Não é a falta de estrutura, mas a negativa familiar o principal motivo para que um órgão não seja doado no Brasil. De todas as mortes encefálicas e que, portanto, os órgãos poderiam ser transferidos para pacientes que correm risco de morte, pouco mais da metade se transforma em doação. O número é alto e cresceu de 41%, em 2012, para 47% em 2013, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Quando isso não é um assunto resolvido, cabe a uma equipe do hospital responsável pela captação de órgãos explicar à família que a morte encefálica já é a morte. Quando ela é decretada é porque ocorreu a parada definitiva e irreversível do cérebro e do tronco cerebral, o que provoca em poucos minutos a falência de todo o organismo.

A aula de hoje é solidariedade, medicina e esperança. Vamos falar sobre transplantes e sobre a emocionante história do nosso amado fotógrafo, Pablo Rigamonti, com a ajuda do Dr. Divago, Silmar, Bryan, Carol e Ronaldo.

Foto da Vitrine: Pablo Rigamonti.

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Comentado no Episódio:

Cinema:

  • O Monstro de Duas Cabeças (The Thing with Two Heads, 1972): um famoso e bem sucedido cirurgião médico, Maxwell Kirshner (Ray Milland), está doente terminal e vê num ousado plano de transplante de sua cabeça e cérebro brilhante para o corpo de outra pessoa como a única forma de manter a sobrevivência. Porém, extremamente racista, com a piora rápida de sua saúde, ele não imaginaria que a única opção disponível era um homem negro presidiário no corredor da morte e que alega inocência, Jack Moss (Rosey Grier). A ideia após o transplante é adaptar o corpo para a nova cabeça e depois eliminar a original. Divertida tranqueira com elementos de horror e ficção científica e um roteiro tão absurdo que seus realizadores tiveram que flertar com o humor em diversas situações para não ficar tão ridículo.
  • Repo Men: O Resgate de Órgãos (2010): o filme futurista acompanha um ex-soldado (Jude Law) reconstituído de órgãos artificiais que trabalha como um cobrador, chamado de Repomen. Caso o usuário do órgão não possa pagar, os Repomen são chamados para retomar a mercadoria. Os problemas dele se intensificam quando ele sofre um infarto e recebe um novo coração, mas não tem dinheiro para pagar o transplante e é perseguido pelo seu ex-parceiro (Forest Whitaker), também Repomen.
  • Frankenstein (1931): Henry Frankenstein (Colin Clive), um cientista louco, vagueia à noite pelo cemitério na companhia de Fritz (Dwight Frye), um anão corcunda que é seu assistente. Frankenstein procura mortos e costura partes de diversos cadáveres para fazer um único homem, mas para “dar” a vida a este ser monstruoso um cérebro é necessário. Assim, ele manda Fritz para o departamento médico de uma universidade próxima, onde o corcunda esquadrinha vários jarros nos quais foram mantidos cérebros vivos para estudos. Fritz seleciona um cérebro e está rumo à porta quando se assusta com um carrilhão, fazendo-o derrubar o jarro. Ele rapidamente pega outro, sem reparar que no rótulo está escrito “cérebro criminoso”. Frankenstein, desconhecendo o fato, coloca o cérebro em sua criatura e espera uma tempestade elétrica, que ele precisa para ativar a maquinaria que construiu para eletrificar o corpo da sua criatura.

Games:

  • Surgeon Simulator (2013): Surgeon Simulator 2013 é um jogo de simulação de operações cheio de exageros e humor negro. Nele, o jogador se torna Nigel Burke, um aspirante a cirurgião tomando a vida nas suas próprias mãos trêmulas, fazendo transplantes salvadores em pacientes passivos. São três no total: um de coração, outro de rins e o último, de cérebro. Apesar de ter simulador no nome, ele se encaixa bem melhor na categoria zuera. Os controles são difíceis de dominar, sua mão virtual é completamente desastrada, e provavelmente você matará muitos dos seus pacientes. Mas você dará muita risada da sua própria falta de habilidade, das situações cômicas que acabam acontecendo no meio do jogo, e dos achievements que o game propõe (como fazer o sinal da mão chifrada, por exemplo).

Literatura:

  • Cada segundo conta – A corrida pelo primeiro transplante de coração (Donald McRae): este livro conta a emocionante trajetória dos cirurgiões sobreviventes que participaram da tumultuada corrida para transplantar o primeiro coração humano e detalha a relação entre os quatro homens que lutaram para vencê-la. Ele não apenas conta a incrível história do médico sul-africano Christiaan Barnard – que, ao realizar a façanha, tornou-se uma celebridade internacional -, mas ilumina as carreiras de Adrian Kantrowitz, o primeiro a usar vários mecanismos, temporários e permanentes, que ajudam o coração a funcionar e que hoje são usados frequentemente, e dos mestres Richard Lower e Norman Shumway.
  • State Organs: Transplant Abuse in China (David Matas, Dr. Torsten Trey) (em inglês): os números de transplante de órgãos na China só perdem para os dos Estados Unidos. Diferente de todos os outros países, virtualmente todos os órgãos chineses para transplante vem de prisioneiros. Muitos desses são prisioneiros de consciência. A morte dos prisioneiros para obtenção de seus órgãos é uma brecha clara na ética médica mais básica. State Organs explora o envolvimento das instituições estatais neste abuso. O livro traz autores de quatro continentes que compartilham suas visões e percepções sobre as formas de combater essas violações. Além disso, procura informar ao leitor e espera influenciar a mudança na China para acabar com o abuso.