Enquanto eu pensava nesse texto, só conseguia me lembrar dessa música do Ira! Porém, a cidade está pronta para nosso envelhecimento?

É muito discutido sobre o envelhecimento da população brasileira, inversão da pirâmide etária e as pautas relacionadas. O que não se conversa muito é se as cidades, seus equipamentos e infraestruturas estão preparados para essa população.

Então vamos lá. Por que isso é um tema relevante?

Ter acesso aos equipamentos urbanos de interesse é um item essencial para nossa qualidade de vida, certo? É preciso que você tenha acesso ao hospital, à padaria, ao parque, à praça, etc. Quando não podemos ir com facilidade a esses lugares que estão no nosso cotidiano, perdemos qualidade de vida.

Quando da aposentadoria, as pessoas tendem a mudar sua rotina e também o modo com que vivenciam a cidade. Pensar a mobilidade urbana para os idosos é pensar no modo de manter as atividades cotidianas desse grupo, sua autonomia e até permitir sua inclusão social.

Claro que existem os idosos que contam com seu meio de transporte particular para se deslocar por aí. Porém, em sua maioria, utilizam o transporte coletivo. Desse modo, as cidades devem se preparar para atender bem a esse público que é crescente e demanda atenção especial.

Existem algumas medidas que são adotadas e que fomentam a mobilidade desse grupo, como gratuidade de passagem para pessoas com mais de 65 anos. Também existem os assentos preferenciais, em Belo Horizonte, no mínimo 5% dos assentos de um ônibus devem ser destinados à pessoas preferenciais (idosos, gestantes, lactantes. pessoas acompanhadas por criança de colo e pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida). Claro que nem sempre, ou quase nunca, os assentos são respeitados.

Além disso, é preciso pensar na qualidade dos ônibus que estão circulando, na sua adaptação para atender com segurança pessoas com mobilidade reduzida.

Existe outro tipo de deslocamento também, que é aquele realizado a pé. As calçadas (pra você, mineiro como eu, os passeios) são completamente irregulares e destoantes umas das outras. Níveis diferente, calçamentos diferentes, buracos, postes, lixeiras… n variáveis que contribuem para essa situação.

Em alguns municípios existem leis que implementam a padronização das calçadas. Uma vez que, nas condições que as encontramos normalmente, as chances de acontecerem acidentes são muito altas. Falo com tranquilidade.

Outro aspecto importante para o planejamento urbano voltado à população idosa é a localização dos equipamentos públicos que tem esse grupo como principais usuários. Por exemplo, academias ao ar livre,centros de saúde, centros de cultura, entre outros.

Cada tipo de equipamento urbano que acessamos cotidianamente tem uma distância ideal, considerando sua frequência de utilização: Local, Vizinhança, Bairro e Centro da Cidade. Padaria, Sacolão e Açougue, que costumam ser utilizados com frequência, devem estar localizados no nível, até 1km de distância. Já centros de saúde, na vizinhança, até 2km.

Quando se conhece espacialmente a distribuição da população idosa, é possível alocar esses equipamentos públicos de modo que atendam essa localização ideal. Claro que considerando as condições de deslocamento dessa população para utilização dos equipamentos.

Nossa população urbana vem envelhecendo e é preciso pensar nesse grupo, como cada vez mais presente na realidade das cidades. É importante preservar a autonomia dos idosos e propiciar a eles (e ao nosso futuro) um envelhecimento ativo e saudável.

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