Durante a formação do nosso planeta houve diversos impactos de corpos rochosos. Estes impactos foram muito importante tanto para a formação, evolução e posteriormente para a sua dinâmica.

Atualmente existem 188 crateras identificadas na Terra, das quais 125 encontram-se preservadas. Existem diferentes tipos morfológicos de crateras, as crateras simples e as crateras complexas. Estas últimas são subdivididas em crateras com anéis, com pico central e elíptica.

Cratera Simples: Barringer EUA – Earth impact Database

Cratera Complexa com aneis: Bosumtwi Ghana – Earth impact Database (Dr. Carlos Roberto de Souza Filho)

Cratera complexa com pico central: Clearwater West – Quebec Canadá – Earth impact Database

Cratera Elíptica: Sudbury- Ontario Canada –  Earth impact Database

Há bilhões anos, em uma galáxia nada distante……..

Durante a formação do nosso sistema solar os materiais mais densos foram se concentrando mais ao centro, próximo a nossa estrela, o sol. O material mais gasoso foi ficando à margem.

Os materiais mais densos estavam próximos um dos outros proporcionando muitos choques nos planetas rochosos embriões. E desta forma adicionava mais massa aos planetoides aumentando o seu tamanho.

A relação entre as órbitas e a força gravitacional do planeta que o material está orbitando resulta no pacto deles entre eles ou em um loop infinito do objeto formando uma órbita ao redor do planeta. Mas também há outros fatores que podem influenciar na trajetória neste corpo, como um choque entre corpos.

O planeta Urano seria um exemplo interessante. Ele teve sua órbita mudada devido a um  forte choque em sua formação com outro planeta embrião, causando uma obliquidade de 98 graus. Porém esta hipótese ainda está em estudo, pois muitos questionam a inclinação de seus anéis e de seus satélites. Por isso várias simulações  estão sendo estudadas para chegar a um veredito.

Obliquidade dos planetas do sistema solar – Astronoo

Mas voltando o nosso umbigo….digo nosso planeta, rs.

Durante todo o processo de formação e ‘vida’ da Terra, houve, e ainda acontecem nos dias atuais, colisões com corpos extraterrestres. Cerca de 100 toneladas de material atingem o nosso planeta diariamente. A maior parte deste material entra na atmosfera com o tamanho variado, desde muito pequeno como  uma poeira microscópica até uma bola de golfe. Estes objetos, ao  atingirem a atmosfera, acabam atritando com as moléculas de ar e assim “queimam”  e produzem luz visível (mais notada a noite), as chamadas estrelas cadentes. Objetos maiores também atingem a Terra, com variação em seu tamanho e peso. Para que atinjam a superfície do planeta eles precisam ser grandes e sólidos o suficiente para resistir a passagem pela atmosfera. Os corpos que  atendem esta descrição são os fragmentos rochosos ou metálicos de asteroides.

Estrela Cadente: Observatório Municipal de Campinas

Asteroides são corpos rochosos que alguns dizem ser fragmentos de pequenos planetas, presentes na formação do nosso sistema, que não foram atraídos pelos planetas em formação. O tamanho de um asteroide abrange de dezenas de metros a dezenas de quilômetros e a maioria dos asteroides está localizada no cinturão de asteroides que fica entre os planetas Marte e Júpiter.

Os cometas são corpos rochosos, mas com grande quantidade de gelo e compostos voláteis em sua composição. A evaporação destes compostos ao longo de sua órbita cria a sua longa cauda brilhante. O tamanho de um cometa é de dezenas de quilômetros. Sua formação, para alguns, foi na parte mais fria do exterior do sistema solar. Até hoje só foram estudados dois tipos de cometas, os de curto período de órbita, com órbitas menores que 200 anos, e os de longo períodos, que levam milhares de anos para completar uma única órbita.

Cometa Halley 1910 – G1 – Observatório de Harvard

A craterização é um conjunto de processos resultantes a partir da colisão de um objeto extraterrestre (asteroide ou cometa) em velocidade supersônica contra a superfície terrestre. Em segundos ou minutos a pressão exercida é de até  de giga pascais (GPa). Após a colisão, ocorre uma sequência rápida de eventos que são separados em três estágios: estágio de contato e compressão, estágio de escavação e estágio de modificação.

