Esta semana o presidente americano Donald Trump anunciou Jerome Powell como o próximo presidente do FED – o Banco Central americano. Com uma carreira em direito e política, Powell já servia no Board of Directors da instituição desde 2012, aconselhando nas diretrizes da política economia, dentre elas a política monetária dos EUA. Os especialistas e economistas entenderam como uma escolha acertada do presidente (quem diria!), por não promover uma ruptura brutal com a política atual conduzida por Janet Yellen, mas o principal motivo da felicidade dos mercados, em especial dos emergentes, é que Powell defende a manutenção da baixa taxa de juros americana enquanto a inflação de produtos e salários não pressionar os preços. E isso é um grande alívio (pelo menos imediato) no nosso bolso. Mas por que?

Por ser considerado o investimento de menor risco do mercado mundial, os títulos públicos americanos atraem um grande número de investidores que buscam em mercados emergentes (como o brasileiro) prêmios (ou também chamados de taxas de retorno) mais altas para compensar os riscos do mercado local. Com esta dinâmica global de investimentos, a taxa de juros determinada pelo FED acaba servindo como uma taxa básica global, pois todos os outros investimentos acabam tendo que oferecer retornos maiores para atrair investidores. E isso acaba tendo duas consequências diretas: a primeira é o lógica aumento dos juros mundiais, o que desacelera a economia e afeta diretamente o preços dos empréstimos e os resultados das bolsas ao redor do mundo.

A segunda consequência é menos óbvia, mas tem efeitos mais diretos: com os títulos americanos mais atraentes, há uma fuga de investidores que devem comprar dólar para sair do país e fazendo o câmbio disparar. Com isso, produtos importados (como o trigo do seu pãozinho) sobem, puxando a inflação rapidamente para cima. Isso leva a um aperto na política monetária, isso é, mais aumento de juros e reforçando as consequências que já falei aqui em cima.

A escolha de Powell congela, por enquanto, as expectativas sobre mudanças nas políticas americanas, já que a retomada da economia ainda é uma peça difícil de ler: os economistas ainda não conseguem precisar por que o crescimento constante do emprego não tem pressionado a inflação, e nem mesmo conseguem afirmar se haverá uma onda inflacionária ou se este é um crescimento sustentado a mais longo prazo. E por incrível que pareça, a escolha de Trump por um diretor mais constante ao invés de seguir seu instinto agitador, é um suspiro de alívio imediato para a economia americana e global.