Olá queridos leitores do Portal Deviante. Talvez alguns de vocês que também ouvem nossos podcasts devem ter ouvido o Spin de Notícias #1982, em que falo sobre o Mar de Aral e conto sobre as mudanças que a região vem enfrentando nas últimas décadas.

Hoje falarei sobre esse assunto em texto, mostrando imagens e recomendando alguns links. Venham comigo!

O Mar de Aral está localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, duas antigas repúblicas soviéticas. Ele vem sendo notícia nos últimos anos e talvez você já tenha visto imagens de embarcações encalhadas na areia bem distantes do nível da água, quando pesquisa sobre o Mar Aral. Usei uma dessas imagens para ilustrar e abrir o post.

O Mar de Aral fica localizado à leste do Mar Cáspio. Os dois corpos d’água (Mar Cáspio e Mar de Aral) são dois grandes lagos. Descrição da imagem: Mapa mostrando um pedacinho do Mar Negro (à esquerda). O Mar Cáspio está no Centro e o Mar Aral está do lado direito.

Esse mar é na verdade um grande lago que faz parte de uma bacia hidrográfica endorreica. Isso significa que todas as águas dessa bacia (água dos rios, da chuva e do escoamento superficial) vão parar nessa depressão, que é esse lago.

Durante o período da União Soviética, alguns rios importantes que desaguam no Mar de Aral tiveram seus cursos desviados para uso em irrigação (com destaque para a cultura do algodão) ou processos industriais. Além disso, o clima da região onde está o lago é árido, de modo que a evaporação é maior do que a precipitação.

Imagens divulgadas pela NASA, obtidas através do satélite Aqua nas últimas duas décadas e também de satélites lançados anteriormente, mostram o lago secando rapidamente. Hoje, o lago corresponde a menos de 10% de sua área original. Especialistas e a imprensa já falam no Mar de Aral no passado, ou seja, ele foi um mar.

A animação a seguir mostra uma sequência de imagens obtidas entre 2000 a 2013, apontando claramente a redução da área do Mar de Aral.

Essas imagens foram obtidas pelo MODIS, um instrumento científico a bordo dos satélites Aqua e Terra (NASA). Esse sensor capta 36 faixas do espectro eletromagnético, entre 0,4 µm a 14,4 µm. Dentro dessa faixa de comprimentos de onda, é possível estudar características das nuvens, temperatura da superfície, variações na vegetação e no curso de rios, dentre outras possibilidades científicas.

Como o clima das regiões ao redor do Mar de Aral varia entre árido e semi-árido, esse mar era uma espécie de oásis. Atividades de pesca, lazer e transporte eram amplamente realizadas. É também importante destacar que a água é um importante regulador climático, pois absorve e cede bastante calor. Com a diminuição da área do mar, já estão sendo registrados invernos e verões mais rigorosos no entorno do lago.

O que era o mar está se tornando um deserto com um solo de elevada salinidade e muito sujo, pois muitos dos rios que nele desaguavam estavam poluídos e esses materiais contaminantes ficaram retidos no solo. Agora, quando ocorre um vento forte na região, esses poluentes são lançados na atmosfera e prejudicam a saúde da população no entorno.

Alguns projetos de recuperação do lago ou de somente mitigação dos efeitos de seu desaparecimento estão em curso. Em algumas áreas estão plantando uma espécie de arbusto resistente às condições de seca extrema, para ajudar a reter o solo e evitar que as partículas poeira contaminada atinjam a população. Há também alguns projetos em curso para revitalizar e manter o que resta de água, que consiste em uma pequena área à oeste e alguns pequenos lagos ao norte do que era o grande Mar de Aral.

Muitos especialistas consideram o que aconteceu com o Mar de Aral como a maior tragédia ambiental das últimas décadas. Esse acontecimento é um importante alerta sobre o uso inconsequente da água. Observamos no Brasil que não se investe em saneamento básico e vários rios e córregos de pequenas e médias cidades seguem o destino terrível dos rios da cidade de São Paulo. Nesse curso vamos continuar destruindo rios, lagos e bacias hidrográficas inteiras.

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