Esses dias, um panda chamou a atenção do mundo. Não fez coisas incríveis, só o que fazem de melhor, que é ser fofinho. O tal panda em questão não é um animal de verdade. Mas, uma usina solar chinesa, em forma de panda. De acordo com a empresa, o layout da usina tem como objetivo chamar atenção das crianças para energias limpas. Só que nessa história chamaram a atenção dos adultos também.

Essa estratégia de chamar atenção para energias limpas (ou renováveis) é parte da busca por aumento da utilização de energias renováveis. Tal demanda surge junto com as mudanças climáticas (o famigerado aquecimento global) relacionadas, principalmente, à queima de combustível fóssil (petróleo e gás natural). Não podemos esquecer da situação geopolítica e econômica que vem junto (e, inteiramente, de grátis) à produção e consumo do petróleo. Desse cenário surgem as fontes de energia renováveis!

Por que a procura por energia renovável e alternativa é interessante? A busca por autossuficiência energética é uma condição atual e muito importante geopoliticamente para um país, por motivos óbvios. Desse ponto, para evitar déficit de energia, ou até mesmo a dependência de uma única fonte energética, a diversificação da matriz energética é interessante.

Vamos dar nomes aos bois. Percebam que alguns conceitos são recorrentes para essa discussão. Matriz energética é um conceito que abrange as fontes de energia (combustíveis fósseis, energia hidrelétrica, energia solar, etc) e a quantidade de energia disponível. Quando falamos em expandir e diversificar a matriz energética, falamos em variar as fontes de energia com o objetivo de aumentar a quantidade de energia disponível para os usuários. Ou seja, quanto mais “vareia” menos risco se corre.

Outro trem (mineirês) importante é o conceito de energias renováveis (e de não renováveis).  A diferença entre as duas está na alteração daquele elemento que usamos como matéria prima, e na sua reposição para o meio.

Presstenção: Óh, uma fonte de energia renovável,  eólica, por exemplo.  O ciclo dos ventos/ massas de ar, não é alterado quando colocamos aerogeradores em seu caminho.  O vento passará pelo aerogerador, gerará energia e continuará seu caminho sem alterações. A formação dos ventos também não é alterada nesse processo.

Já o petróleo, por exemplo, é fruto de um ciclo geológico de bizilhares de anos (tempo exato, com certeza). Quando é extraído, a linda rocha sedimentar que o contém, é alterada.  Naquele lugar, não será gerado um novo petróleo. Ou seja, esse recurso foi esgotado. O processo de formação de um “novo petróleo” levará outros bizilhares de anos e não ocorrerá naquela mesma rocha, por exemplo.  

Então, para que seja possível gerar energia com menor impacto ambiental negativo, as fontes renováveis se apresentam como uma boa solução. E por que isso é importante?  Porque podemos gerar energia elétrica em usinas com formato de Panda. Fim.

Panda Power Plant em Datong. Fonte: CMNE (2017)

Quer dizer, por ter forma de panda e também porque são alternativas capazes de suprir a demanda energética de modo aliado à crise ambiental que vivenciamos.

Sendo assim, as energias renováveis são lindas, maravilhosas, perfeitas e sem problema nenhum? Não tanto. O custo de produção de energia renovável ainda é mais alto quando comparado à não renovável. E para não chegar ao consumidor final, seriam necessários incentivos governamentais.

Outro ponto que é preciso levantar são os impactos negativos que essas fontes também geram. Por exemplo, para os biocombustíveis, existe a preocupação do aumento de monoculturas (o que não é legal, não).

Outra coisa, olhando para o Brasil, 12,6% da nossa energia elétrica vem de hidrelétricas. Porém, algumas delas são grandes usinas, que geram grandes impactos. Tais como a necessidade de uma grande área alagada (que, para as mais antigas, a vegetação do reservatório não foi retirada. Ou seja, ela apodrece graças a água e libera gás carbônico) e a retirada da população residente na área do reservatório (procurem por Narradores de Javé).  

A situação da matriz energética do Brasil vem sofrendo alterações, em busca de priorizar as energias renováveis. Em 2016, 43,5% da energia do Brasil foi gerada através de fontes renováveis. Contra 41,2% em 2015.   

Para finalizar: nessa história, vários pontos devem ser analisados. Atualmente, as fontes alternativas e renováveis têm se apresentado como uma boa solução para a demanda de energia em associação com a crise ambiental que vivemos.

 

Agradecimentos à: Chris, Debbie Cabral, e Gabriel Toschi.

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Referências:

BERMANN, Célio. Crise ambiental e as energias renováveis. Ciência e Cultura. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Vol. 60, n3. São Paulo. 2008. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000300010

EPE – Empresa de Pesquisa Energética: Balanço Energético Nacional 2016 – Relatório Síntese, ano base 2015. Rio de Janeiro, RJ. Junho, 2016. Disponível em: http://www.cbdb.org.br/informe/img/63socios7.pdf

EPE – Empresa de Pesquisa Energética: Balanço Energético Nacional 2017 – Relatório Síntese, ano base 2016. Rio de Janeiro, RJ. Junho, 2017.  Disponível em: https://ben.epe.gov.br/downloads/S%c3%adntese%20do%20Relat%c3%b3rio%20Final_2017_Web.pdf

GOLDEMBERG, José; LUCON, Oswaldo. Energias Renováveis:  Um futuro sustentável. Revista USP, n72, p.6-15. São Paulo, 2006-2007. Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/revusp/article/viewFile/13564/15382

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Gabriela Avelino

Geógrafa, (quase) especialista em Geoprocessamento. Ocupa o cargo corporativo de Vice Trem do Sub Troço. É PhD em Mineiridades (ou trem de mineiro). Tem como hobby ouvir gente contar causo da vida.