Atenção: Este áudio contém descrições fortes de violência e não é recomendado para menores de 18 anos.

Alteridade. Eis uma palavra tão importante, tão fundamental em nossas vidas e que é possível que você nunca tenha ouvido falar. Alteridade é o contrário de identidade, uma espécie de empatia coletiva, mas ainda mais poderosa. Quem eu sou, quem você é, quem todos somos é, sim, definido pelo que fazemos, pensamos; mas quem somos é definido principalmente pelo que NÃO somos, pelas nossas diferenças com todos os demais que nos rodeiam. O ser humano é um animal social e o indivíduo só é um indivíduo porque há todo um coletivo que pensa, age, vive de forma distinta a minha. A alteridade não é concordar com os outros, mas entender que se não há outros, somos todos uma coletividade amorfa. Se não há outros, morre a individualidade.

Falar em alteridade em música é conceitualmente errado, claro, mas o estilo barroco do compositor Georg Friedrich Händel trouxe à música erudita modulações dentro de uma mesma peça, dissonâncias no meio de consonâncias, complexidade para além da homogeneidade anterior. Handel viveu na virada do século XVII para o XVIII, momento em que a Europa já havia consolidado sua colonização nas Américas e, de lá, importava e adaptava o que lhe conviesse. Foi esse o caso da Sarabanda, dança de origem mexicana, influenciada por espanhóis e árabes e que inspirou música homônima do compositor anglo-alemão. E será esta obra multicultural de Händel, esta ode à alteridade, que embalará uma história que começa em tempo imemoriais e avançará até o século XX, no coração de uma desconhecida e pulsante África.

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Texto e Locução: Fernando Malta
Edição: Felipe Reis
Músicas: Water Music – Minuet (Händel); Sarabande (Händel); Baba Yetu (Cristopher Tin)
Arte da Vitrine: 
Pilha de Crânios em Ruanda após o Genocídio de 1994