Talvez você esteja lendo o título desse post e está tentando entender o que eu quero dizer. Bom, foi uma maneira de tentar fazer um clickbait, chamar sua atenção. Espero que tenha funcionado.

Nós usamos os satélites do sistema GPS diariamente de maneira automática, da mesma maneira que usamos a energia elétrica ou internet, quero dizer, a gente nem pensa muito na grandeza toda da coisa. Aplicativos como Google Maps e Waze são essenciais no dia a dia da maioria das pessoas e ambos usam esses queridos satélites que estão localizados em órbitas a 20 mil quilômetros de distância da Terra.

O GPS (Global Positioning System) é o GNSS (Global Navigation Satellite System) mais conhecido e mais utilizado. Digo isso porque existem outras constelações de satélites para fins de posicionamento e navegação. Na Europa há o Galileo, há também o Globalnaya navigatsionnaya sputnikovaya sistema (GLONASS) da Rússia e o Sistema de Navegação por Satélite BeiDou da China.

Desenvolvido pela US Airforce, o GPS (ou NAVSTAR-GPS) possui atualmente 31 satélites que dão duas voltas por dia ao redor da Terra. Quando nos localizamos usando nosso celular, precisamos acessar pelo menos 4 desses satélites para que tudo funcione. Não é difícil conseguir 4 satélites, porque geralmente tem pelo menos uns 5-10 disponíveis no céu.

Muitas vezes a localização de seu celular não funciona porque você está sem acesso à internet, a responsável por carregar os dados de mapas, correções diversas, dados de trânsito e outras informações. Ou seja, não é culpa dos satélites! Tanto que há uns 10 anos nós usávamos aqueles receptores de GPS pra carro (que eram bem caros, lembro que eu tinha um da Discovery) e um grande problema era que muitas vezes os mapas estavam desatualizados (ruas novas, alterações no sentido do trânsito).

Só que os satélites do GPS (ou outros GNSS) não são usados somente para navegação. Vamos imaginar uma antena de GPS de alta precisão, instalada em qualquer lugar da superfície da Terra (e existem várias). Essa antena pode detectar movimentos na escala de mm em todas as direções (x, y e z). Com isso, consigo detectar a ocorrência de movimentos na crosta terrestre.

Posso também instalar essas antenas ao longo de um vulcão e detectar deformações relacionadas aos movimentos internos do magma, o que ajuda a monitorar a atividade do vulcão.

Os sinais dos satélites do GPS atravessam a atmosfera e interagem com a ionosfera e com as demais camadas atmosféricas. Essa interação também pode nos ajudar a estudar e compreender alguns fenômenos atmosféricos.

Quando os sinais dos satélites GPS finalmente atingem a superfície, podem sofrer reflexões dependendo do tipo de superfície. Essas reflexões podem ser detectadas pelas antenas de alta precisão. Em outras palavras, além do sinal que chega diretamente do satélite para a antena, sinais que refletiram na superfície ao redor da antena também chegam até ela. Esses sinais refletidos são um problema quando estamos pensando em geolocalização. Porém, quando estudamos esses padrões de reflexão podemos estimar a quantidade de umidade do solo, parâmetro muito importante para a agricultura e gestão de recursos hídricos. Não é fantástico como algo que pode ser um problema para o objetivo principal do GPS pode ser uma solução para outros problemas?

Portanto, quando você estiver usando o Google Maps para encontrar aquela chácara daquela festa de casamento no meio do nada, saiba que o GPS também possui muitas outras aplicações que estão constantemente sendo aprimoradas pelos cientistas nas universidades.

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