradas pela fusão dos aglomerados de galáxias.

Quando os jatos emitidos pelos buracos negros a velocidades relativísticas encontram as ondas de choque das colisões temos então o nosso acelerador de partículas. Nesse caso ao invés de estudarmos as partículas geradas, o que se pode estudar são as estruturas geradas pela colisão, essas estruturas estão totalmente ligadas com a natureza dos buracos negros e com uma propriedade importante desses objetos, a sua rotação.

Mais uma vez, o universo nos mostra que pode ser o maior, mais seguro e mais preciso laboratório onde podemos entender os fenômenos mais extremos e mais misteriosos do cosmos.

Fonte:

http://chandra.harvard.edu/photo/2017/a3411/