O estágio de contato e compressão se inicia com o corpo ainda na atmosfera e finaliza com a destruição do mesmo. A pressão que o objeto exerce sobre as moléculas da atmosfera faz com elas – as moléculas – vibrem gerando energia cinética e energia térmica,  que são transferidas de molécula a molécula e assim se formam as ondas de choque. Ondas estas que entram em contato com a superfície planetária, empurram o material do alvo para fora, comprimindo e desacelerando para uma fração da velocidade inicial. Esta desaceleração dependerá da resistência do material alvo.

As frentes de choque se espalham pela superfície e também pelo corpo do projétil. A pressão medida ali são da ordem de giga pascal (GPa) provocando  uma energia gigantesca nas rochas causando uma vaporização ou uma fusão delas. A primeira camada de rocha sofre um derretimento, se comportando como um fluido. Todos os corpos rígidos são ligeiramente elásticos, isto ocorre devido às suas forças interatômicas. Conforme os corpos rígidos são submetidos a uma determinada pressão eles podem mudar suas dimensões. Estas mudanças sofrem devido às forças de tensão e deformação que atuam sobre este corpo. As forças de tensão e a deformação assumem dimensões diferentes em diferentes situações, podendo, em uma larga faixa de valores, assumir valores proporcionais. Quando a tensão ultrapassa o limite elástico, a deformação se torna permanente.

Na etapa de escavação há uma propagação da onda de choque em forma hemisférica, sendo  igualmente distribuída para todos os lados. Esta onda de choque abre a cratera por meio da movimentação dos  fragmentos de materiais rochosos, assim o diâmetro da cratera será de até dez vezes maior que o diâmetro do objeto original.É preciso levar em conta também a gravidade do planeta e a resistência do material alvo para a formação da cratera de impacto.  A velocidade do projétil terá influência na profundidade do impacto.

A  modificação é a etapa final que ocorre após a escavação da cratera, produzindo uma cratera transitória em forma de tigela que irá colapsar por ação da gravidade. Depois há o escorregamento dos detritos que foram lançados anteriormente, cobrindo a depressão em crateras pequenas e, em grandes crateras, formando terraços e picos centrais.

O processo de formação das crateras, tanto das simples como das complexas é quase igual. As crateras simples têm feição de tigela e se modificam rapidamente com o tempo, seu perfil é parabólico e sua profundidade é cerca de 1⁄5 de seu diâmetro.

As crateras complexas têm em sua estrutura um pico central e anéis ao seu redor que não ultrapassam a altura da crista. O seu interior é plano e possui a sua superfície recoberta por depósitos. Elas também possuem uma depressão aplainada e uma extensão vertical maiores, por isso são mais preservada.

Para a formação do pico central há duas hipótese. A primeira é resultado de soerguimento das rochas que estão  abaixo do alvo. Este soerguimento é caracterizado por uma deformação de caráter plástico, devido a alta pressão sofrida. A outra hipótese de formação do pico central é a formação do pico por meio da movimentação de massa dos materiais fragmentado da rocha.

O diâmetro das crateras complexas varia com o inverso da atração gravitacional do planeta onde está localizada.

Ao observar fotos ou paisagem, conseguimos identificar facilmente algumas crateras, como a cratera de Araguainha no Mato grosso do Sul, ou a cratera de colônia em São Paulo. Já outras são de difícil identificação como a cratera Eagle Butte no Canadá.

Cratera de Araguainha – Hypescience

 

Cratera de colônia São Paulo – Fapesp

Cratera Eagle Butte – Earth impact Database

Mas e agora……..

Depois de ler este texto não fique preocupado ou assustado com o próximo impacto de corpos extraterrestres que poderão acabar com a Terra como aconteceu com os dinossauros.

Imagem retirada da internet

Todos os dias somos atingidos por cerca de 100 toneladas de corpos extraterrestres, mas não percebemos porque os mesmos ou são destruídos pela atmosfera antes de chegar à superfície ou caem na água ou são parcialmente destruídos e ao chegarem no solo não causam grandes danos.

REFERÊNCIAS

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Gláucia Silva. Licenciada em Física, técnica em química e necrópsia, pós graduanda em psicopedagogia e pedagogia. Pesquisadora por hobby. Admiradora de expressões artísticas.  Apaixonada por ciências e por descobrir algo novo. E esperando ansiosamente a materialização da TARDIS.