De acordo com funcionários do Estado da Califórnia, menos alunos do jardim de infância tem deixado de se vacinar devido às crenças pessoais de seus pais. Essa mudança, embora discreta, sugere que uma lei estadual que proíbe pais de recusarem a ter seus filhos vacinados parece ter tido algum impacto no final de 2015, mesmo antes de se tornar efetiva.

Motivados por um recente surto de sarampo que ocorreu a partir de um Parque da Disney e que teve seu início rastreado até uma criança que não tinha sido vacinada por seus pais, o Estado da Califórnia elaborou uma lei que visa vetar a capacidade dos pais em recusar a vacinação baseados em suas crenças pessoais (ou em ignorância mesmo).  

Deixa eu ver se entendi direito: Você tem acesso a todos os tipos de vacinas e escolheu não deixar seus filhos serem vacinados?

Deixa eu ver se entendi direito: Você tem acesso a todos os tipos de vacinas e escolheu não deixar seus filhos serem vacinados?

Com argumentos baseados em liberdade individual religiosa, combate à suposto lucro por parte da indústria farmacêutica e até em interesse dos governos em esconder possíveis efeitos colaterais graves (sim, as teorias chegam a esse ponto), a filosofia dos  anti-vaxxers, comumente apoiados por celebridades, teve início em 1998, quando o médico britânico Andrew Wakefield publicou um artigo na revista médica “The Lancet”, ligando a vacina tríplice, que fornece proteção contra sarampo, rubéola e caxumba, a casos de autismo em crianças.

A polêmica foi combatida graças ao trabalho do jornalista investigativo Brian Deer, que mostrou que o médico  forjou boa parte dos dados da pesquisa, onde algumas das crianças nem autismo tinham. Wakefield , que possuía patente para uma nova vacina para sarampo que iria faturar milhões com a retirada da vacina tríplice,  teve sua licença cassada. Apesar da punição do médico e retratação do artigo publicado, até hoje argumentos pseudocientíficos são usados em favor da causa anti-vacinas, principalmente nos Estados Unidos, se fazendo necessária a intervenção do Estado para evitar o ressurgimento de epidemias já controladas.

Se o google fosse uma pessoa

Na Califórnia, mais de meio milhão de crianças frequentam o jardim de infância, público ou privado. A informação coletada durante o final de 2015  mostra que 92,9% das crianças receberam todas as vacinas necessárias. Esse valor supera os 90.4% em 2014 e 90,2% em 2013, de acordo com um relatório do Departamento de Saúde Pública da Califórnia. O projeto de lei foi assinado pelo governador Jerry Brown no dia 30 de junho de 2015. E, embora as escolas não precisem implementar a lei até 1 de Julho deste ano, a Califórnia já está vendo um declínio considerável no número de crianças não vacinadas.

Fonte: Wired