E lá vem a Disney com mais uma história cheia de encanto e magia para todos os públicos. O Bom Gigante Amigo, que estreia nesta quinta-feira em todo o Brasil é mais nova produção fruto da parceria entre a casa do Mickey e o diretor Steven Spielberg, sobre a improvável amizade entre uma pequena órfã e um gigante de coração gentil.

Mas, afinal, o filme entrega tudo o que promete? Vamos descobrir.

P.S.: podem ler sem medo, desta vez temos zero spoilers.

Um novo mundo “maravisplêndido”

O Bom Gigante Amigo, ou O BGA (The BFG no original e não, não tem nada a ver com Doom) é uma das mais singelas obras do escritor britânico Roald Dahl (1916-1990), autor de diversas obras que ganharam versões para o cinema, desde Gremlins, seu primeiro livro (embora a versão para a telona seja uma adaptação muito, mas MUITO livre; no livro original as criaturinhas se aliam aos britânicos contra Hitler!); passando por James e O Pêssego Gigante, Matilda, O Fantástico Senhor Raposo, Convenção das Bruxas e talvez o seu compêndio mais conhecido, A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Só que para o próprio Dahl, O BGA era sua obra favorita.

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Nele somos apresentados à Sofia (Ruby Barnhill, que dá um show de interpretação incompatível com seus poucos 12 anos), uma menina que mora num orfanato e sofre de insônia. Em mais uma noite em claro ela tem a surpresa de sua vida ao flagrar um gigante de sete metros de altura (Mark Rylance, o Rudolf Abel de Ponte dos Espiões e que viverá James Haliday na adaptação de Jogador Nº 1, também dirigido por Spielberg) perambulando pelas ruas de Londres fazendo sabe-se lá o que.

Sem alternativas e com medo de ser delatado, o gigante rapta Sofia e a leva para sua casa na Terra dos Gigantes, um mundo místico diferente de tudo que a pequena órfã jamais testemunhou nos livros que devora em suas noites mal dormidas.

A história se desenrola a partir daí, com a pequena descobrindo os segredos daquele mundo e principalmente de seu novo e inesperado amigo, que nem de longe é tão ameaçador quanto seu tamanho sugere. O roteiro é leve e simples, mas a sequência de eventos segue um ritmo moroso, lento mesmo.

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O novo background ao qual Sofia (e o espectador) é apresentada é lindo e mágico, mas chega a ser monótono. O problema a ser resolvido não atinge proporções grandiosas o suficiente para exigir uma resolução definitiva, você é levado junto com Sofia para uma realidade lenta e bucólica, embora mágica.

É a atuação da estreante Barnhill que segura as pontas. A pequena Sofia é uma garota inteligente e obstinada, que várias vezes curva a vontade do BGA à sua resolução de querer fazer algo a respeito dos problemas que enfrentam. Mesmo que o grande plano, desfiado no terceiro ato chegue a ser absurdo de tão louco (se bem que, em se tratando das obras de Dahl, isso nem é uma surpresa), você acredita que tudo dará certo no final porque Sofia está certa disso. Sua determinação inabalável conquista todos à sua volta, mesmo a mais improvável das aliadas.

Os efeitos visuais, bem como a concepção do BGA, não são esplêndidos, mas competentes. Não espere por CGIs de última geração que produzem resultados realísticos impressionantes, o gigante é uma criatura fantástica “tão antiga quanto o próprio mundo” como ele mesmo diz, portanto há elementos no personagem que não podem e não devem ser totalmente realistas, até para manter o ar mágico. E magia é o que não falta no filme (não direi do que se trata, assista e comprove).

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Conclusão

O Bom Gigante Amigo é uma fábula divertida e cheia de sentimento, como uma boa produção da Disney deve ser. Embora a sequência de eventos do terceiro ato seja estranha e até boba, a excelente atuação da pequena Ruby Barnhill segura as pontas e não deixa a película criar uma barriga. Os efeitos visuais não são nada espetaculares, mas cumprem sua função.

Não vá ao cinema esperando um épico fantástico. Por outro lado, se você curtiu as adaptações anteriores das obras de Dahl para o cinema e/ou é fã do autor que completaria 100 anos em 2016, dê uma chance a O BGA. É um filme para toda a família e a criançada vai sair doida da sala, querendo visitar a Terra dos Gigantes.

Nota: 4 de 5 garrafas de frosbulhante.

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O Deviante assistiu à cabine d’O Bom Gigante Amigo a convite da Disney.