Quando os mensageiros chegaram, o rei já estava ciente da crise há uma semana, era o segundo dia que estava em reunião com o conselho interno, este que sempre foi formado pelos mais próximos ao rei.

— Como essas coisas aconteceram somente comigo? Meu pai e meu avô tiveram dias tranquilos, meu bisavô lidou com elfos insatisfeitos. Eu tenho uma guerra, os magos se matando, perdi uma vila, os sombrios andam pelo reino, agora um dragão! — disse o rei bem frustrado.

— Serei conhecido como o azarado — disse isso ao sentar e pegar sua primeira taça de vinho do dia.

— Ignore o problema, meu rei. Mande alguns novatos para região e comida por algum tempo, mostre um pouco de compaixão, a guerra já é uma boa justificativa — disse o duque de Astrid, senhor das terras férteis do noroeste.

— Sim, o dragão escolheu bem, uma região farta, terei um terço do reino passando fome até a próxima primavera, protestos, revoltas e execuções, além de um Duque com os bolsos ainda mais cheios de ouro, pois poderá subir os preços — falou o rei irritado fazendo o duque sentar envergonhado.

— Senhor, siga a minha ideia, irei solicitar que Sir Jefferson trate do assunto com os mercenários que caçam feras — falou Isaac Evans, mestre engenheiro.

— Tudo bem, Evans. Parece a melhor ideia desse conselho — decidiu o rei para satisfação do conselheiro e ciúmes de alguns outros.

Por dias, o dragão não foi mais visto, assim como o jovem paladino. As pessoas começaram a pensar que teria conseguido afugentar o monstro de alguma forma, já que achavam impossível que aquela fera fosse morta.

No dia anterior, um grupo de soldados com dez homens tinha chegado liderados por Sir Jefferson Bright, um velho capitão muito inteligente. Em seguida, um grupo de mercenários com 25 homens chegou com várias carroças, logo procuraram pelo velho capitão.

Sir Jefferson se apresentou ao prefeito e disse que iria assumir o problema do dragão em nome do rei, perguntou se outros homens estavam disponíveis para tentar resolver o problema. O chefe da guarda disse que estaria à disposição para ajudar com mais 20 homens e talvez alguns outros cidadãos raivosos, porém a criatura estava sumida há alguns dias quando um jovem paladino chegou à região.

O velho capitão perguntou sobre esse paladino, mas a descrição dele não o fez lembrar de ninguém relevante, não confiando na sorte do povo dali, ordenou que os mercenários se preparassem. Pediu para que os homens indicados pelo chefe da guarda fizessem patrulhas em busca do dragão ou por informações. Enquanto isso, seus homens observavam procurando a presença da criatura e outra parte ajudava os mercenários.

Na manhã do dia seguinte, estava frio de gelar os ossos, isso fazia o trabalho dos mercenários ser ainda mais lento. Todos, em Morris, viram uma grande sombra passar por cima deles, seguida de um grande vendaval. O dragão retornou e foi em direção às fazendas de Morgan. A criatura voltou em menos de meia hora, quem estava no centro da cidade pode escutá-la.

— Aqueles vermes foram embora, então vocês vão pagar por eles  disse o dragão irritado.

A besta esmeralda segurou o fôlego e soltou um jato de fogo no centro da cidade, destruindo tudo e todos ali. A fumaça ficaria bem alta e visível em Green e Morris, despertando medo e desespero sem eles saberem ainda que Morgan seria apenas cinzas em algumas horas.

No dia seguinte, a cidade de Morgan ainda queimava, o dragão atacou a noite inteira para garantir uma devastação total, algumas pessoas estavam tentando fugir. Havia uma fila formada por umas quinze carroças. Os mercenários tinham escondido seus maquinários a pedido de Sir Jefferson.

Quando o dragão apareceu perto do meio dia, atacou aqueles que tentavam fugir, colocando fogo na metade deles. Então pousou no centro da cidade de Green e falou com sua voz bestial.

— Criaturas, vocês tem até a próxima lua cheia para entregar aqueles que fizeram isso comigo!  berrou o dragão bastante irritado.

Todos ali, viram que o dragão estava cego do olho direito, algo acertou aquela região derretendo como metal e ficando preso sobre o olho do monstro.

— Não tentem fugir de mim!  disse o dragão que levantou voo, destruindo com a cauda um chafariz e uma estátua que ficavam no centro da praça.

Depois de dois dias, Morgan não queimava mais. Quem foi lá em busca de salvar algo, só viu escombros e cinzas. Sir Jefferson e Gustavo, que era o chefe da guarda, estavam tentando criar alguma estratégia para defender as cidades da fúria do monstro.

