Caminharam por aquela passagem escura e curva, porém acreditavam que poderiam ser vistos no final, o local a frente parecia bem iluminado. Assim foram se aproximando com muito cuidado, não sabiam o que poderiam esperar das criaturas, e acabaram num grande salão com várias tochas ao redor. Neste lugar havia uma grande mesa com uma comida nojenta e escura, a direita um grande caldeirão que poderia ser usado para preparar aquilo, e um grande trono no fundo ornamentada por ossos de vários animais.

Quatro goblins estavam esperando pelo grupo, um enraivecido com uma ponta de flecha no seu ombro, sentia dor e mal podia mover aquele braço, mas com a outra mão segurava um punhal e não parava de ameaçar os invasores. Haviam outros três a frente deles, um se destacava dos outros, era quase da estatura do anão usava um tapa olho, vestia proteção de couro rígida além de estar armado com uma espada que lembrava uma gládio. Os outros dois não eram intimidadores pela estatura, mas tinham várias cicatrizes no rosto e no corpo, usavam espadas curtas também, eram goblins que tinham sobrevivido a diversos combates.

Todos ficaram se encarando por um tempo esperando um momento para atacar… Daniel quebrou o silêncio falando algumas palavras mágicas para lançar um encantamento, ficou envolto numa nuvem vermelha e dela surgiu um grande lobo branco com os olhos que brilhavam como dois rubis. Rapidamente o caçador disparou uma flecha certeira no pescoço do moribundo que tinha se aproximado perigosamente numa tentativa suicida de saciar seu ódio. O rastreador tomado pela raiva desafiou uma das criaturas cheias de cicatrizes, Alerin procura uma abertura para acertar o outro com ajuda do ladino, o lobo tinha escolhido sua presa e procurava atacar o chefe goblin.

O rastreador aproveitou a distração causa pela transformação do mago, e começou a desferir golpes violentamente contra o inimigo a sua frente que conseguia se livrar dos ataques com dificuldade, seguidos golpes de cima para baixo, de baixo para cima, o rastreador aproveitava o movimento dos ataques para não dar abertura para o goblin, chegou tão próximo da criatura que bateu com o cabo da espada no rosto dela, o goblin caiu no chão, o rastreador não teve piedade e cravou sua espada no coração.

Enquanto o rastreador descarregava sua raiva com golpes seguidos, Alerin sofria para escapar daqueles que eram desferidos contra ele, mas sua estrategia funcionava, pois todas vezes que se movia e golpeava fazia a criatura girar dando as costas para o ladino, mas quando este tentou golpear, foi surpreendido, pois o goblin sabia de sua presença e girou rapidamente para evitar o ataque do ladino, mas essa esquiva criou uma oportunidade para o anão que golpeou violentamente a lateral do joelho do seu adversário, uma pancada tão forte que fez a criatura cair sem espada no chão urrando de dor se tornando uma presa fácil.

O chefe goblin tentava acertar o lobo, o mago naquela forma era muito ágil, mas não encontrava uma oportunidade para atacar. Então o goblin escutou uma flecha zunindo em sua direção, a criatura era experiente e conseguiu se livrar, mas o lobo aproveitou a chance e cravou os dentes na coxa direita. Agora a criatura sentia uma dor terrível e mal podia se mover, o lobo o encarava com aqueles olhos brilhando, escutou novamente uma flecha zunindo, fez um movimento rápido para se livrar dela sentido ainda mais dor, então o lobo atacou pulando na direção da criatura tentando cravar os dentes no pescoço de seu adversário, o chefe goblin tinha previsto esse movimento e se posicionou para estocar o peito do lobo quando o animal estivesse no ar, fez um enorme esforço e cravou sua espada no alvo, porém para sua frustração, aquele lobo branco virou fumaça.

Bem atrás do chefe goblin estava Daniel na forma humana, tinha se aproveitado das distrações por causa das flechas do caçador para rapidamente criar uma estrategia mortal, então o mago cravou sua adaga mágica no pescoço do goblin antes que pudesse reagir. O chefe goblin tombou no mesmo momento que o ladino acabava com o outro goblin… Era o fim de um grupo de ladrões conhecidos entre goblins como os vassalos da lua cheia.

– Parabéns, senhores! Imaginava que nem todos conseguiriam, é uma pena pelo pobre rapaz – elogiou o ladino que olhava pela sala em busca de algo de valor.

