Você pagaria um laboratório para editar os genes dos seus gametas, evitando que seu filho desenvolva uma doença terrível? E para garantir que ele tenha um QI alto, ou que não herde aquele nariz grande que é de família?

Não é tao simples como a ficção nos leva a crer (ainda). Cada aspecto depende de muitos fatores genéticos, e não são todos que podemos ou sabemos como manipular. No entanto, falando de doenças, em alguns casos já é possivel identificar e corrigir o problema, ainda na fase embrionária.

Ilustração de manipulação de duas fitas de DNA

Utilizando enzimas, é possivel editar o genoma, substituindo a parte defeituosa.

Com o avanço dessa tecnologia, surgem possibilidades que levantam questões éticas, preocupando cientistas e órgãos reguladores do mundo todo.

De quem é o direito sobre seus genes? Dos pais, ou do embrião sendo manipulado? Como defender quais traços devemos selecionar ou deletar? Existem limites para intervenções não médicas? Sem falar nas tentativas “falhas”, que acabam resultando em descarte de embriões.

Citação do filme Gattaca, sobre a discriminação genética

Eu pertenço a uma nova sub-classe, não mais determinada por status social ou pela cor da pele. Nós temos agora discriminação resumida a uma ciência.

Existe o receio de que grandes laboratórios patenteiem genes humanos, criando uma indústria da produção de seres humanos, podendo incentivar a eugenia genética. Países poderiam criar um exército de super-soldados.

Soldado bio-projetado, em episodio de Dr. Who.

“Eles são criados em encubadoras. Músculos clonados. Inteligência baixa. Força bruta. Exército instantâneo.”

Assombrados por essas questões, muitos países já estão se movimentando para criar diretrizes e normas de conduta que definam quando deve ser permitida a manipulação de genoma humano. Por exemplo, se comprovada a predisposição do embrião a desenvolver uma doença grave. E muitos ainda defendem a proibição de qualquer tipo de manipulação genética em humanos.

Na história da medicina, técnicas inovadoras sempre foram alvo de preconceito. Porém, pesquisadores concluem, “A aceitação pública pode mudar, conforme os benefícios para prevenção de doenças apareçam. Eventualmente, ao ir da pesquisa para as clínicas, a soma coletiva das decisões individuais pode constituir uma política de uso real [da manipulação genética em humanos.]”

Fonte: McGill University