Dois senhores fazendeiros mandaram um grupo de três homens em busca dos Woods secretamente. Os dois tinham três ideias do que podiam fazer, mas queriam discutir com o líder dos mercenários. Foram em busca dele na taverna que ficava próxima da praça, quando viram uma figura de armadura completa da Ordem montada em um cavalo que deveria estar aposentado.

Depois de alguns minutos, Luca explicou que enfrentou o dragão para evitar que o monstro massacrasse os Woods, porém perdeu a consciência e acordou sob os cuidados deles que decidiram fugir daqui.

Luca olhava para o horizonte e ainda sentia a ligação com o seu mestre, muito fraca, mas ainda o sentia de alguma forma.

Quando escutou sobre o plano para deter o dragão, Luca pediu para ser a isca e todos concordaram que ele seria perfeito. A fera provavelmente perderia a razão quando o visse vivo e não iria prestar atenção ao redor.

Passado o prazo, depois de alguns dias, a criatura retornou, pousando no centro daquela mesma praça e estava extremamente irritada, pois percebeu quando descia que um grupo de bonecos tinham sido colocados ali perto.

— Criaturas, estou muito decepcionado. Eu acreditava que eram mais inteligentes, acham que poderiam me enganar!  falou enquanto andava pelo local impaciente.

— Zombam de mim!  berrou a criatura irritada.

Quando bateu uma das patas dianteiras com força, fez o chão tremer e algumas crianças chorarem, os cidadãos estavam escondidos dentro das casas.

— Essas tocas de pedras e árvores, não vão salvar vocês!  falava o dragão mais irritado.

— Eu acabei com aquele amontoado de vocês. Eu…  o dragão parou de falar quando sentiu algo.

— Não pode ser! Aquele não pode estar vivo!  disse o dragão saltando na direção de outra praça.

A criatura calculou mal e caiu desengonçada na entrada de uma praça menor derrubando duas casas no processo. No centro, um jovem paladino esperava energizando algo em desafio ao dragão que explodiu em fúria.

— Criatura, como ousa me desafiar outra vez! Eu…  o grande dragão falava em fúria cega ao dar dois passos fatais para frente.

O monstro esmeralda foi interrompido pelo som de sete mecanismos que atiravam flechas gigantes, eram as balistas montadas pelos mercenários. A maioria resvalou na pele intransponível dele, porém duas cravaram no olho saudável da criatura, que acabou morrendo instantaneamente.

O impacto daquele grande corpo sem vida no chão fez tremer as casas mais próximas em um raio de quase um quilômetro, era o fim de um dragão secular. Quando a notícia correu, ouvia-se o berro uníssono dos cidadãos e uma festa iria ser iniciada para durar por alguns dias.

Enquanto os festejos aconteciam, os mercenários arrastaram a carcaça até o penhasco oeste onde a criatura tinha se instalado por ordem do velho capitão. Foi um trabalho de quase dois dias até jogarem o corpo no mar. Apenas três troféus foram permitidos, três garras, a maior para o rei, uma para o próprio capitão e uma para o líder dos mercenários. Apesar de que os mercenários removeram algumas escamas sem serem notados.

Luca ficou em Green e Morris por quase quatro meses a fim de ajudar na reestruturação da cidade em nome da Ordem. O rei ficou extremamente contente, a história correu pelo fronte de batalha aumentando a moral das tropas na guerra. Sir Jefferson foi recebido como herói, foi aposentado de vez dos serviços e nomeado marquês das terras sudeste.

Nas mãos dos anões, as três garras viraram armas  que nunca perdiam o fio e cortavam tudo. O rei solicitou uma espada que fosse forjada com uma lâmina de cor negra esverdeada e empunhadura prateada, ela chamar-se-ia Terror Escarlate. Sir Jefferson forjou em seu castelo, com um anão mestre, uma lança chamada de Toque Dracônico. Já o líder dos mercenários fez uma adaga lindíssima que lembrava as cores das escamas daquele dragão, a Maldição de Morgan. 


Espaço do escritor

Eu tinha uma ideia do final desde o início (inspiração veio do GoT), porém queria que este evento deixasse uma marca no Luca, consegui fazer três péssimas lembranças para ele, talvez quatro. Vou usar isso em breve no futuro. Consegui colocar um pequeno texto com um pouco da política do reino.

Então veio a ideia de destruir uma das cidades, mostrar o dragão ainda mais ameaçador mostrando um pouco mais sobre o que pensa dos humanos. Depois foi o momento de descrever o fim do dragão e ainda aproveitei para criar novos itens lendários para serem usados no futuro distante.

Você pode ler a parte 1 desse texto aqui.