– Concordo, não foi uma luta fácil, essa sua forma de lobo é incrível, Daniel. Essas coisas não esperam por isso – ria o anão procurando recuperar o folego.

– Preciso sentar um pouco… Essa luta tomou muita energia – falou o mago enquanto sentava numa cadeira procurando se recuperar.

Enquanto essa conversa acontecia, o rastreador retornou pela passagem ignorando aquele diálogo… Alerin vasculhava a sala junto com o ladino, o caçador recolhia as flechas que ainda poderiam ser úteis, o anão encontrou um baú em baixo do trono, mas antes de abrir, o ladino o deteve.

– Espere Alerin deixe me verificar isso primeiro – o ladino olhou cuidadosamente o baú – É uma armadilha! Eles não deixam algo assim tão a vista, está cheio de veneno, se abrir… Olhem! – colocou o baú no chão enquanto apontava para trás do trono.

O ladino moveu o trono, havia um pano grosso mal pintado que podia ser confundido com a rocha daquela sala, o pano escondia um buraco na parede onde um baú menor estava guardado, a tranca não seria um obstáculo para o ladino, mas precisaria de tempo para abrir aquilo.

– Rápido! Venham aqui! – chamava o rastreador aos berros – Encontrei outra passagem! Encontrei prisioneiros!

Rapidamente Alerin, John e Daniel se juntaram ao rastreador, o ladino seguia o grupo caminhando, já que tentava abrir aquele objeto.

– Vim preparar o corpo, e escutei vozes fracas pedindo socorro de uma passagem escondida atrás desse monte de pedras.

O grupo foi cauteloso quando chegou na outra passagem que era curta e mal iluminada, haviam suas jovens mulheres com correntes presas ao chão, notaram que ainda exista uma outra passagem muito escura do outro lado.

– Por favor, ajudem-nos! Estamos presas há uma semana, os goblins nos raptaram – a jovem chorava pedindo misericórdia.

– Alerin, seu martelo consegue quebrar as correntes? – perguntou o mago.

– Talvez, mas acredito que o sr. Walker possa abrir sem dificuldades – o anão falava do ladino que acabava de entrar na sala ainda tentando abrir aquele baú.

– Minhas lindas jovens, não temam! Seu salvador chegou! – falava o ladino enquanto deixava o baú com o caçador – Posso libertá-las num piscar de olhos!

O ladino segurou gentilmente a mão da moça, foram cinco cliques para tirar a suas correntes, ele ganhou um longo abraço da moça, mas foi Daniel quem a segurou, pois a pobre mal podia ficar em pé visivelmente debilitada. Depois foram mais dois cliques para retirar as correntes da outra mulher que retribuiu o favor com um longo beijo no rosto, o ladino tratou de segurá-la.

– Vamos embora! Vamos enterrar nosso companheiro e retirar essas garotas desse lugar horrível – dizia o ladino cheio de si tentando impressionar as moças.

Porém o restante do grupo estava sério, perceberam que estavam sendo vigiados. Dois olhos brilhantes observavam o grupo da outra passagem e agora solta um grunhido ameaçador que alertou o ladino. Saiu da escuridão uma criatura amaldiçoada famosa em todas as vilas, meio homem, meio lobo, a criatura ficou em cima de duas pernas, tinha quase três metros, e presas enormes, dois grandes olhos amarelos que brilhavam menos fora da escuridão, o pelo era um cinza escuro com alguns deles branco, era uma criatura cruel e ninguém imaginava como sair vivo daquela situação.

– Vão! – dizia Alerin apontando para a saída – Vou segurar esse monstro, retirem as moças daqui! – insistia com um grupo enquanto desafiava a besta com seu martelo.

– É maluquice! Você não tem chance contra aquilo! – gritava o mago não concordando.

– Vão! Vou segurá-lo! Saiam todos andem! – ordenava o anão com uma voz severa nunca tinha falado daquela maneira na frente do mago.

– Boa sorte, meu amigo! Seu sacrifício não será em vão, lembrarei de ti até o fim dos meus dias – prometia o ladino enquanto conduzia a jovem para fora daquele lugar.

Contra a sua vontade, o mago levou a garota para fora daquele lugar, estava esgotado por causa das outras lutas e estava ciente de que precisaria de toda a sua energia para tentar enganar aquela criatura, um combate corpo a corpo era impossível contra aquilo. Daniel foi retirado dali pelo caçador, antes de sair, viu a figura do anão com seu grande martelo de combate protegendo a saída contra uma enorme besta que rugida em fúria contra seu adversário.