“É noite, você está em seu quarto em frente ao espelho, terminando de dar aquele trato no visual. De repente, sua mãe não o nota lá dentro e desliga a lâmpada de seu quarto. Você ficar, por alguns instantes, no mais absoluto escuro e somente aos poucos começa a distinguir alguns contornos no ambiente, sua cama, violão, livros e, só agora, a sua própria silhueta no espelho…”

Você deve saber que leva algum tempo para seus olhos se adequarem a mudança na luminosidade, por isso você não enxergar nada por alguns instantes. O que houve com seus olhos?

Suas pupilas dilataram correto? Correto.

Por que isso ocorre?

Bem, nós só enxergamos o mundo a nossa volta pois nossos olhos captam a luz que é refletida pelos corpos. Contudo, em um ambiente com pouca luz o nosso corpo tende a se adequar a essa situação: dilata nossas pupilas e capta uma maior quantidade de luz, melhorando nossa capacidade de perceber o que está a nossa volta.

Agora, observe essas imagens a seguir:

Telescópio Refrator Pequeno

Telescópio Refletor Médio

 

Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT)

Esses três telescópios possuem desempenho beeem distinto! Dá pra observar bem, com um deles, a lua, os maiores planetas do sistema solar e um punhado de estrelas. Com o outro, já conseguimos enxergar detalhes de Saturno, Júpiter, Marte e muuuuuuitos objetos do céu profundo (aqueles que estão a anos luz de distância!), tais como galáxias, nebulosas e muitos aglomerados estelares. Por fim, um desses três telescópios é tão poderoso que nos permite estudar galáxias e outros objetos tão, tão, tão, tãããão distantes e antigos que boa parte daquilo que é observável no céu a olho nu – estrelas, galáxias, planetas, asteroides, etc – nem sonhava em existir.

Não é difícil correlacionar as descrições de cada um com sua respectiva imagem. Entretanto, caro leitor, você faz alguma ideia de qual seja o fator determinante para que esses telescópios possuam um poder de observação tãããããããão distinto?

(Atenção! Vale salientar que existem outros pontos que influenciam diretamente no desempenho de um telescópio, tais como a distância focal, o tipo de telescópio, poluição luminosa, qualidade das lentes e espelhos, etc).

Pense um pouco…aaaaaa e não me venha com alguma explicação do tipo “obvio, quanto maior mais potente!”. Existe uma característica deles que é primordial para seu desempenho.

Sempre que olhamos para o céu noturno, nós conseguimos ver um punhado de pontinhos brilhantes aqui, outros ali, mas uma absoluta escuridão envolve esse punhado de estrelinhas.

“Porque não há nada ali.” – você deve pensar.

Hahaaa, aí é que você se engana, meu caro amigo. Seja qual for a direção em que você esteja observando o céu, no seu campo de visão existem milhõõõõõõõões de estrelas.

Mas por que nós não conseguimos ver esse mar de estrelas no céu?

Bem, o número de estrelas e galáxias existentes no universo é muito grande. Contudo, a distância entre esses astros e nós é, da mesma maneira, monumental! Centenas de milhares de anos luz de distância separam-nos da Terra – distância suficiente para que a luz que foi emitida por esses astros se disperse pelo espaço na viagem até aqui e apenas uma minúscula fração dessa luz consegue chegar até nós. Essa luz é tão tão tão fraca que nós não temos a capacidade de enxergá-la sem o auxílio de algum equipamento, por isso não conseguimos observar nada além de uma grande mancha escura.

Se você já teve a chance de observar por um telescópio ou mesmo um binóculo você talvez tenha reparado que, em certas regiões do céu onde aparentemente não havia nada “magicamente”, surgiram alguns novos pontinhos brilhantes.

Verdadeeee, mas por qual motivo isso acontece?

Bem, telescópios e binóculos funcionam mais ou menos como pupilas gigantes… mas antes que vocês atirem pedras, deixa só eu explicar bem as coisas por aqui.

A pupila regula a entrada de luz nos nossos olhos: quanto mais dilatada, mais luz nossos olhos conseguem captar, como foi falado no início do texto. Isso nos ajuda a enxergar melhor em lugares com pouca luz. O contrario também acontece: quando entramos e um ambiente super iluminado nossas pupilas se retraem para reduzir a entrada dessa luz em nossos olhos.

Imagine, então, que você possui olhos gigantescos, com pupilas do mesmo diâmetro do telescópio branco (segunda foto). Se você já fez um exame de vista, entende bem que quando dilatamos a pupila, a claridade causa muito desconforto…como seria se tivéssemos pupilas com 20cm de diâmetro? 

Algo parecido com isso ai, com toda certeza haha, não iriamos suportar a quantidade de luz que estaria entrando por nossos olhos.

Voltando a astronomia…

Para que possamos enxergar corpos celestes muuuito distantes (e, consequentemente, muito apagados), precisamos captar uma maior fração da pouca luz emitida por eles. Como fazemos isso?

É exatamente como você está pensando! Aumentamos o tamanho dos nossos telescópios, mais precisamente seu diâmetro, pois “quanto mais aberta está a pupila mais luz conseguimos captar” ~ quanto maior a abertura de um telescópio, logo, mais luz ele é capaz de absorver e maior é a sua capacidade em observar astros mais apagados e distantes.

Legal não é mesmo?

Esquema de funcionamento de telescópio refletor.

 

OBS.: NUNCA NUNCA aponte seu telescópio diretamente para o sol. Aquilo que acontece na gif pode acontecer de verdade e não queremos isso. É SERIO ;)

Vou ficando por aqui galerinha, até a próxima. Abração!!!