Olá, amigos Deviantes desse mundo muito louco, bom dia, boa tarde ou boa noite. Espero que todos estejam bem! Acredito que o ano de 2022 será grandioso para todos.

Nesse texto eu gostaria de falar um pouco sobre as olimpíadas de matemática e a importância que podem trazer para o nosso país. Olimpíada logo remete a competição e medalhas, mas existe muito mais por trás desse senso comum.

Os alunos que participam transcendem os ensinos “tradicionais” da sala de aula e entram por uma porta para uma matemática lúdica e que pode ser aplicada em problemas reais.

Participar de olimpíadas exige que os alunos mostrem comprometimento e tornem o estudar em algo prazeroso e divertido. Se pensarmos em qualquer modalidade esportiva, podemos imaginar que o atleta está ali porque gosta, e não por pura obrigação.

A matemática é uma linguagem a ser utilizada por todas as ciências e transforma fenômenos naturais e conjecturas em números e fórmulas que descrevem perfeitamente o mundo em que vivemos. Ela não pode ser levada como uma matéria de puro caráter obrigatório, ela exige três componentes básicos: foco, raciocínio (ou capacidade de resolução de problemas) e perseverança, este último, também pode ser trabalhado como um capítulo à parte.

Poderíamos destrinchar a matemática e suas inumeráveis habilidades, mas a perseverança ou habilidade de resolução pode trazer uma experiência inacreditável para o aluno que a usa como aliada. Vivemos em um mundo imediatista, no qual o poder do “agora” se faz presente por toda a parte.

Como pai e professor, sei bem como é difícil fazer com que uma criança ou adolescente se concentre em um problema por mais de cinco minutos. Talvez esse seja mais um componente que torna a frase “A escola é um lugar chato” tão presente nos dias de hoje.

Sabemos que a sociedade é complexa e traz uma enxurrada de problemas para o nosso dia a dia. Talvez transformar a matemática como uma possível forma de ajuda pode fazer com que as pessoas comecem a olhar a matemática como uma chave que pode abrir o baú das soluções.

Sei que para resolver problemas do cotidiano, dificilmente utilizamos uma matemática fora no ensino fundamental (isso me baseando apenas na aritmética básica). Mas os problemas matemáticos, acabam dando um escopo e experiência para um raciocínio mais rápido e soluções que talvez demandem que o aluno saia um pouco do natural e pense em algo fora da caixinha.

Uma experiência interessante que um professor tem em sala de aula (vou me colocar como exemplo, mas acredito que muitos docentes já passaram) é quando o aluno consegue resolver um determinado exercício, ou sendo mais plural, quando vários alunos de uma mesma sala conseguem resolver exercícios de maneiras diferentes.

Passear por vários caminhos de resoluções acaba sedimentando ainda mais o raciocínio e a resolução de problemas (também é verdade que dá um trabalhão para corrigir, mas é prazeroso).

Infelizmente, muitos professores não valorizam soluções diferentes do esperado. Já fui testemunha disso quando um aluno chegou no resultado e foi “podado” pelo professor, pois não era o “correto”. Também já ouvi a frase: “Minha mãe me ensinou diferente”, como se houvesse apenas uma maneira de fazer uma divisão ou multiplicação.

Ás vezes precisamos nos esquecer do formalismo para voltar a base e tentar entender como as ideias foram concebidas. Imagine que o conceito de triângulo retângulo, o famoso teorema de Pitágoras, foi provado dezenas de vezes por Euclides (Os elementos) utilizando conceitos básicos de área, com compasso e régua.

 

 

Tentar entender de forma simples os conceitos básicos pode ajudar muito os alunos a trabalhar a matemática em sala como uma ferramenta que os ajudarão para toda a vida.

Gosto muito de uma frase do saudoso professor Elon Lages Lima em uma de suas palestras no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), na qual ele diz: “Quando eu era pequeno, as escolas ensinavam Latim, e era bem difícil de se aprender… como tudo que é difícil, foi deixada de lado e abandonado pelo currículo escolar… só não tiram a matemática porque ela é extremamente essencial no nosso mundo…”.

Voltando para o contexto olímpico, os alunos que aceitam o desafio, podem mostrar de fato que estão preparados e não têm medo de errar ou de ver problemas que de início podem parecer complexos, mas que podem ter (nem sempre) uma resolução simples e bela.

Em trigonometria ou em matemática financeira os cálculos acabam sendo das quatro operações básicas, o que demonstra uma falta de interpretação por trás do problema. Sabemos que muitos alunos têm uma falta de compreensão gigantesca e em muitos casos existe um abismo educacional gigantesco. Mas a leitura e compreensão é um pilar tão importante que por muitas vezes é possível resolver um problema matemático sem efetuar nenhum cálculo. Quando colocamos vontade, desafio e compreensão na mesma cesta, podemos dar o passo inicial para os desafios olímpicos.

 

 

Existem inúmeras olimpíadas e competições pelo Brasil inteiro, a mais famosa com certeza é a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que também é aberta para as escolas privadas), realizada pelo IMPA.

Hoje, com a tecnologia, podemos de fato ter uma preparação e descobrir uma comunidade incrível de pessoas que trabalham para fomentar ainda mais matemática pelo nosso Brasil.

O próprio site da OBMEP traz todas as provas com resoluções e um banco de questões gigantesco, todas separadas em níveis de conhecimento e assuntos. Inúmeros canais do Youtube se dedicam integralmente às olimpíadas, da mesma forma que canais grandes de professores de matemática trazem uma vez ou outra resoluções de questões dos mais variáveis níveis.

Os alunos podem ter autonomia para montar grupos de estudos através de salas virtuais para resoluções de problemas (um lado positivo da pandemia) ou até mesmo fóruns, além dos canais oficiais no próprio Youtube nos quais existe todo o “currículo” cobrado pelas olimpíadas.

As olimpíadas podem trazer grandes transformações de vida para aqueles que realizam ou se dedicam ao assunto, são inúmeros casos de crianças e adolescentes que ganharam bolsas de iniciação cientifica ou bolsas em grandes colégios.

Não é porque você se dedica à matemática que necessariamente precisará ser um matemático no futuro. Você poderá ser um grande cientista, profissional da área privada ou pública, ou até mesmo autônomo. O que permeia todo esse texto é a possibilidade de se utilizar uma ferramenta como as olimpíadas como incentivo para que pais, professores e principalmente os estudantes entendam que a matemática não é um bicho papão que existe apenas para atrapalhar os alunos em sua vida acadêmica, mas uma fonte riquíssima para desenvolvimento intelectual e humano.

 

Tiago Dias – Professor, pai, apaixonado por ciência, livros, quadrinhos, música e esportes americanos. Torcedor do Green Bay Packers (os verdadeiros Reis do norte) e torcendo para que o planeta não vire Krypton.

 

Saiba mais:

https://www.youtube.com/watch?v=sgiT4aylNGQ

https://www.youtube.com/watch?v=amfVEpNvSeA

https://www.youtube.com/user/OBMEPOficial

https://www.youtube.com/c/portalmatematicaobmep

http://www.obmep.org.br/

https://www.obm.org.br/

https://sbm.org.br/

https://impa.br/

 

Imagens:

https://m.folha.uol.com.br/educacao/2016/09/1811210-desempenho-do-ensino-medio-em-matematica-e-o-pior-desde-2005.shtml

http://www.obmep.org.br/

https://mtmeafins.wordpress.com/